sábado, 28 de dezembro de 2019

O Leque e o Celular

O metrô deslizava pelas estações e a jovem deslizava os dedos no celular percorrendo aplicativos, mandando mensagens e respondendo outras. Aquilo já tinha se tornado um vício, ela não largava o celular, se escondia atrás do aparelho como um fumante viciado se esconde atrás de uma cortina de fumaça.
Era um fingimento, era uma representação.  Às vezes seus olhos percorriam o ambiente e quando percebia que alguém estava olhando, ela displicentemente digitava algo se fazendo de muito distraída e informal.
Conseguiu sentar e agora acessando a Netflix começou assistir um filme de época, uma estória que se passava em 1720, muito interessante, hábitos e costumes de 300 anos atrás.
Como tudo era diferente!, mas algo lhe chamou a atenção, aquilo veio como um flash, um relampejo, era como ela se visse a si própria, como se revivesse lembranças do fundo de sua alma, uma sensação estranha, uma sensação gostosa mas que mexe com o íntimo.
A moça do filme abria o leque e se escondia atrás, deixando só aparecer os olhos, e ela se via a si própria em uma cena que tinha vivenciado quando iria conhecer o futuro marido, um marido que o pai escolheu, um bom partido que lhe daria um brilhante futuro.
Aquilo doeu na alma, ela não aceitava isso, estava tentando encontrar alguém usando um aplicativo de namoro que tinha baixado no celular, e era independente e livre, nunca aceitaria alguém lhe impondo algo.  
Agora observava a moça do filme que com o leque na mão fazia vários gestos, cada qual com um significado.  Mas ela se identificava com tudo aquilo, dava a impressão que tinha vivido naquela época, mas isso era ridículo, ela não acreditava em outras vidas.
E a jovem em extrema reflexão, totalmente em alfa, se assustou quando se viu se abanado com o celular.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Caixa de Sapatos

Quem compra um par de sapatos já sabe que ele vem dentro de uma caixa de papelão, e a caixa de papelão vem dentro de uma sacola com o nome da loja.  Quando a pessoa calça os sapatos, normalmente joga a caixa de papelão no lixo e a sacola também, algumas pessoas aproveitam a sacola para carregar outros objetos, e algumas usam a caixa de papelão para guardar objetos.
Então na caixa de papelão algumas pessoas guardam fotos, talões de cheques, jogos de dominó e baralho, bolas de árvore de natal,  cartas de antigos amores, carregadores de celular, documentos, e assim por diante.
O uso é infinito, ilimitado, e conforme passa o tempo, a caixa de papelão vai ficando velha, rota e amarela e vai mostrando seu tempo, vai fazendo sua caminhada na sua historia.  Talvez os sapatos já tenham se acabado, talvez já tenham ido para o lixo, mas a caixa de sapatos continua vivendo feliz e útil com seus passos lentos.

domingo, 15 de dezembro de 2019

Letícia, Prêmio Nobel de Literatura

Era noite de festa na televisão brasileira, seria uma entrevista em homenagem à grande escritora brasileira Letícia Nascimento Costa, a primeira brasileira a conquistar o Prêmio Nobel de Literatura.
Grandes nomes da literatura, como Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Cecília Meireles não tiveram esse privilégio, mas Letícia sobrepujou todas em talento e qualidade, e foi reconhecida mundialmente por isso.
Os holofotes iluminavam a grande estrela da noite, que com vários livros publicados, todos best sellers, mostrava que tinha vindo para ficar como simplesmente a maior, a top da literatura brasileira.
O público à aplaudia de pé, e depois da apresentação e da qualificação da homenageada, a apresentadora do evento perguntou para a homenageada à quem ela devia aquele sucesso, e a homenageada da noite com humildade, agora num silêncio sepulcral, afinal todos queriam ouvir suas palavras, disse que primeiro devia à Deus, e depois à sua mãe Marília, e antes que continuasse a falar, a voz de sua mãe a acordou dizendo que a vovó tinha feito um cuscuz maravilhoso e teriam que acelerar senão chegariam atrasadas no shopping center.
Então Letícia saiu daquele mundo encantado e voltou à realidade, mas estava feliz, estava ao lado de sua mãe, então lhe falou que mesmo que ela nunca fosse escritora, que nunca fosse famosa, que nunca ganhasse o Prêmio Nobel de Literatura, seria sempre feliz pela mãe que tinha, e tinha orgulho quando as pessoas falavam que ela se parecia muito com a mãe, era xerox e xeroquinho, mas não só isso, também tinha orgulho de ter uma mãe maravilhosa e de caráter em quem se espelhar e afirmou que faria de tudo para orgulhá-la e merecer todo seu amor.

E Agora José (22)

Toda virtude que se conquista é uma porta nova que se abre para um mundo melhor

Sou humano e vivo em sociedade onde posso aprender e me desenvolver, e também preciso me defender dos meus semelhantes que nem sempre pensam como eu. Nesta sociedade existem pessoas boas que me fazem o bem e pessoas de má índole que tentam me prejudicar e competem comigo no trabalho e em outras atividades.  Uma coisa é certa, cada ser humano pensa diferente e tem seus objetivos e ideais.
Eu com o aprendizado da vida, e na escola utilizando a ferramenta caderneta, tenho que saber encarar cada situação com entendimento e discernimento, e sei que é difícil me relacionar com pessoas que as vezes nem conheço, me defendendo e me protegendo com uma couraça de sabedoria, bondade e paz.
Assim, conforme vou percebendo meus erros e corrigindo-os, vou evoluindo nas virtudes e me sentindo mais forte, mais sereno e  consequentemente  mais  feliz, assim posso dizer que cada virtude que conquisto é uma porta que se abre para um mundo melhor e mais feliz.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

E Agora José? (21)

A verdade liberta e estimula para a redenção

Nasci em uma família católica, fui batizado na igreja católica, fiz o catecismo, fiz a primeira comunhão, casei na igreja católica, batizei minhas filhas, portanto não posso dizer que desconheço o evangelho, não posso dizer que sou um leigo na história de Jesus.
Na escola dos aprendizes do evangelho vim conhecer um Jesus diferente, um messias que era esperado há muitos anos, um messias que foi anunciado pelos profetas. Nunca antes tive a oportunidade de conhecer esse messias por essa lente do espiritismo, entender sua missão e pelos evangelhos que seus apóstolos deixaram, entender que sua vinda fazia parte de um grande plano, não de um acaso.  Tudo foi planejado em detalhes para que houvesse toda esta transformação no planeta.
Não menosprezo tantos outros espíritos de luz que trouxeram suas mensagens, que nos ajudam a viver melhor e entender o que o mestre  nos ensinou.  Mesmo que a ciência faça novas descobertas, o que acho impossível fazer sem que se confirme ainda mais a espiritualidade, mesmo que surjam novas teorias científicas, essa verdade de Jesus jamais será modificada, poderá sim ser cada vez mais fortalecida.
Assim eu concluo, que eu conheço a verdade, e essa verdade estimula a redenção, estimula a salvação.



sexta-feira, 18 de outubro de 2019

E Agora José ? (20)

Deus é a fonte do bem; o mal é criação dos homens

Todos nós cremos em Deus, alguns mais e outros menos, e até ateu eu já vi pedindo à Deus que lhe desse saúde para poder provar que Ele (Deus) não existe.
Eu estou  em outro estágio, além de crer em Deus, também sinto-o dentro da minha alma.  Observando as criações de Deus, compreendo seu poder e seu amor. Vendo os continentes, com toda sua fauna e flora, suas belezas e perfeições, os mares, rios e lagos, e todos os tipos de vida que temos no planeta posso imaginar a grandiosidade do criador.
Quando vejo um bebê recém-nascido com as dobrinhas nas mãozinhas, os dedinhos obedecendo a proporcionalidade, as impressões digitais únicas para cada ser humano, e as vezes nos primeiros dias de vida esboçando um sorriso, percebo que um pai e uma mãe pouco contribuíram para isso.
E nesse paraíso que Deus criou, Ele permite que os homens vivam e se evoluam, e os homens para atingirem seus objetivos se destroem, se  degladiam, roubam e matam.
Além de tudo também destroem seu meio ambiente, destroem os recursos naturais e poluem o habitat, causando tragédias e desequilibrando a natureza.
Assim eu vejo que Deus é a fonte da vida e do bem, e o homem é o causador de todos os males, mas podemos ter esperanças porque sabemos que o homem caminha para a luz, então é questão de tempo, mesmo que seja muito tempo.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Caravana 3

Agora já não era mais novidade, seria minha terceira caravana e eu já conhecia o ritmo, primeiro o passe no centro espírita, depois um delicioso café da manhã, depois a preparação para os trabalhos de evangelho no lar e a divisão dos participantes em 4 carros para nos dirigirmos ao local.
A primeira casa visitada foi da mãe de um adolescente autista, ele se distraindo no celular ouvindo música e a mãe esbanjando otimismo, e quando alguém observou que ela tinha muita luz, foi categórica em dizer que não gosta de três palavras: será, quem sabe e vou ver. Nosso dirigente endossou suas palavras e acrescentou que com ela era assim: falo e aconteço.  Foi feito o evangelho no lar e aconteceu as despedias marcando o próximo encontro.
Na segunda casa, ao chegarmos encontramos um bilhete do filho da moradora grudado na janela, que dizia: Bom dia meus irmãos! Sejam bem vindos, desde já, muito obrigado por estarem trazendo a palavra sempre com amor e sabedoria de Jesus Cristo. Gratíssimo. Mateus 10 versículo 16: Eu os estou enviando como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malicia como os pombos. Assinado: Carlos. Sua mãe com Alzheimer aos 92 anos, exibiu as unhas pintadas pelo filho e no fim do evangelho disse: tudo vai melhorar!
Na terceira casa, de uma senhora de 90 anos e sua filha professora de inglês, a senhora disse que quando nasceu, Deus deve tê-la embrulhada com plástico bolha, pois apesar dos tombos que já deu  nunca se quebrou, realmente era uma protegida. Também disse que estava com a pia da cozinha entupida há dias, e num momento de desespero e fé, pensou que se tivesse alguém ali, que pudesse ajuda-la, a ajudasse, e então num passe de mágica a pia fez aquele barulho característico de desobstrução e se desentupiu. Fizemos o evangelho no lar e partimos.
Na quarta casa, de uma senhora que mora numa borracharia, a encontramos bem melhor que da última vez, estava sorridente e confiante no futuro, só não quis falar do marido do qual havia se separado, mas estava sabendo que ele estava bem, informações da filha do casal.  Fizemos o evangelho no lar e fomos para a última casa.
Na última casa, que a outra equipe já fazia o evangelho no lar, e que da última visita estava descrente do centro que tinha deixado de frequentar, agora pediu o endereço do nosso centro e estava com um astral muito bom.
Voltamos para o centro espírita, tomamos passe e depois das considerações e observações do dia de trabalho, demos por encerrados os trabalhos do dia rendendo graças à Deus.

