Como seria o Sermão do Monte nos dias de hoje?
Adaptação feita do texto de Humberto de Campos (espirito), psicografado por Chico Xavier
O Sermão do Morro
Depois que a televisão e as redes sociais começaram a falar da Boa-Nova, todos os enfermos e derrotados de Corazim, Magdala, Betsaida, Dalmanuta e outras cidades importantes do lago, enchiam as ruas de Cafarnaum em grupos ansiosos.
Os seguidores de Jesus eram muito procurados por estarem em contato constantes com o mestre; Filipe era abordado por doentes, Pedro tinha a casa cercada por pessoas desalentadas e tristes.
Outro grupo de infelizes, num transito infernal, entre buzinas e aceleradas, procuravam Levi em sua rica casa pedindo detalhes sobre o Evangelho do reino para que pudessem também colaborar, e Levi, um intelectual em sua casa, descartou a ajuda dizendo que Lisandro era aleijado, Áquila foi abandonado pela própria família por serias acusações e Pafos não conseguiria edificar nada com suas aflições.
Somente assim eles cabisbaixos reconheceram suas penosas deficiências, mas as palavras de Jesus diziam que seu amor viera buscar todos que se encontrassem com tristeza e angustia no coração. Quando a van encostou em frente a casa de Levi, os visitantes, Jesus e André, desceram e se puseram em acalorada palestra com o coletor, mostrando detalhes no notebook, quando ingenuamente o coletor comentou o acontecido à alguns instantes.
Jesus, carinhosamente disse que precisamos amar e aceitar a preciosa colaboração dos vencidos do mundo, e se o Evangelho é a Boa-Nova, como há de ser a mensagem divina para eles, tristes e deserdados na imensa família humana?
Os vencedores, donos de fortunas, mansões, iates, jatinhos, não precisam de boas noticias, mas os derrotados ouvem mais alto a voz de Deus. Os vencedores só tem uma preocupação no mundo, defender o fruto de sua vitória material.
Levi envergonhado se desculpou dizendo que só queria apressar a supremacia do Evangelho entre os que governam o mundo, e Jesus disse que quem governa o mundo é Deus, e o amor não age com inquietação.
Jesus também mandou imaginar que se os poderosos viessem desejosos em aceitar o Evangelho, se oferecendo para cooperar com nosso esforço, certamente trariam muitos soldados, carros de triunfo, espadas e prisioneiros.
Começariam protestando contra nossas pregações pelas estradas, e por não estarem desarmados das vaidades das vitorias, edificariam suntuosos templos de concreto e com certeza disputariam a ferro e fogo o estabelecimento do reino de Deus, exterminando uns aos outros em seus pontos de vista.
A pretexto de lutarem em nome do Céu, espalhariam incêndios e devastações em toda terra, e seria justo trabalharmos por cumprir a vontade do nosso Pai, aniquilando nossos irmãos?
Jesus continuou dizendo que era imprescindível atentarmos para as almas brandas e humildes dos vencidos, e elas seriam a terra fecundada pelo adubo das lágrimas e das esperanças mais ardentes, onde as sementes do Evangelho desabrochariam para a luz da vida.
André e Levi escutavam de olhos úmidos as palavras de Jesus e chegando Tiago, João e Pedro, tomaram a van e partiram para o morro próximo.
Entre centenas de carros velhos, ônibus e motocicletas estacionados, vendedores de cachorro quente, pipoca e pastel, as pessoas aguardavam Jesus, velhinhos trêmulos, motoboys, lavradores simples e generosos, mulheres do povo com seus filhinhos, cegos, crianças doentes, leprosos e aleijados.
A voz de Jesus caia como um bálsamo eterno sobre os corações desditosos:
-Bem-aventurados os pobres e os aflitos!
-Bem-aventurados os sedentos de justiça e misericórdia!
-Bem-aventurados os pacíficos e os simples de coração!
Falou muito do reino de Deus, e suas promessas pareciam dirigidas ao incomensurável futuro humano, Levi sentiu e compreendeu os que abandonam as ilusões do mundo para se elevarem à Deus, e observou as filas dos humildes que fotografavam e tiravam selfies com o celular, e se retiravam tomados de imenso conforto, e os amigos que o visitaram à tarde desciam o morro abraçados com uma expressão de grande ventura.
No dia seguinte Levi abriu as portas a todos os convivas do dia anterior, e quando Jesus partiu o pão, Levi abraçou o aleijado Lisandro com sinceridade de sua alma fiel, e Jesus disse que o seu coração rejubilava com ele, porque são bem-aventurados todos que ouvem e compreendem a palavra de Deus!