quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Remake: Os Brutos Também Amam

Ele era bruto, muito bruto, na acepção da palavra, inclusive fisicamente, muito alto e com um dorso largo e troncudo. Era comum comprar um litro de leite no supermercado e sair bebendo direto na embalagem até acabar, ou então com ganância abocanhava um quarto de melancia deixando o sumo descer pelos braços. Seu trabalho era braçal  e as vezes o suor do corpo não era bem tratado, o que causava um certo asco. 
Mas para balancear esse aspecto, seu coração era doce e meigo, e se visse alguém com fome logo corria pagar um lanche, e como um verdadeiro bruto vivia procurando um amor para completa-lo.
Um dia convidou uma ex-colega de trabalho para tomar um suco ou comer um doce, e entraram num finíssimo e caro restaurante francês. Ele pediu um achocolatado e se assustou pelo pequeno tamanho do copo, aquilo não satisfaria sua gula, e a  colega pediu um pequeno doce.
Ele como um verdadeiro bruto falava alto chamando a atenção de todos naquele refinado ambiente, e ela não via a hora daquilo terminar para não passar mais vergonha.
Chegou a conta, e ele para mostrar que era cavalheiro não deixou ela saber o valor, mas arregalou os olhos e disse que era muito caro, mas como um bruto cavalheiro, para mostrar que era apreciador das boas coisas da vida, comentou com o garçom que aquele lugar era muito aconchegante, muito acolhedor, e que outras vezes voltaria ali, e para reforçar a ideia pediu: - por favor me dê um cartão!

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