E Agora José ? (19)

Sem despreendimento dos mundos materiais não pode haver a ascensão espiritual

Este tema para reflexão talvez seja o mais difícil para mim até o momento.  Entendo que não posso dizer do mesmo na prática o que penso teóricamente, tenho que dizer o que sinto, e tenho que ser honesto comigo mesmo. Não vou dizer que imagino parar de trabalhar e ficar de braços cruzados, sei que vou continuar trabalhando, e não imagino abrir mão do dinheiro que ganho e dos bens que usufruo, conquistados com tanto sacrifício. Eu não posso pensar em estar na posição de algumas pessoas da época de Jesus, quando Jesus mandou vender tudo , distribuir o dinheiro para os pobres e depois segui-lo.  Estamos em outra época, e não acho errado eu trabalhar e ganhar um dinheiro que me dê mais conforto e segurança.  Então acredito que minha missão para que eu possa ascender espiritualmente, seria eu mensurar até que ponto posso abrir mão do dinheiro, até que ponto posso usá-lo me despreendendo dele.  Eu preciso de uma casa, eu preciso de segurança, eu preciso de conforto, de um  carro pra me locomover, eu preciso de um plano de saúde para me proteger, e a teoria me diz que não posso me apegar a isto. Este tema é o mais difícil até hoje, então concluindo, acho que posso ter dinheiro mas não posso ser escravo dele, posso ter dinheiro mas tenho o dever de fazer a caridade com ele, acho que não posso ser escravo do dinheiro, tenho que ser seu senhor e usá-lo sabiamente.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Caravana 2

Começamos tomando um delicioso café com pão de queijo e bolo, e depois tomamos o passe e em seguida fizemos a leitura do evangelho e o pedido de proteção da espiritualidade.
O pessoal participante foi dividido em 4 carros e pouco antes de chegarmos a primeira casa a ser visitada, encontramos um clima diferente, dois rapazes logo cedo fumando narguilé e ouvindo funk. Já dentro da casa, todos espremidinhos, percebemos a felicidade da mãe que adotou uma criança autista ainda bebê. E agora, já rapaz, muito inteligente por sinal, era capaz de calcular que dia da semana cai qualquer dia informado, e ele com o celular na mão assistindo futebol, afirmou que no ano 2022 quer um violão um pouco caro que ele pesquisou na internet, e disse também que quer dirigir um ônibus prata no de 2055. Fico pensando como a mãe do rapaz irá administrar essa situação, mas com certeza Deus a fará capaz para isso. Fizemos o evangelho no lar e partimos.  A equipe agora foi dividida em duas turmas, para podermos fazer mais casas.  Minha turma foi para a segunda casa que era de uma senhora que tinha uma apêndice para ser operada, a barriga estava muito grande, mas o grande problema era sua diabetes altíssima e a pressão também.  O médico adiou a cirurgia, e ela deu graças à Deus, e fez questão de comentar sua aversão ao bolo de chocolate que queriam presenteá-la em seu aniversário. Foi feito o evangelho no lar e a deixamos com uma expressão radiante e feliz apesar de no dia anterior sua glicemia ter chegado aos 450.
Na terceira casa, um rapaz veio atender a porta e disse que seus pais tinham ido na missa, e que ele iria em seguida, e nosso dirigente comentou conosco que talvez não fosse mais necessário visita-los, pois esta família já tinha encontrado seu caminho.  Partimos para a última casa, e o que estranhei foi que até aquele momento só tínhamos visitado casas humildes, e agora era uma bela casa de uma pessoa de um poder aquisitivo melhor.  Quando o dirigente tocou a campainha, no interfone uma moça informou que estava no banho e que demoraria alguns minutos para atender-nos, o que realmente aconteceu. Estranhei que ela não nos mandou entrar nem no quintal, teríamos que fazer o evangelho na calçada. Também foi informando que iria sair e tinha um pouco de pressa, e já foi dizendo que estava decepcionada com a religião, que era espirita e o dirigente do centro que frequentava vivia falando em política, o que a desagradou e fê-la ter deixado de frequentar esse centro.  Era uma pessoa culta e disse que fazia o evangelho no lar sozinha e rezava sempre também sozinha, comentou que não achava importante uma igreja porque Jesus não fez nenhuma igreja, só ensinou o evangelho.  Comentou também que tinha um cunhado cientista que era ateu, e era uma pessoa extremamente boa e ajudava todo mundo, então para ser bom não é necessário ter religião nenhuma.  O dirigente confirmou sua afirmação e dai o bate papo se transformou numa preleção que ela fazia, e esqueceu sua pressa e não queria nos deixar ir embora.
Fizemos o evangelho na calçada e quando saímos comentei com nosso dirigente que este mundo é muito pequeno mesmo, quando a moça se referiu ao cientista ateu, falava do meu irmão que é casado com a irmã dela, comentei que meu irmão quando da presente de natal para minhas filhas, da antes ou depois do natal porque para um ateu não existe natal, mas quando vai prestar algum concurso sempre pede para nossa mãe acender uma velhinha.
Só a reconheci quando ela reclamou de estar com dor na coluna e dar seu nome para ser colocado na caixinha de vibrações, e como não nos víamos desde o casamento do meu irmão há quinze anos atrás, acredito que ela também não tenha me reconhecido, assim constatamos que o destino nos reserva surpresas e caprichos.  Voltamos para o centro onde recebemos outro passe e agradecemos a espiritualidade termos tido sucesso no trabalho.
Realmente para todos sempre é uma experiência marcante e agradecemos a Deus a oportunidade de podermos tê-la vivenciado.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Humanices

Meu colega de trabalho me disse que desde que saiu de casa estava se sentindo sufocado, com um aperto no peito, e quando encontrou com outra colega, ela chamou-o de lado, pediu desculpas e o alertou que ele estava com o suéter de gola "V" vestido de forma invertida, a frente para trás.
Mas porque?, simplesmente por ele ter se vestido no quarto escuro.  Eu não posso falar nada, um dia fui trabalhar com um sapato de cada cor e fui logo percebido por um diretor que visitava a loja.  Isto porque o médico recomendou para eu nunca usar o mesmo sapato no dia seguinte, o ideal seria ter três pares e ir usando um após o outro para eles irem se secando. Eu tenho dois pares, um preto e um marrom, e também me visto no quarto escuro, então ai esta a explicação.
Mas isto é muito comum, um amigo meu que trabalhava na prefeitura nos anos 70 foi trabalhar com um tênis de cada cor, e ao ser observado pelos colegas e ser um tremendo gozador, justificou que agora era moda, que o Roberto Carlos que tinha lançado, e o que foi mais engraçado é que vários colegas seus no dia seguinte também vieram com tênis diferentes em cada pé.
Mas isto é normal, quem nunca fez uma humanice ao se vestir e foi perceber quando não tinha mais jeito de se arrumar?
Portanto digo a meu colega do suéter de gola "V" que fique tranquilo e sorte que não usamos mais cuecas samba canção, senão ele correria o risco de ir no médico com a espinha torta e o médico ao examiná-lo constatar que ele tinha abotoado o botão da camisa na casa do botão da cueca! 

sábado, 21 de setembro de 2019

E Agora José? (18)

O culto de um deus exterior é um retardamento evolutivo

O ser humano sempre sentiu necessidade de cultuar seu deus, e esse deus tinha que ser visualizado, tinha que ser concreto, tinha que ser de madeira, pedra ou de ouro como o que fizeram na época de Moisés, o que naquela época, por Moisés já foi considerado um retrocesso.
Hoje com a informação que temos, com os estudos que fazemos, usando puramente a razão, eu sei que não preciso e não posso cultuar um deus exterior.
Em São Mateus, cap. VI, v.5 a 8, os ensinamentos de Jesus diziam que quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas, que se comprazem em orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Mas quando quiserdes orar, entrai no vosso quarto e, estando fechada a porta, orai ao vosso Pai em segredo; e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, recompensar-vos-á.  Não afeteis orar muito em vossas preces como fazem os gentios, que pensam ser pela multidão de palavras que serão atendidos.  Não vos torneis, pois, semelhantes a eles, porque vosso Pai, sabe do que necessitais antes de o pedirdes.
E mais ainda, em São Marcos, cap. XI, v. 25, 26, Jesus ensinou que quando vos apresentardes para orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, a fim de que vosso Pai, que está nos céus, perdoe também os vossos pecados. Se vós não perdoais, vosso Pai que está nos céus, não vos perdoará também os vossos pecados. Assim, concluindo, tenho que conversar com o Deus que está no meu íntimo, esta centelha que me habita, mas meu coração também deve estar puro, tenho que perdoar quem me ofendeu para poder senti-Lo e eu ser ouvido.

E Agora José ? (17)

A finalidade da vida é a glorificação de Deus nas almas

Ás vezes me pergunto qual a finalidade desta nossa vida, vejo pessoas que se destacaram no mundo, como por exemplo: Cezar, Napoleão, etc, que tiveram muito poder, muitas riquezas, e quando morrem tudo deixam, tudo acaba, só restam lembranças, e as vezes más lembranças.  Faço a pergunta que muita gente, talvez toda a humanidade já fez: quem sou?, de onde eu vim? e para onde eu vou?. Já sei que estou num planeta em evolução, já sei que minha alma também está em evolução por diversas encarnações e ainda terei muitas mais, sei que esse processo não estaciona, sei que o homem da época de Moisés era bem diferente do de hoje, toda humanidade caminha  para melhor, inclusive eu, entendo as mudanças que o homem teve com os ensinamentos de Moisés, depois outra reviravolta com os ensinamentos de Jesus, e recentemente o advento da codificação do espiritismo. Portanto estou evoluindo meu espirito, e já sei qual é o objetivo: chegar o mais perto do criador.
Mas para que? , simplesmente para eu ser feliz.  Na minha jornada diária de 24 horas, o tempo que dedico à minha evolução espiritual é um mínimo de algumas horas por mês, e nesses pequenos momentos sinto muito prazer, muita felicidade e paz de espírito, esta paz não tem nada a ver com os prazeres que posso encontrar a qualquer hora nas drogas, nas bebidas ou no sexo, prazeres instantâneos que nos levam ao abismo de insatisfações.
O prazer que busco não é instantâneo, é completo, realizador e eterno.
Concluindo, o objetivo meu e de todo ser humano é chegar à Deus e ser feliz!

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

E Agora José? (16)

A paz  é uma conquista intima do espírito em prova

Eu sei que o mundo está em constante mutação, constante evolução, inclusive sei que meu espírito também esta em constante mutação, sempre progredindo, evoluindo. Para isso existem provas, obstáculos, que surgem para meu aprimoramento. Para eu conseguir essa evolução necessito de paz de espírito, necessito estar em paz comigo mesmo. Para eu atingir este objetivo, tenho que fazer tudo que me é possível, tudo que estiver ao meu alcance, de bem para meus semelhantes e para meu ambiente de vida, meu planeta.  Tenho que ajudar os necessitados, respeitar os semelhantes, cultivar hábitos saudáveis de vida, fazer o melhor que posso para contribuir na vida em sociedade, vigiar meus pensamentos e vibrar positivamente.
A paz é o contrário do medo e insegurança no futuro, quando tenho consciência do que é certo e errado e ajo errado, não posso por a cabeça no travesseiro e dormir em paz. Sei que novos problemas e obstáculos surgirão, fazem parte da vida e das provas que terei de passar, mas tendo feito tudo que é possível, minha consciência permite que eu tenha paz de espírito, e isto é uma conquista.

