terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Sensibilidade no Paladar

O curso era de panificação e confeitaria, os alunos homens e mulheres todos jovens sedentos de conhecimento de uma área de maior interesse humano, tanto pela modernidade do tema como pelo simples prazer de comer bem.   Era um fim de aula, aquela hora que todos saboreavam os pratos confeccionados no aprendizado.
Também se aprendia a origem e a historia dos pratos, e as vezes um prato simples tinha muitas peculiaridades desconhecidas.
Uma aluna se deliciava com o biscoito de polvilho e o brioche, e exprimia até aquele huuummm da Ana Maria Braga, quando outros alunos começaram a debochar, afinal eles, conhecedores de diversos pratos finos europeus, orientais, ocidentais e inclusive nacionais, tinham que desprezar quitute tão simples e insignificante.
Ela não se importou, falou para eles que eles tinham que aprender a saborear, valorizar e conhecer os alimentos, por exemplo, alguém comeria uma feijoada ou um estrogonofe sem arroz branco? Alguém poderia comer um quibe sem espremer um limão?,  ou um carré de cordeiro sem um molho de hortelã?, feliz daquele que sabe apreciar um ovo cozido com um salzinho, e lembrem-se que Cristo na santa ceia partiu o pão, sem gergelim, sem recheio, sem uma costelinha ao molho barbecue.
Ainda frisou que veio fazer o curso para adquirir conhecimento, porque carnes suínas, bovinas, de aves, e cereais em geral, champanhe francesa, vodka russa, vinho português, ela conhecia e apreciava, mas o que todo mundo tinha de aprender apreciar era a água, e feliz de quem conseguisse, ai estava a verdadeira sensibilidade de paladar,a agua, um liquido inodoro, insipido e incolor.

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