quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

A Mão

Ele estava com a mão direita no bolso, a esquerda não cabia  porque estava engessada, e na verdade ele se sentia com a mão atada.
O editor tinha encomendado uma crônica sobre a mão, era mais uma das manias do editor, e ele simplesmente tinha apontado este tema por ver a mão do escritor quebrada e engessada. Era angustiante, poderia escrever uma crônica sobre um chefe de estado mão de ferro, mas talvez este assunto não fosse tão interessante nestes tempos modernos de democracia, hoje um chefe de estado assim estaria na contra mão da historia.
Ele olhava pela janela lá embaixo, uma rua estreita de mão única, seu velho carro comprado de segunda mão, e ele precisando tanto de uma ajuda, e ninguém lhe dava uma mão. Caso sua crônica fosse aceita, o pagamento viria a calhar, seria uma mão na roda, mas ele  não tinha uma opinião de terceiros sobre este trabalho, seu editor estava vendo-a em primeira mão.
Ele achava que não ia ser tão difícil, achava que seria bem sucedido, esta ideia o acompanhava há muitos anos, desde que aquela cigana  tinha lido sua mão e feito esta previsão.
Há! se fosse famoso, os editores iriam disputa -lo e comeriam em sua mão.  Lamentável, o editor saiu da sala com a crônica em uma mão e a outra mão no queixo, parecia desconcertado, na verdade recusou a crônica, e o motivo era bem simples, tinha encomendado uma crônica sobre a mão, e a sua não tinha nem pé, nem cabeça.

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