E Agora José (15)

O homem retarda, porém a lei o impulsiona

Muitas vezes na vida empurrei para frente algum problema para resolver depois, e quanto mais eu empurrava maior ficava este problema, parecendo um bicho de sete cabeças, então quando eu me via obrigado a enfrentá-lo via que não era tão difícil. Na vida material percebi que tudo se transforma, as pirâmides do Egito sofrem mutação devido as condições do tempo, se desgastam, se destroem, nada é eterno, até meu próprio corpo se renova, morrem células e nascem novas células, e do meu corpo de vinte anos atrás, pouca coisa tenho hoje.  A evolução espiritual também é assim, não posso estacionar, não posso regredir, só posso ir para frente me desenvolvendo sempre.  Ideias que eu tinha há anos atrás mudaram, a evolução espiritual e a maturidade me fizeram ver a vida por outro ângulo, e me fizeram mudar e sei que vou continuar mudando sempre.
É interessante que sempre que vejo uma foto antiga minha ou de outra pessoa, sempre estamos mais feios, e hoje apesar de estarmos mais velhos, estamos mais bonitos, mas a beleza que enxergo é a evolução espiritual.  Conforme amadureço, mesmo estando mais velho, me sinto mais feliz, mais realizado, e sei que isso é reflexo do meu espírito em evolução, e mesmo sabendo que tenho uma longa estrada pela frente, provavelmente muitas e muitas reencarnações, estou feliz porque sei que não tem como estacionar, estou sempre caminhando.

E Agora José (14)

O arrependimento é o primeiro passo para o pagamento das nossas dívidas

Eu posso pagar minhas dívidas de várias formas, posso reparar  meus erros pedindo perdão para quem magoei ou ofendi, prestar algum serviço para alguém como forma de me redimir do meu erro, e reparar meu erro se for possível ainda a reparação.
Mas para isso eu tenho que me arrepender, e para me arrepender, tenho que reconhecer onde errei, tenho que ter consciência que o que fiz foi errado, tenho que ter entendimento que o que fiz não foi correto e causei mal para alguém. Sei que quando me arrependo e reconheço meu erro, Deus em sua imensa bondade perdoa, mas não posso esquecer que a partir do momento que tenho consciência do que é um erro, eu não posso mais repeti-lo. Também tenho que saber que o que é erro para  os outros pode não ser para mim, por exemplo, algumas vezes sou obrigado a desagradar algum subordinado com um não, ele se sente magoado, ofendido, mas eu sei que aquela minha atitude foi a melhor para ele.  As vezes eu como pai tenho que ser duro com minhas filhas, deixá-las chateadas, magoadas, mas sei que estou fazendo o melhor para elas.  Então eu sei que tenho que tomar atitudes com  consciência, com honestidade, com justiça, e quando eu errar, tenho que reconhecer onde errei, porque errei, e não cometer mais esse erro, então tenho que me arrepender e eu sei que minha consciência perdoa e Deus também.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

E Agora José? (13)

O mundo desengana e justifica o pessimismo de muitos mas esse julgamento é uma visão imperfeita

Nesta vida passo por situações que não aceito, e não entendo porque tais coisas acontecem e a reação automática é me revoltar, não acreditar em Deus e achar que não vale a pena ser correto e honesto.  As vezes vejo pessoas que agem incorretamente estarem vivendo uma situação aparentemente melhor que a minha, e ai concluo que vale mais a lei do mais forte, de quem não mede consequências em písar nos próprios semelhantes para atingir seus objetivos na vida. A  medida que vou conhecendo os ensinamentos espíritas, cristãos, passo a ver a vida por outra lente e enxergar as coisas de uma forma diferente. Passo a compreender porque certas coisas acontecem e se não as entendo, pelo menos sei que aquilo tem algum motivo para acontecer. Sei que são consequências de atitudes minhas em outras vidas e nesta vida atual pedi para passar por isso para reparar meus erros e aprender algo. Mas além do conhecimento destes fatos, também tenho que ter fé e confiar inteiramente que existe um Deus que é pura bondade e amor, e nunca permitiria nada que me pudesse fazer mal. Pode até parecer que é para meu mal, mas é para meu bem!

domingo, 8 de setembro de 2019

E Agora José ? (12)

O sofrimento é um recurso do próprio espírito para evoluir
Quando nos encarnamos, sabemos que aqui viemos para aprimoramento do espírito, portanto é normal passarmos por sofrimentos para deles tirarmos um aprendizado e evoluirmos.
Acontecem situações e fatos que não compreendemos, e nos revoltamos, protestamos e quando conseguimos aceita-los nos resignamos e aprendemos alguma coisa pela dor e pelo sofrimento.
Estando mais preparados e tendo o pequeno conhecimento espírita que temos, muitas vezes também não entendemos o que esta acontecendo e fatos nos surpreendem a cada momento, mas ai não nos resignamos, e sim aceitamos sem revolta, sem protesto, sabendo que aquilo é necessário para nosso aprimoramento. Então cada tropeço é a certeza de desenvolvimento espiritual. O que as vezes nos fazia praguejar, agora engolimos e tentamos procurar o significado já sabendo que aquilo tem um significado.  Uma coisa é certa, de braços cruzados olhando para o horizonte nunca aprenderemos nada, na própria vida escolar é assim, começamos com 4 anos e estudamos até a faculdade, e em alguns casos, pós graduação, doutorado e especializações. Muito esforço, muita luta para o aprendizado e o aprendizado espiritual também á assim.  Sem esforço e sem sofrimento não conseguiremos a evolução.

E Agora José ? (11)

As dores sangram no corpo, mas acendem luzes na alma
Desde os cinco anos de idade acostumei ver meu pai alcoolizado, e minha mãe brigando com ele por causa disso, e só quem passou por isso sabe a insegurança que esta situação nos traz, fora a vergonha, o sofrimento.  Por outro lado isso me trouxe maturidade e acredito que me fez evoluir, crescer e aceitar as adversidades da vida.
E vejo que na vida é sempre assim, só o sofrimento e a dor nos fazem crescer, vemos países que passaram por guerras e destruição atingirem um grau de desenvolvimento surpreendente. Só quem faz a caminhada cansativa montanha acima pode sentir o sabor da conquista de ver a paisagem lá de cima. Na minha vida, quantas vezes no fim do dia deitei na cama e imaginei que poucas pessoas tinham uma cama tão gostosa como a minha, tão reconfortante!, mas sinto isso depois de uma jornada de trabalho de mais de 12 horas quase sempre de pé. Para que haja a evolução é necessário o sacrifício, a dor, e é necessário que passemos por isso para refletirmos, nos aprimorarmos e nos iluminarmos. Dando um exemplo meio materialista, na idade que estou, ainda tenho uma carga horária de trabalho muito longa, e consequentemente consigo realizar alguns sonhos, como poder comprar um carro novo, e minha satisfação de realização é tão grande, que de ansiedade perco o sono a noite. O trabalho é a dor, e perder o sono como uma criança feliz é iluminar a alma.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Reminiscências

Entrei no quintal da tia Neuraci, era assim que eu chamava uma amiga da minha mãe, e a encontrei limpando um bumbo de lata, um brinquedo cobiçado naquela época, somente mais tarde fui descobrir que era meu presente de aniversário.  Eu morava em Santa Albertina, interior de São Paulo e deveria estar fazendo uns quatro ou cinco anos, a cidade não tinha asfalto em nenhuma rua e em frente a sorveteria muitos palitos de picolé se misturavam à terra fofa.  Eu morava na rua principal, próximo da sorveteria, e nos fundos da minha casa ficava o  hospital do Dr. Joaquim, e me recordo de entrar lá duas vezes, uma vez para ver pela janelinha de vidro alguém conhecido que estava sendo operado das amígdalas ou da apêndice, não sei mesmo, e outra vez com algumas pessoas que estavam tirando do forro ninhos de pombas para fazer criação e para evitar barulho e praguinhas no hospital.  O Dr. Joaquim gostava muito de animais, uma vez trouxe um cateto, uma espécie de porco selvagem, e outra trouxe uma arara que conseguiu desfolhar uma árvore todinha.
Estávamos mais ou menos no ano de 1960 e como toda criança do interior aproveitava a chuva para brincar na enxurrada, e uma vez com a mão melada de doce de leite que minha mãe tinha feito com leite condensado, para rechear um bolo, peguei um filhote de pardal que caiu do ninho, até hoje lembro do mal cheiro que sentia nas mãos, e por falar em doce de leite, tinha uma vizinha nossa que fazia doce de leite num tacho para vender, e quando estava pronto pediu para eu buscar uma xícara em casa para ela me dar um pouco, e minha mãe na inocência me deu uma xícara sem asa.  Bastou eu pegar a xícara com doce quente que tive de largar, e a prova disso é que tenho uma cicatriz no pé até hoje, aliás no corredor que isso aconteceu, uma vez também eu estava brigando com um menino da minha idade, e quando eu ia andando de costas pisei numa garrafa quebrada, foi muito sangue, e eu e o menino fizemos as pazes na hora.
Meu pai fez para mim um carrinho de madeira com duas rodas puxado por uma varal, era minha diversão e eu vivia procurando uma forquilha perfeita para fazer um estilingue, e as vezes alguma novidade me chamava a atenção, por exemplo uns garotos que vinham da beira do rio Grande com um carrocinha puxada por cabras.  No rio Grande as vezes íamos e usávamos a praia duma ilha, que só dava para chegar de bote, e eu ouvia estórias de pessoas que por farra roubavam e afogavam porcos criados na ilha para comer.  Eram tempos tranquilos, os engraxates, na maioria moleques, arrumavam caixas de papelão e levavam na alfaiataria, os alfaiates usavam o papelão para abanar o ferro de passar roupa à carvão, e pagavam os moleques com tiras de tecido que eles usavam para dar lustro nos sapatos, naquela época era lustro, não brilho!
De vez em quando meu pai matava um porco, não da ilha lógico, e fazia morcelas e farinheiras, e a festa era grande, que para provar o tempero da farinheira, eles faziam a ferriada, uma espécie de panqueca com a massa. Tudo isso era perto do limoeiro de limão galego, tenho boas recordações quando meu pai trouxe uma cesta de vime de algum lugar, e eu a enchia de limões e saia para vender nos bares, sempre voltava com uns trocados no bolso. Meu  pai gostava de caçar, e para isso comprou uma charrete com um cavalo, então saíamos pelas estradas, uma vez ele matou uns pombos e alguém veio reclamar que era dono, ele mais que depressa pediu desculpas e pagou as aves abatidas, me recordo também do cheiro da madeira serrada na serraria, o cheiro, o barulho das máquinas e o cantar dos canarinhos em meio aquele barulho, o dono da serraria tinha muitas gaiolas penduradas no teto.
Os vizinho do outro lado da casa sempre montava um presépio no natal, e isso enchia meus olhos, principalmente o lago feito com um pedaço de espelho enterrado na areia do chão do presépio, areia tirada de um monte na calçada, e eu na inocência escondi uma bola de plástico na areia da calçada e nunca mais consegui encontra-la, provavelmente alguém a pegou.
Só fiz o primeiro ano primário na escola de Santa Albertina, e quando comecei a professora era uma substituta, da qual me afeiçoei, mas quando a professora efetiva voltou da licença, não tive dúvidas, fui chorando para casa.  Posteriormente essa mesma professora me elogiou por eu pronunciar os esses e erres direitinho.  Um dia na hora do recreio comprei um copo de leite, mas como o leite era muito quente e não amornaram como minha mãe fazia, queimei a língua e nunca mais quis. A cidade era animada, um vendedor ambulante, não sei porque até hoje acho que era turco, cortava o dedo com um canivete para mostrar como se usava o mercurocromo, um anti-séptico de uso tópico. Nas rádios tocava a música "Cincas do Passado", composição de Claudio Barros, (ouçam no google), e na quermesse da  igreja, no jogo que o coelho entra na casinha, eu ganhei um papagaio de gesso, então meus pais falaram que eu tinha muita sorte, e isso foi muito marcante, me influenciou a vida toda.  Uma prenda também muito usada no leilão era uma pomba dentro de uma caixa de sapatos, com um furo na tampa que permitia ela ficar com a cabeça para fora.
No caminho de Santa Albertina para Jales tinha o córrego das Araras, e um dia nós paramos para nos refrescar e eu sentado na água com minha irmã que era menor que eu, ela tombou e caiu e eu a levantei, salvei sua vida.  As vezes eu ia no sitio de uns compadres dos meus pais, e tinha de atravessar um brejo, com água correndo, lambaris e muitos pássaros cantando, acho que é por isso que eu gosto tanto de brejo e batizei minha chácara de "Brejo dos Cataventos", e saibam, lá no fundo da chácara tem um brejinho.  Nesse sitio tinha uma frondosa mangueira e na época da safra ficava muito carregada. Meu colega filho dos compadres dos meus pais falou para eu pegar mangas à vontade, mas não era para deixar seu avô ver porque ele ficaria bravo.  Seu avô ficava o dia todo sentado na varanda, já não andava mais. Recentemente perguntei para minha mãe qual era o problema de saúde dele, e ela respondeu que era igual ao dela, só que naquela época não se colocava prótese no joelho, e a nora dele reclamava que à noite ele não conseguia dormir e ficava batendo os dedos na cama, então como a casa era sem forro, ninguém dormia. Esse colega meu guardava embaixo da cama uma caixa de sapato com dinheiro do leite que vendia para futuramente comprar um violão, não lembro se comprou ou não.  Minha mãe fazia curau de milho do milho verde que ganhava de seus compadres, e quando oferecia para meu colega, percebia sua gulodice e estranhava porque o milho vinha da propriedade deles, demorou para minha mãe descobrir que não faziam o curau porque tinham que economizar o açúcar. E quando chegava o fim de ano, todos queriam o almanaque que a farmácia distribuía, com diversas curiosidades, horóscopo, simpatias  e propaganda de remédios, acho que quem imprimia os almanaques eram os laboratórios.
O primeiro álbum de figurinhas que tive foi "A Bela Adormecida", ainda visualizo os cromos e sinto o cheiro da tinta da impressão, todos trocavam figurinhas e disputavam as mais difíceis, eram crianças e adultos, viver é sonhar!  Quando ganhei um par de sapatos novos, não tive dúvidas, dormi com eles nos pés, ainda sinto-os no pés! A imagem é muito nítida.
Uns vizinhos japoneses apareceram de havaianas, adorei, e minha mãe compru um par para mim em Jales, e alguém deles cantava: "japoname, japoquite, Japocairú, dontoname, dontoquite, dontocairú", não sei o que isso significava.  Em Santa Albertina pedi para minha mãe um cigarro pela primeira vez na vida, nem ela fumava e nem meu pai, então ela mandou eu atravessar a rua e pedir um para um amigo português, aquele que eles se juntavam a noite para tomar vinho e comer azeitonas, assim me lembro de fumar, na verdade assoprar um cigarro em frente ao Banco Bamerindus, por isso acho que o vício do cigarro é um vício do espírito, não do corpo, e com certeza eu trazia esse vício de outra vida. O português  criava um porco no quintal, como todo mundo no interior fazia, e a lata da lavagem, que são os restos de comida, com seu cheiro azedo me é familiar e traz boas recordações.
Lembro com saudades do piso da varanda, de um tijolo branco quadrado, grande e poroso, que quando era lavado ficava muito fresco, e quando minha mãe passava a roupa eu perguntava se ela estava ferrando a roupa, e quando a luz acendia eu falava que lampiou.
Na véspera do natal, meu pai foi comigo no mato para cortar capim para as renas do papai noel. No dia de natal, ele levantou cedinho, recolheu os capins e colocou no lugar cocô de cabrito. Era prova de que papai noel tinha passado. Minha emoção foi muito grande, e não me lembro que presente ganhei naquele ano, mas nunca esqueci a brincadeira.
Um dia fui com minha mãe no açougue comprar carne, e o açougueiro sugeriu que minha mãe levasse costela de porco, e disse que era porque eu gostava muito, achei interessante, talvez eu nunca tivesse  tido consciência disso, mas é coisa certa, gosto mesmo!
Certa feita eu estava deitado no batente da porta da cozinha, quando uma mulher que veio do rio Grande e queira falar com minha mãe, deu um passo largo por cima sem pedir para eu sair. Eu na inocência de criança depois falei para minha mãe que a mulher estava sem calcinha, na verdade eu simplesmente não vi a calcinha. Criança não tem maldade mesmo, hoje me vejo como o personagem Zezé do livro "O meu pé de laranja lima", que para agradar seu pai cantou um verso de um  tango: "Eu quero uma mulher bem nua/Bem nua eu a quero ter.../De noite no clarão da lua/ eu quero o  corpo da mulher...",minha mãe não me bateu como o pai de Zezé, só achou minha observação engraçada.  Eu não tinha consciência também que tinha tantas lembranças dessa fase de minha vida, uma fase de um ano até os seis anos, não lembro de antes, nasci em Santa Rita D'oeste onde meu pai tinha uma venda na frente de casa, e quando nasci era feio e enrugado, mas mesmo assim meu pai me levou para os fregueses verem e então ganhei muitas galinhas, acho que é esse o motivo de eu ser apaixonado por essas aves domésticas.
Que Deus me dê forças para que eu continue sempre sendo uma criança, que perde o sono de emoção toda vez que compra um carro novo ou uma moto nova, e sempre saiba alimentar a esperança de uma vida cada vez mais feliz.

             "Nada posso fazer: Parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais"
                                                               Clarice Lispector

sábado, 27 de julho de 2019

Navegar é Preciso

Entramos no velho mundo por Lisboa, cidade menina, moça e mulher, cidade com vestígios de ocupação humana pelos neandertais extintos há cerca de 30.000 anos, foi visitada pelos fenícios em 1.200 a.C. e habitada pelos romanos, germanos e árabes, e somente em 1.147 o 1º rei de Portugal D. Afonso Henriques conquistou Lisboa expandindo-a para fora das muralhas.
Visitamos o Castelo de São Jorge construído para defender a cidade de invasões romanas, o Mosteiro dos Jeronimos de belíssima arquitetura e peças de museu valiosíssimas, o Arco da Rua Augusta construído para celebrar a reconstrução da cidade após o terremoto de 1.755 usando o ouro explorado no Brasil.  No "Metro", como eles chamam o Metrô, fiquei espantado de comprarmos o bilhete na máquina eletrônica e para embarcarmos foi necessário encostar o bilhete num totem que faz a leitura e descer as escadas para embarcar sem passar em catraca nenhuma e sem fiscalização alguma, onde uma pessoa de má fé poderia viajar sem pagar nada, mas cultura é cultura!, e para não descermos em estação errada ficávamos atentos na "Próxima Paragem" como era anunciado no alto-falante do "Metro". Fomos nas tabernas ouvir o fado saboreando o delicioso bacalhau e tomando vinho; Lisboa é uma cidade encantadora, com sua arquitetura, suas ladeiras, suas tabernas, seus bondinhos, realmente é sensual e pode ser chamada de cidade menina, moça e mulher. É bom lembrar o último verso da música de Carlos do Carmo:
Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
Visitamos a Torre de Belém construída no estuário do Rio Tejo, para defender a entrada de invasores em Lisboa. Em Belém saboreamos o tradicional Pastel de Belém, criado neste local, mas em outras cidades é chamado de Pastel de Nata, se você pedir um Pastel de Belém em outra cidade eles te corrigem!
Alugamos um Suv da Fiat, 1.3, diesel, cambio mecânico e o retiramos no aeroporto, onde uma placa dizia: "Levantamento de Viaturas", e indo para o norte fomos em Estoril, com casas muito lindas e ricas e uma praia muito pobre em relação as brasileiras, mas sabemos que as praias boas de Portugal estão em Algarves, onde não fomos, e logo após fomos em Cascais, uma praia mais bonita porém as águas estavam geladas para nossos padrões, apesar de vermos muitas excursões de escola com crianças a partir de 3 anos, brincando e se divertindo na água.
Indo para Sintra, passamos pelo pedágio, mas como tinha instalado um sem parar no carro, sempre tinha de utilizar a passagem escrita "Reservada a Aderentes" e nas mudanças de estradas passávamos pelas "Rotundas" que no Brasil chamamos de rotatórias.
Como minha filha Adriana fez nosso roteiro de viagem e as reservas das casas e apartamentos, ficou a cargo da outra filha, a Mariana, ser minha co-pilota, usando o Waze e o Google Maps e me indicando as direções a seguir, e tenho que registrar que em nenhum momento  nos perdemos.
Uma coisa muito comum em Portugal, são os varais de roupa do lado de fora das janelas dos apartamentos, então é comum vermos calcinhas expostas para quem passa na rua, mas não vemos fraldas secando, Portugal tem a quarta menor taxa de natalidade da Europa, portanto é raro vermos "bebés" como chamam os bebês lá.
Fomos visitar o Palácio Nacional da Pena, uma das principais expressões do romantismo arquitetônico do século XIX, e o Castelo dos Mouros construído nos séculos VIII e IX e me chamou a atenção a Porta da Traição, que é aquela passagem secreta que usavam para entrar ou sair do castelo em segredo, para fugir ou para entregar alguma mensagem. Mas o que mais gostei mesmo em Sintra, foi a Quinta da Regaleira, chácara no centro da cidade, com um belo palácio, uma lindíssima capela e com muita água correndo nas fontes e dois poços com escadarias ao lado, sendo que em um deles, o Iniciático, de 27 metros de profundidade, e com uma rosa dos ventos no chão, era usado para iniciações maçônicas ou rosacruzes, além de uma infinidade de túneis que ligam várias construções da quinta. Uma ´placa em Sintra me chamou a atenção "Estacionamento de Ligeiros Sujeito a Cobrança", sendo que Ligeiros são os carros pequenos.
Seguindo para o norte, chegamos em Óbidos, cidade medieval tomada dos mouros em 1.148 por D. Afonso Henriques, onde nos deliciamos com a famosa ginjinha, que provavelmente nasceu na Asia Menor, mas graças ao microclima de Óbidos encontrou a melhor qualidade em Portugal, além dos queijos de ovelha e cabra.
No  restaurante, quando terminamos o almoço, a garçonete perguntou;- "Posso levantar os pratos", e não víamos a hora de tomarmos a ginja. De Óbidos fomos para Fátima, bonito complexo regilioso no local onde os pastores Lucia, Francisco e Jacinta viram N.S. de Fátima, local de peregrinação de devotos do mundo todo, e próximo do local das aparições, uma placa comemorativa de 100 anos da aparição de N.S. de Fátima em Portugal, e 300 anos de devoção à N.S. Aparecida no Brasil.
E nós vamos subindo para nosso próximo destino, Batalha, cidade fundada por D. João I, juntamente com o mosteiro de Santa Maria da Vitória, em agradecimento ao auxilio divino pela vitória na batalha de Aljubarrota em 1.385. Em Batalha tivemos uma experiência engraçada, pegamos um taxi com um motorista de idade para irmos a um restaurante, e quando a Adriana perguntou se teria taxis na rua mais tarde quando voltaríamos, ele rudemente disse que não, então ela perguntou como poderia fazer, e ele rudemente respondeu que tinha que telefonar. No restaurante depois de comermos um delicioso leitão, a Adriana pediu para a gerente se poderia pedir um taxi, e ela em alguns minutos depois disse que não tinha mais, mas que ficássemos tranquilos que ela iria resolver o problema. Um garçom nos levou ao hotel com o carro da gerente. Lindo mosteiro, e como nosso apartamento ficava em frente, dormimos ouvindo cantos gregorianos de um evento que estava acontecendo naquele dia.
No dia seguinte, deixando a praça de Batalha com seus "chapéus de sol", que são guarda-sóis, partimos para Aveiro, a Veneza portuguesa, uma cidade com 41 km de canais que eram usados como estradas pelos barcos para transporte de mercadorias, e agora só são usados para transporte de turistas. Comemos peixe, o garçom trouxe uma bandeja de peixe crus  para nos mostrar, e nos confessou sua alegria de ver brasileiros, ele era carioca e vendeu seu restaurante no Rio de Janeiro por ter sido assaltado 15 vezes e agora morava num lugar seguro.  Passeamos de barco moliceiro, andamos pelo canais da cidade, e durante o passeio nossa guia debochava do capitão do barco e ele respondia a mesma altura os impropérios, tudo naturalmente combinado para divertir os turistas, e essa guia chama os canais de "Ria" por se tratar das águas do estuário do rio Vouga.
Agora era chegada a hora de irmos para a cidade do Porto, a cidade onde o centro mais se parece com São Paulo, e em algum lugar vi uma "Lomba redutora de velocidade", nome dado ao quebra-molas em Portugal.
No apartamento do Porto constatei que em Portugal todas as tomadas do banheiro, que é chamado de "Casa de Banho", ficam do lado de fora, então você imagina estar tomando banho e alguém de brincadeira ou sem querer apagar a luz, realmente não consegui entender esta lógica.
Na rua vi uma placa que dizia: "Pedir Uber só com Aplicação", e no Brasil usamos o termo "aplicativo". Numa praça resolvemos tomar um café, num barzinho com mesas também do lado de fora, de duas proprietárias de meia idade, gordinhas aparentando um casal. Quando a Mariana perguntou se elas só tinham café expresso, uma logo respondeu:- você entra aqui e não sabes o que queres?, quando minha filha explicou que queria um café preto e grande, então ela serviu. Nesse momento entra no bar um senhor aparentemente amigo delas, e vendo a mesa úmida, pediu um pano para seca-la. Uma delas pegou o pano e foi na mesa e secou-a, em seguida servindo uma xicara de leite para o senhor, e quando foi indagado se queria um pouco de café no leite, como ele negou então ela disse:-foda-se!
Andamos no funicular para descer à beira do rio Douro e andamos no teleférico para subir da cota baixa para a cota alta da Vila Nova de Gaia, visitamos as lojas que vendem vinho do Porto, e assistimos um show de musicas tradicionais ao ar livre. Visitamos a livraria Lelo, frequentada por J.K.Rowling escritora dos livros Harry Potter, onde ela disse ter se inspirado, que para entrar paga-se 5 euros que é dado como voucher, portanto para não perder esse dinheiro tive que gastar mais 3 euros e comprar um livro de Fernando Pessoa.
No porto a Adriana nos reservou uma surpresa, logo de manhã, depois do café, que em Portugal chamam de "Pequeno Almoço", uma van veio nos buscar para um passeio, iriamos primeiro na cidade de Peso-da-régua e depois na cidade de Pinho, ambas muito importantes no escoamento de vinho que se destina à cidade do Porto. Vimos os vinhedos na montanha, de uma beleza impressionante, se existe outras reencarnações, e eu acredito nisso, com certeza um dia vivi ali, tudo me era muito familiar e só de olhar as ruas das videiras me senti cansado.
Subimos o Douro no barco, o mesmo que antigamente era usado para o transporte das barricas de vinho, e depois fomos visitar a vinícola D'origem em Casal de Loivos, e vimos o museu com o equipamento de produção de uva e azeite, perguntei ao proprietário se ainda alguém pisava as uvas com os pés, e ele disse que sim, e afirmou que há quem diga que o vinho fique mais saboroso. Andando pelas estradas, nosso guia, Miguel, mostrou uma van e disse que aquela "carrinha" era da sua "equipa " também. Comentei que no Brasil chamávamos de Van, não de "carrinha", e "equipa" chamávamos de equipe. Então como vimos um caminhão ele perguntou se no Brasil também chamávamos de "Camião'. Falei que sim, e só posteriormente quando via um acidente noticiado na televisão, o locutor dizia que o transito estava condicionado pois um "camião" despistou-se em Condeixa-a-Nova, percebi que eles omitem as letras "nh". Miguel já esteve no Brasil, e adorou nossas comidas, disse que não entende porque em Portugal tem açai e não tem tapioca. Fomos na cidade de Sabrosa, onde tivemos um maravilhoso almoço com peixe regado a vinho embaixo de uma nogueira gigante, e depois degustamos vinho do Porto de 10, 20 e 30 anos. Quem quisesse o de 100 anos teria que pagar a parte, não tive esse capricho.
De volta ao Porto, na televisão vi uma noticia sobre a previdência social de Portugal, onde os usuários são chamados de "Utentes". Portugal é um país preparado para o turismo, em todas as casas e apartamentos que ficamos, os proprietários tinham mapas da região para nos mostrar e todos tinham extintor de incêndio, estojo de primeiros socorros e abafa chamas, percebi que era um padrão e que todos tinham recebido orientações para atender turistas.
Da cidade do Porto fomos para Coimbra, cidade famosa pela Universidade de Coimbra, uma das mais antigas do mundo, fundada no ano de 1.290, cuja escadaria tem 125 degraus, eu contei e confirmei no google. Fomos também numa Associação Cultural chamada "Fado Hilário", que defende om patrimônio musical de Coimbra, tendo sido Augusto Hilário da Costa Alves o primeiro  fadista português, e uma coisa que me chamou atenção é que até hoje o fado de Coimbra só é cantado por homens, com trajes acadêmicos, calças e batina pretas e também uma capa de lã preta.
Agora nosso destino me deixou tenso, emocionado, iriamos conhecer a aldeias do meu pai e da minha mãe. A aldeia do meu pai chamada Maxieira tem algumas casas boas mas para pedir informação é difícil encontrar alguém na rua. Perguntei para um senhor onde era a casa de minha tia Maria de Jesus, e para justificar minha pergunta falei que era sobrinho dela, filho de Manoel Hilário. O pobre do homem ficou emocionado, disse que era do ano do meu pai, e mesmo no Brasil eles trocavam correspondência. Já na aldeia de minha mãe, a Pracana Fundeira, com pouquíssimas casas em praticamente duas ruas, sendo que em uma das ruas as casas de pedra todas em ruina, da uma certa tristeza. Mas finalmente realizei esse desejo antigo de conhecer as aldeias do meu pai e da minha mãe, o que  também agradou muito minhas filhas e minha esposa que sendo baiana, tem raízes portuguesas. Fomos almoçar em Proença-a-Nova, onde comemos uma deliciosa costela de porco defumada e próximo do restaurante reparei numa placa que dizia "Gabinete de Beleza" e naturalmente é o que chamamos de Salão de Beleza"
Voltamos para Lisboa, estava chegando a triste hora de irmos embora, então fomos jantar no Laurentina, o rei do bacalhau, aliás em Portugal, economizamos muito não ficando em hotéis, usando casas ou apartamentos,  e investimos em alimentação, saboreando bacalhau, leitão, morcela, alheira, bolinho de bacalhau e bolinho de alheira, além do deliciosos pães com queijos de cabra, ovelha e misto, além do presunto cru português e naturalmente pastéis de Belém com ginjinha.
E quando embarcamos num voo da Tap e nos despedimos da comilança, a aeromoça perguntou se eu queria frango ou bacalhau, escolhi bacalhau apesar de saber que comida de avião ser mais um alimento do que uma iguaria, me surpreendi, e saboreei um delicioso  bacalhau em iscas, com pedacinhos de batata, espinafre e creme de leite, fechamos a viagem com chave de ouro.
Foi uma viagem maravilhosa, e termino esta crônica lembrando as palavras do Fellipe, amigo da Adriana, "Existe uma vida mais barata, mas não presta!"


quinta-feira, 13 de junho de 2019

Meu Rico Português

Ele entrou nervoso no avião e falou para o passageiro ao lado que não via a hora de sair do Brasil, que este país era Aldravão(1), e até para achar sua poltrona teve que perguntar para a Hospedeira(2) onde ficava. Sua estadia nesse país foi rápida, mas o suficiente para Enfrescar-se (3)  com tanta informação errada. Não é um país muito sujo não, os Almeidas(4) varrem as ruas, e no aeroporto a Casa de Banhos(5) é um brinco. Sua esposa começou a Estar com histórias(6) e foi comprar um Penso Higiênico(7) na farmácia, não era para ter acontecido na viagem, mas ela esqueceu de tomar uma Pica(8) no Rabo(9). O farmacêutico estava atendendo um Paneleiro(10) e uma Fufa(11), que deveriam ser amigos, e não era muito bom profissional, estava com uma Camisola(12) da seleção de futebol, mas ele foi paciente, esperou na Bicha(13) enquanto o farmacêutico alisava a Pêra(14). O paneleiro disse que jogava futebol, era Guarda-Redes(15), e qualquer Invisual(16) percebia que era mentira.  Ele falou para sua mulher que não tinha paciência, ia tomar uma Bica e comer um Cacete(17), e ele achava desagradável uma mulher escolhendo Cuecas(18) descartáveis a seu lado. Do outro lado um homem Marialva(19) ficava a observar, então ele disfarçou e comprou umas Pastilhas Elásticas(20), tinha terminado o tratamento no Estomatologista(21) e tinha mêdo  de estar com mau hálito. Falou que fez o tratamento no Brasil porque as Propinas(22) aqui são menores que na Europa. Também aproveitou para o seu Puto(23) fazer um curso com um Explicador(24). O Explicador tinha um Capachinho(25) preto muito ridículo, mas quando soube que ele era português, falou que sabia cozinhar comidas portuguesas, principalmente um Punheta(26), e resumindo, só  uma coisa ele gostou do Brasil, aqui todo mundo os conheciam, e em todos os lugares que iam, eram chamados de seu Manuel e dona Maria.

Dicionário Português
1-Aldravão-Mentiroso  2-Hospedeira-Comissária de Bordo   3-Enfrescar-se-Ficar Bêbado 4-Almeidas-Garis   5- Casa de Banhos-Banheiro   6-Estar com Histórias-Ficar Menstruada  7-Penso Higiênico-Absorvente Higiênico  8-Pica-Injeção  9-Rabo-Nádegas  10-Paneleiro-Homossexual  11-Fufas-Sapatão  12- Camisola-Camiseta  13-Bicha-Fila  14-Pêra-Cavanhaque  15-Guarda-Redes-Goleiro  16-Invisual-Cego  17-Tomar Uma Bica e Comer um Cacete-Tomar um Café e comer um Pãozinho  Francês  18-Cuecas-Calcinhas 19-Marialva-Mulherengo  20-Pastilhas Elásticas-Chiclete  21-Estomatologista-Dentista  22- Propinas-Impostos  23-Puto-Adolescente  24-Explicador-Professor Particular  25-Capachinho-Peruca  26-Punheta-Prato Típico Português feito com Bacalhau Cru e Desfiado.

domingo, 2 de junho de 2019

Planeta Água

     Água que nasce na fonte serena do mundo
     E que abre um profundo grotão
     Água que faz inocente riacho
     E deságua na corrente do ribeirão

Fomos abduzidos! , e depois de viajarmos numa velocidade de 828 Km por hora chegamos ao planeta Água.  Após o reconhecimento do local com refeições de muito esmero, fomos encaminhados à nave mãe.  Uma nave construída há 14 anos por uma empresa espanhola e custou na época 30 milhões de reais.  Manutenção impecável, sem um risquinho, tudo novo zerado!, e esta nave flutuava nas águas do rio Negro, aliás águas negríssimas, não se via nem um centímetro abaixo do nível da água.

      Águas escuras dos rios
      Que levam a fertilidade ao sertão
       Águas que banham aldeias
       E matam a sede da população

Acomodados em lanchas para 30 pessoas, todos com colete salva-vidas, inclusive o guia e o piloto, fomos explorar os igarapés de Jaraqui, onde a beleza é impar, não tem placas indicativas, ali impera a natureza nua e crua com uma água limpíssima, plantas flutuantes, pássaros voando e bichos-preguiça nas árvores.  Debaixo das árvores ouvimos assobios dos pequenos macacos juruparis, com seus filhotes nas costas, e quando um dos colegas desavisado pegou uma banana para comer, foi literalmente atacado e ficou sem a banana.  Às vezes passa uma canoa com moradores da região.

      Águas que caem das pedras
      No véu das cascatas, ronco de trovão
      E depois dormem tranquilas
      Nos leitos dos lagos
      Nos leitos dos lagos

Não poderíamos deixar de visitar a aldeia dos Cambebes no rio Cuieiras, índios que sempre se vestiram com roupas de algodão, pessoas belas, com toda tecnologia apesar da simplicidade, eles tem energia solar, escola de até segundo grau e posto do Bradesco.  Cultuam seus deuses e são católicos, vendem artesanato,  dizem que a terra local arenosa é muito boa,  especial para mandioca, e no rio tem peixes em abundância.  O líder da tribo foi categórico em dizer que fome eles nunca passaram.

      Águas dos igarapés
      Onde Iara, a mãe d'agua
      É misteriosa canção
      Água que o sol evapora
      Pro céu vai embora
      Virar nuvens de algodão

À noite o passeio foi com a focagem de jacaré, na verdade só visualizamos dois pequenos jacarés, mas a adrenalina foi imensa, belíssimos os sons da floresta à noite, o céu estrelado, mas o medo da lancha sofrer alguma avaria era grande, e esse medo fez com que um dos viajantes, um mineirinho, desse um verdadeiro show, representando o dia que ele iria contar para seus netos como foi caçar jacaré, e que teve de se lavar quando chegou ao navio por estar todo cagado, e que as gotas de água que caiam das árvores eram xixi que alguém fazia na cabeça dele, um verdadeiro stand-up improvisado no igarapé.

     Gotas de água da chuva
     Alegre arco-íris sobre a plantação
     Gotas de água da chuva
     Tão tristes, são lágrimas na inundação

Vale a pena levantar de madrugada para ver o sol nascer, foi mais um passeio de lancha inesquecível, o sol com seus raios dourados e vermelhos mostrava porque é chamado de astro rei, sem cerimônia ele deixou claro porque era adorado por povos na antiguidade e reverenciado pelos povos atuais, seja para fazer a fotossíntese na lavoura ou para pegar um bronzeado no corpo.

     Águas que movem moinhos
     São as mesmas águas que encharcam o chão
     E  sempre voltam humildes
     Pro fundo da terra
     Pro fundo da terra

A visita flutuante aos botos cor-de-rosa na região do Ariaú nos mostrou a doçura de animais que apesar de selvagens, são ternos, e sua importância para o equilíbrio ecológico, evitando a proliferação das piranhas, que são seu alimento natural.

     Terra! Planeta Água
     Terra! Planeta Água

Na pesca da piranha não fui bem sucedido, não pesquei nenhuma, só assisti outros colegas pescando e devolvendo o peixe feroz ao igarapé, é necessário muito cuidado para tirar o anzol da boca do peixe. Quando voltei ao navio, um colega perguntou se eu tinha tido sucesso, e como disse que não, ele muito bem humorado disse que o segredo para pegar piranha é levar dinheiro, então quase apanhou de sua esposa!

     Terra! Planeta Água

Por último ficou a observação do encontro do rio Negro com o rio Solimões, que apesar de ser nome de dupla caipira, caminham lado a lado sem se misturarem por 11 quilômetros, as águas negras do rio Negro e as águas barrentas do rio Solimões. O rio Negro tem um PH muito baixo, o que evita insetos, pernilongos, muriçocas, e quando um peixe entra em suas águas vindo do rio Solimões, fica  atordoado virando  presa fácil para os botos cor-de-rosa.

     De volta à realidade, voltando às nossas
casas,
     sabendo que 70% do nosso planeta é água,
     e 70% do nosso corpo é água também,
 percebemos
     que fizemos uma viagem fantástica,
 vivenciamos
     o útero da vida!

Obrigado Guilherme Arantes por abrilhantar minha crônica!
Obrigado Danone por me permitir esta fantástica aventura!
                             


     o útero da vida!














domingo, 19 de maio de 2019

A Vida é Um Teatro

Estamos sempre representando, a vida é um teatro constante, a peça começa ao raiar do sol e termina na luz da lua. As vezes começamos representar quando chega a lua e vamos até o raiar do sol.
Todos os dias repetimos todas as cenas, já as conhecemos, procuramos fazê-las cada vez melhor, e minuto a minuto surgem novas circunstâncias e novas situações.  Temos de usar a criatividade e a tolerância, as vezes a mágica e a resignação.
Todos os dias novas esperanças, novas ilusões, e a peça continua, graças a Deus que continua!
As vezes o desespero, o medo, mas a fé é maior e a vontade de ir em busca da vitória é possível, então a  gente se atira, põe a cara a tapa e vence.
Esperamos nunca sair de  cartaz, que bom que não lembramos o que combinamos, não sabemos quando termina o contrato, lutamos para conquistar novos públicos e esperamos que eles gostem da gente, que nos queiram bem.
Os palcos são infinitos e a grande vantagem é que temos o livre arbítrio, podemos fechar a cortina quando quisermos.  Escolhemos nossos parceiros para contracenar, e pedimos a clemência de um produtor maluco que nos permita ir até o último ato. Sorte que não sabemos quando será o último ato!, senão não teríamos força para em cada cena agradecermos os aplausos.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Utopia

É feriado, e mal raia o dia na cidade de ruas vazias, o ventinho gelado do fim de outono contrasta com algumas pessoas com roupas leves que vararam a noite em bares e baladas, ainda estão com os corpos quentes de álcool, e com conversas acaloradas, algumas ainda com a lata de cerveja na mão, e com dificuldade de se despedirem, não se sabe por a noite ter sido tão boa ou se pelo medo de enfrentarem o novo dia com o cansaço e a ressaca martelando a cabeça.  Alguns carros passam velozes, são motoristas alcoolizados desafiando o asfalto sem trânsito ou alguém que perdeu a hora do trabalho.
Nos trailers que vendem lanches para os jovens da noite, começa a desmontagem das mesas e cadeiras, e nas padarias modernas muitos carros estacionam para tomarem o café da manhã com o pão na chapa.  Um casal briga na calçada, briga que termina em abraços e beijos, o motivo da briga talvez seja o ciúme, mas uma coisa é certa, depois de um dia de sono ninguém lembrará de nada.
Passa uma moto, deve ser o marido levando a esposa enfermeira para o plantão no hospital, e na calçada um mendigo dorme no chão, será mendigo ou será um bêbado?
Lentamente o dia clareia, lamentavelmente álcool e drogas são a utopia do ser humano. Na calçada jaz um carro com a frente acabada e na rua outro agoniza com a traseira destroçada, motivo: motorista alcoolizado, é irônico, mas talvez os carros também sejam movidos à álcool.

domingo, 21 de abril de 2019

E Agora José ? (10)

O Cristão é Chamado a Servir em Toda Parte
Você sabe porque o cristão é chamado a servir em toda parte?, é porque a consciência o chama. A partir do momento que ele tem o conhecimento dos ensinamentos de Cristo, e ele é cristão realmente, ele se sente na obrigação de servir e ajudar o seu semelhante, eu sinto isso na pele.
Os ensinamentos de Cristo dão muita força a quem os pratica, e consequentemente dão serenidade e paz para uma vida mais feliz, é o que me motiva a viver.  Muitas pessoas tem um pequeno conhecimento dos ensinamentos, talvez o básico que a sociedade nos obriga a conhecer, seja no aprendizado do lar, seguindo os ensinamentos dos familiares, na escola, ou na igreja de cada um, mas não dão a devida atenção e valor, e então vemos constantes exemplos de pessoas que na velhice o medo do futuro, do incógnito , os fazem rever os conhecimentos e se apegarem a religião com toda força, virando verdadeiros beatos, não é o meu caso, pois minha necessidade sempre  existiu, mas somente agora estou tendo a oportunidade.
Talvez tais sentimentos sejam reminiscências de conhecimentos adquiridos em outras vidas, mas no medo da aproximação da morte, o sentimento de religiosidade se aflora.
Pessoas que tem pouco conhecimento dos ensinamentos de Cristo ou que tem conhecimento mas não os praticam, em momentos de desespero procuram apoio e ajuda de pessoas cristãs, é o apoio para o consolo e segurança das suas incertezas e medos.  Tenho em família um caso bem pitoresco, meu irmão, Biólogo formado pela USP, com Mestrado e Doutorado também pela USP, é um ateu convicto, mas quando vai fazer algum exame importante não deixa de pedir para nossa mãe que acenda uma velinha para ajuda-lo.  Por que procurar no momento de necessidade apoio numa espiritualidade que não se acredita?, no intimo acredita sim. Somos privilegiados de conhecermos e estarmos aprofundando nossos conhecimentos nos ensinamentos de Jesus, mas é importante que saibamos que estamos pegando um fardo muito pesado, um fardo de responsabilidade e obrigações, que apesar de ser muito, muito pesado, nos da muita paz e muita felicidade.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Tinha Que Ser Rosinha

Tinha que ser rosinha, a cor rosa combinaria melhor com suas roupas, além de dar um toque jovem e feminino.  Foi muito trabalho convencer a dentista colocar o aparelhinho, que dizia não ser necessário, que a correção no dente era tão pequena que não valeria a pena.
Mas não era essa a questão, todas suas colegas tinham o aparelhinho, porque ela não poderia ter?, já tinha recebido seu crachá e sempre que saia para almoçar ostentava-o no peito para fazer charme.
Todo dia de manhã, ao sair de casa conferia seus pertences, a mochila vazia, mas não importa, tinha que levar a mochila, era moda.  Na verdade não estava vazia, dentro tinha o livro "Cinquenta tons de cinza", que estava ficando roto de tanto ser carregado, ela odiava ler, mas dentro do metrô quando via algum rapaz bonito, abria-o para mostrar que era arrojada e antenada.
A garrafinha de água sempre à mão era questão de status, sabia que era importante se hidratar, e sempre que se sentia observada era obrigada a fazer a cena, representar a geração saúde.
Mas o mais importante mesmo era o celular, ela podia sair de casa sem roupa, nua, mas nunca sem o celular. Era o símbolo maior da sua geração, passaria fome se necessário, mas andaria com o celular na mão olhando para a tela, não vendo nada, mas fazendo cena.  Mas ela ainda tinha muitos sonhos à realizar, sobrancelha definitiva era um, e depois a maldita bike, ela odiava pedalar, mas teria que comprar uma bike cara, muito leve, com cambio e outros  acessórios, para desfilar na faixa de ciclistas empinando a bunda, e comemorando que no mês que vem pagaria a última parcela do silicone.

sábado, 23 de março de 2019

E Agora José ? (9)

Diante da noite não acuse as trevas. Aprenda a fazer lume.
Para mim a vida nunca foi um mar de rosas, desde os cinco anos sofri com um pai que era alcoólatra, o que me trouxe graves problemas, mas mesmo assim sempre acreditei que sou um protegido e um abençoado de Deus, e a esperança de que tudo mudaria eu nunca perdi.
Depois, já adulto sempre senti a necessidade de me apegar em algo mais, na verdade eu já era apegado mas precisava cultivar e exercitar esse sentimento. Portanto sempre que minha vida foi noite, em sempre procurei fazer  lume para sobreviver.
Quando eu tinha em torno dos 21 anos sofri com a síndrome do pânico , que naquela época não tinha nome cientifico ainda, era simplesmente uma doença do sistema nervoso, e o que me ajudou foi a Associação Mens Sana de Parapsicologia, dirigida na época pelo Frei Albino Aresi, e através da parapsicologia que na minha opinião é espiritualidade, pude superar essa doença, sendo que até a poucos anos ainda tinha alguns resquícios e sintomas da mesma. Mas esse tema no sentido literal da palavra, também me faz sentido. Um dia ouvi um padre falar sobre o medo da noite, e não entendi, porque entendo que noite é noite e dia é dia. Mas agora na maturidade as vezes acordo a noite e sinto um pouco de insegurança, imagino que se tiver algum problema todos estarão dormindo em suas casas e não poderão me ajudar, todos estarão cuidando de suas vidas e não estão preocupadas com o trabalho, que só começara no dia seguinte.  Hoje analisando esse sentimento sinto que isso ainda é consequência do vício do meu pai, quando eu não via a hora do fim de semana acabar, para todos voltarem a seus afazeres, inclusive meu pai, que às vezes deixava de beber e voltava a seu trabalho. 
Tanto no sentido figurado como no sentido literal, o cultivo e o exercício dessa busca do lume eu faço refletindo, fazendo uma prece e rezando um pai nosso.


E Agora José ? (8)

Lembre-se de que o mal não merece comentário em tempo algum
Acho muito difícil falar sobre este tema, porque devo estar sempre sob minha vigilância para não cometer esse erro. Quando vejo um amigo criticando alguém não posso ser hipócrita em não aceitar as criticas e me omitir e na maior parte das vezes acabo endossando o que estou ouvindo. Porem o que faço é tentar minimizar a observação do erro tentando ver e compreender o lado da pessoa que errou, e o que a levou a errar. Também acho importante entender o erro para não acabar cometendo-o também.  Acho que devemos tomar como exemplo o erro alheio e comentarmos para também não o cometermos.  Como somos humanos precisamos de referencia para fazermos comparação, e falar sobre um erro com a intenção de nos corrigirmos e  evita-los, acredito que seja muito importante.
O que não posso é ser um comentador e divulgador dos erros dos outros, com isso não ganho nada, só perco, além  de difamar uma pessoa. Uma coisa que me incomoda muito é ligar a televisão ou o radio e  ver um noticiário, percebe-se que eles vivem de más noticias, falam e exploram um assunto até esgotar, e isso além de não levar a nada ainda cria um clima negativo que não tiramos nenhum proveito.
Acredito que o importante é observarmos, respeitarmos e nos policiar nos julgamentos.

domingo, 10 de março de 2019

Machu Picchu: Eu fui

Era um sonho da adolescência , o mistério da cidade perdida sempre me deslumbrou, e pude finalmente realizar esse sonho.
Descemos no aeroporto de Lima, a capital do Peru, e no local um alvoroço nos chamou a atenção, foi também a chegada de Susan Ochoa, vencedora do concurso Viña del Mar 2019 com a musica La Gata Bajo La Lluvia, estávamos no nível do mar e os fluidos eram muito bons.
Depois de dar um giro pela cidade, fomos para Cusco, mas antes saboreei o Pisco Sour e a deliciosa cerveja Cusqueña dourada. Em Cusco fomos na Plaza de Armas, um marco histórico onde vimos uma dança folclórica e dois casamentos com direito a musica ao vivo num clima muito festivo.
Na Plaza comprei um sombrero do Panamá e o que me chamou a atenção foi a dona da loja nos deixar a sós na loja para buscar em outro lugar meu número e cor escolhidos.
Também no dia seguinte a gerente do hotel deixou o hotel e nos levou ao ponto de taxi à meio quarteirão de distância, muita gentileza de um povo e senti que não era por sermos turistas.
Logo cedo tomamos o ônibus para chegar até a estação de trem que nos levaria ao Pueblo de Aguas Calientes, aliás, um trem de teto panorâmico para podermos ver as altíssimas e belas montanhas da região.
No dia seguinte bem cedo tomamos outro ônibus que nos levaria em 20 minutos ao Parque Nacional Machu Picchu, que significa "velha montanha", com altitude de 2.693 m.
Quando entramos no Parque minha filha contratou um guia e ai, senti falta do meu sombrero que além de ter custado muito caro, seria necessário para me proteger do sol e para as fotos, eu tinha esquecido no ônibus. O guia falou com o responsável pela entrada do Parque, e foi engraçado todos se mobilizarem com seus HTs para me ajudarem. Alguns minutos depois el sombrero foi localizado e trazido por outro ônibus às minhas mãos.
No Parque, caminhamos por 3 horas na cidade perdida dos Incas, que adoravam o sol, ouvindo as explicações do guia que é peruano e falava o português, vimos que a área é dividida em duas partes, a zona agrícola com seus terraços de cultivo e a outra com as ruinas, as casas, os lugares de cerimonias, de observação dos astros, o local de sacrifícios de animais e humanos, a casa das  moças escolhidas pela beleza, que serviriam ao rei que era polígamo, apesar da população ser monogâmica, e a casa do rei, apesar dele não morar lá,  sendo que essa área urbana também é dividida em dois setores, o alto e o baixo, que dividia o povo conforme a hierarquia que ocupava na sociedade. É difícil falar do que vi, pois o próprio redescobridor das ruinas Iram Bingham, da Universidade de Yale, disse : Acreditará alguém no que encontrei?", portanto não tenho mais o que falar, só vendo mesmo para acreditar.
Voltando para Lima, conheci a pirâmide de Huaca Pucllana, no badalado bairro de Miraflores, bairro de Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de literatura em 2010, pirâmide coberta de terra pelo último dos três povos que  habitaram o local, e nos anosa 80 era utilizada pelos praticantes de motocross, até que em 1981 máquinas que trabalhavam no local para abrir uma avenida fizeram a descoberta. Esta pirâmide tem 23 metros de altura toda construída em adobes de barro feitos à mão, e em 30 anos ainda não foi estudada nem a metade, imagina o que pode-se descobrir ainda destes povos que cultuavam o mar.
Onde passei não vi ninguém pedindo esmola, tem muitos carros velhos, outros bons e muitos tuc-tucs. A comida é extremamente saudável, a base de batata doce, abóbora, milho, e come-se também alpaca, cuy que é o porquinho da índia, rês que é a carne de gado e o chicharron de porco.
A bebida orgulho da mãe pátria é o pisco com o qual se faz um drink chamado Pisco Sour, que usa uma dose de pisco propriamente dito, que é um destilado à base de uvas, limão, açúcar, clara de ovo e 2 gotas de bitter. Para quem me conhece, sabe que consegui abrasileirar esta bebida, uso o pisco, maracujá, açúcar e gelo, e .....tim tim

E agora José ? (7)

Levante o caído. Você ignora onde seus pés tropeçarão.
Sempre que posso levantar alguém eu levanto, as vezes um estimulo, um elogio ou palavras de bom humor ajudam uma pessoa se sentir melhor e melhorar sua autoestima. A pessoa quando esta para baixo ou depressiva não consegue enxergar bem a realidade, então tento mostrar o lado positivo da situação e fazê-la entender que as coisas não andam sempre como queremos. Todo ser humano esta sujeito a cair, por erro próprio ou por circunstâncias da vida e realmente não sabemos quando então teremos que contar com a compreensão e a ajuda das pessoas que convivemos e que nos cercam.
Somos muito frágeis, talvez no mundo animal somos os mais frágeis. Uma tartaruga sai do ovo e vai para o mar sem conhecer seus pais, outros animais dependem por alguns meses dos pais para poderem se alimentar, mas nós humanos só vamos ser independentes depois de vários anos de vida.
A fragilidade do ser humano é que nos obriga a viver em família e em grupos, então levantar uma pessoa que cai é uma obrigação moral nossa, independente da religião.
Também sei que como sou ser humano, estou sujeito a errar e cair então tenho que ser humilde para pedir ajuda e agradecer uma mão amiga que possa me levantar.
Já aconteceu de eu tentar levantar alguém e essa pessoa não acolher minha ajuda, o importante é eu fazer o melhor que posso e deixar a pessoa usar seu livre arbítrio, pode ser que ela não queira ser levantada ou não esteja preparada para se levantar ou não entenda o que tento lhe passar e não leva a sério. Mas não tem importância, em outra oportunidade eu tento novamente.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Conhecendo a futura sogra

Ela disse que agora era oficial, estavam namorando. E um detalhe, ele é japonês. Quando ele a convidou para jantar em sua casa para conhecer sua mãe, a apreensão foi grande.
Mãe japonesa, cultura diferente da sua, realmente ela teria que se esforçar em conquista-la. Teria que remar contra o folclore que diz que sogra é víbora venenosa e nora é uma ladra de filhos que não sabe fazer nada certo.
Se preparou, caprichou no cabelo, no batom e nas roupas, que não poderiam ser muito radicais e nem parecer muito senhora, imagina que sogra queria seu filho namorando com uma velha?
Lembrou que seu pai contava uma estória de um amigo seu que tinha levado a namorada em casa para conhecer os pais, e ela adepta de teatro amador, muito moderna e muito simples, quando reparou que o sogro deixava muita carne na coxa do frango que comia, não teve duvida, pegou o osso de frango do sogro e começou a roer. O sogro com poucos dentes ficou chocado, e o que era para conquistar pela simpatia causou espanto pela falta de higiene e nojo de todos na mesa.
Lembrou também da propaganda da televisão que a moça leva seu namorado para conhecer seu pai, e ao deixá-los sozinhos na sala, cria um clima de tensão imenso, que para surpresa de todos, o gelo é quebrado pelo sogro oferecendo um tic tac para o futuro genro.
Mas ela não gostava de tic tac e teria de enfrentar a situação com suas próprias armas, mas enfim tudo transcorreu normal e comeram comida japonesa, sendo que no fim o rapaz se levantou e foi lavar a louça.
No dia seguinte seu pai perguntou como tinha sido conhecer a futura sogra, e ela disse que foi tranquilo, a mãe dele é muito alegre e gosta de conversar, só observou que eu precisava aprender usar o hashi sem o adaptador.
Seu pai lhe disse  que ela tinha muita sorte, a futura sogra queria ver ela comendo bem, mas imagina se ela falasse que a namorada tinha que aprender a lavar a louça?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Oxente!

O cabra estava com a barriga encostada no portão, e esperava o papel da água e o papel da luz que um corno estava trazendo, e vejam bem, ele não era pirangueiro não, mas também não dava ponto sem nó, e olhava para acolá enquanto a cachorra Traíra botava sentido à seu lado.
Não pagava o papel da água e o papel da luz atrasados, para os amigos que ficam curiando na fila do banco não mangarem dele, e tem mais, ele não queria arengar com ninguém.
Ele já não botava gosto no compadre Toinho ficar com a bengala e o cigarro de palha arremedando ele, e qualquer dia ia abrir a taramela do portão para ele levar uma escorraçada da Traíra.
Antes ele tinha varrido a casa e quando pediu para a filha pegar o catador de cisco, ela se fez de moca, não queria ouvir, estava com o gigolé na cabeça fazendo o decote para ir na praia e disse que se não fosse assim ia ficar no caritó, mas pelo menos, não era nem biscaia nem bolacheira.
Só pedia para o Padim Ciço que antes que fosse para a cidade de pés juntos queria  ver a filha cheia de barrigudinhos e embuchada de mais um. Então estava pronto para se encontrar com a finada e.......morreu Maria Preá!

Dicionário do Nordeste

Oxente:   do holandês Oh Shit (que merda, porra)
cabra:   homem
papel da água:   conta da água
papel da luz:   conta da luz
corno:   homem traído pela companheira
pirangueiro:   avarento
acolá:   ali
Traíra:   segundo Luiz Gonzaga, nomes de peixes como Traíra e Baleia etc. são nomes de cachorros de pobres. Já os nomes de cachorros de ricos são: Rex, Whisky etc.
botava sentido:   estaca atenta
curiando:   xeretando
mangarem:   debocharem
arengar:   encrencar
arremedando:   imitando
taramela:   trava, fecho
escorraçada:   expulsada
catador de cisco:   pá de lixo
moca:   surda
gigolé:   tiara
fazendo o decote:   depilando as virilhas para usar biquíni cavado
ficar no caritó:   solteira
biscaia:   mulher imoral, libertina
bolacheira:   lésbica, sapatão
cidade de pés juntos:   cemitério
barrigudinhos:   filhos
embuchada:   grávida
morreu Maria Preá:   fim (conta-se que o padre de um povoado tinha um caso com uma beata chamada Maria Preá, e o sacristão descobriu e ficava fazendo chantagem com o padre. Um dia o padre ia rezar uma missa em um outro povoado e quando percebeu que tinha esquecido algo, voltou à igreja e encontrou o sacristão de quatro no chão com um outro rapaz em cima, então o padre foi categórico, apontou o dedo para o sacristão e disse: -morreu Maria Preá!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Encontros e Desencontros

Na vida muitas pessoas passam pela nossa vida, e consequentemente também passamos pelas suas vidas. Muitas pessoas esquecemos e nunca mais lembramos, outras sempre lembramos, algumas às vezes encontramos anos depois e outras nunca mais vemos.
Curiosamente hoje trabalho com um colega com quem trabalhei há 52 anos atrás;  não mudamos de empresa, mas estávamos em lojas diferentes e hoje trabalhamos juntos novamente.
Outro dia um outro colega indo ao médico, ao dizer o nome da empresa que trabalhava, o atendente perguntou se ele trabalhava há muito tempo nessa empresa, e se me conhecia. Meu colega disse que sim, que trabalhávamos na mesma loja.  Ele se empolgou e contou casos de 45 anos atrás, quando andávamos de bicicleta, sonhávamos com nosso primeiro fusca, íamos em excursões para a praia e para a Caverna do Diabo.  Ele conquistou o fusca primeiro, e quando precisou de dinheiro para consertá-lo, pôde contar comigo. Como começou a atrasar e não pagava a dívida, nunca mais o procurei e assim nunca mais o vi.
Pelo meu colega de trabalho mandou um cartão com seu telefone, e eu pergunto:- eu  deveria telefonar para ele para que?
As pessoas passam pela nossa vida e consequentemente também passamos pelas suas vidas, e torço para que quem se lembrar de mim, tenha boas lembranças, e mesmo que nunca me procure, mas que vibre positivamente.
Mas hoje pensando nisso, vi uma mensagem no facebook que achei muito interessante, dizia: Pessoas maravilhosas vão entrar e sair da sua vida, mas a pessoa que você vê no espelho estará lá para sempre.  Seja sempre o melhor que você conseguir para você mesmo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Remake: Os Brutos Também Amam

Ele era bruto, muito bruto, na acepção da palavra, inclusive fisicamente, muito alto e com um dorso largo e troncudo. Era comum comprar um litro de leite no supermercado e sair bebendo direto na embalagem até acabar, ou então com ganância abocanhava um quarto de melancia deixando o sumo descer pelos braços. Seu trabalho era braçal  e as vezes o suor do corpo não era bem tratado, o que causava um certo asco. 
Mas para balancear esse aspecto, seu coração era doce e meigo, e se visse alguém com fome logo corria pagar um lanche, e como um verdadeiro bruto vivia procurando um amor para completa-lo.
Um dia convidou uma ex-colega de trabalho para tomar um suco ou comer um doce, e entraram num finíssimo e caro restaurante francês. Ele pediu um achocolatado e se assustou pelo pequeno tamanho do copo, aquilo não satisfaria sua gula, e a  colega pediu um pequeno doce.
Ele como um verdadeiro bruto falava alto chamando a atenção de todos naquele refinado ambiente, e ela não via a hora daquilo terminar para não passar mais vergonha.
Chegou a conta, e ele para mostrar que era cavalheiro não deixou ela saber o valor, mas arregalou os olhos e disse que era muito caro, mas como um bruto cavalheiro, para mostrar que era apreciador das boas coisas da vida, comentou com o garçom que aquele lugar era muito aconchegante, muito acolhedor, e que outras vezes voltaria ali, e para reforçar a ideia pediu: - por favor me dê um cartão!

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Uma típica noite de ano novo atípica

A noite estava próxima, e pelo jeito seria bem diferente das anteriores, para começar que passaríamos sozinhos, eu e minha companheira de 36 anos, a qual namoro à 40 anos.
As meninas viajaram para Miami,os jovens abrem o horizonte e os velhos descansam em casa, mas nós temos a leitoa à pururuca, que como diria o Ronnie Von está irrepreensível, e temos o show do Roberto Carlos também.
Sim, show do  Roberto Carlos pelo You Tube, show da noite de natal, não falei que seria uma noite atípica este ano novo?  E como sempre o Rei cantou os clássicos que marcaram nossa juventude ou nossa vida, sei lá, e entre um gole e outro de vinho, o arroz branco com cogumelos e hortelã era saboreado com a deliciosa e rala farofa de mandioca amarela que trouxemos da Bahia.
Zizi Possi com sua competência cantou com o Rei uma linda musica romântica em italiano, "Non Ti Scordar Di Me", mais um gole de vinho e saboreio a maionese, maionese simples, só batata, cenoura, vagem, maionese, e um detalhe, pequenos cubinhos de maça verde para dar a crocância.
Cantou também com a Marina Ruy Barbosa a musica "Na Paz do Seu Sorriso", onde ela mostrou que se esforça, mas o seu dom mesmo é ser atriz, e muito boa atriz, parecia uma princesa se insinuando para o Rei, que apesar dos seus quase 80 anos parecia um cabeludo de calças jeans da musica "Detalhes", que lógico, não podia deixar de cantar , e não posso esquecer do tender da Irani, sem tender  para ela, não é ano novo, e a  sobremesa foi sorvete de iogurte grego com frutas silvestres.
Não esperei a virada de ano a meia noite, estava cansado depois de um dia de trabalho e o vinho também me ajuda a entrar em Alfa, e como é típico, tinha que levantar cedo para trocar os guardas no supermercado.
Tenho que lembrar que hoje à noite teremos replay, as meninas chegam da viagem e saborearemos novamente estas delicias, e ai a sobremesa será pudim de coco com calda de morango, que eu gosto de encher a boca e falar: fui eu quem fez!