domingo, 2 de junho de 2019

Planeta Água

     Água que nasce na fonte serena do mundo
     E que abre um profundo grotão
     Água que faz inocente riacho
     E deságua na corrente do ribeirão

Fomos abduzidos! , e depois de viajarmos numa velocidade de 828 Km por hora chegamos ao planeta Água.  Após o reconhecimento do local com refeições de muito esmero, fomos encaminhados à nave mãe.  Uma nave construída há 14 anos por uma empresa espanhola e custou na época 30 milhões de reais.  Manutenção impecável, sem um risquinho, tudo novo zerado!, e esta nave flutuava nas águas do rio Negro, aliás águas negríssimas, não se via nem um centímetro abaixo do nível da água.

      Águas escuras dos rios
      Que levam a fertilidade ao sertão
       Águas que banham aldeias
       E matam a sede da população

Acomodados em lanchas para 30 pessoas, todos com colete salva-vidas, inclusive o guia e o piloto, fomos explorar os igarapés de Jaraqui, onde a beleza é impar, não tem placas indicativas, ali impera a natureza nua e crua com uma água limpíssima, plantas flutuantes, pássaros voando e bichos-preguiça nas árvores.  Debaixo das árvores ouvimos assobios dos pequenos macacos juruparis, com seus filhotes nas costas, e quando um dos colegas desavisado pegou uma banana para comer, foi literalmente atacado e ficou sem a banana.  Às vezes passa uma canoa com moradores da região.

      Águas que caem das pedras
      No véu das cascatas, ronco de trovão
      E depois dormem tranquilas
      Nos leitos dos lagos
      Nos leitos dos lagos

Não poderíamos deixar de visitar a aldeia dos Cambebes no rio Cuieiras, índios que sempre se vestiram com roupas de algodão, pessoas belas, com toda tecnologia apesar da simplicidade, eles tem energia solar, escola de até segundo grau e posto do Bradesco.  Cultuam seus deuses e são católicos, vendem artesanato,  dizem que a terra local arenosa é muito boa,  especial para mandioca, e no rio tem peixes em abundância.  O líder da tribo foi categórico em dizer que fome eles nunca passaram.

      Águas dos igarapés
      Onde Iara, a mãe d'agua
      É misteriosa canção
      Água que o sol evapora
      Pro céu vai embora
      Virar nuvens de algodão

À noite o passeio foi com a focagem de jacaré, na verdade só visualizamos dois pequenos jacarés, mas a adrenalina foi imensa, belíssimos os sons da floresta à noite, o céu estrelado, mas o medo da lancha sofrer alguma avaria era grande, e esse medo fez com que um dos viajantes, um mineirinho, desse um verdadeiro show, representando o dia que ele iria contar para seus netos como foi caçar jacaré, e que teve de se lavar quando chegou ao navio por estar todo cagado, e que as gotas de água que caiam das árvores eram xixi que alguém fazia na cabeça dele, um verdadeiro stand-up improvisado no igarapé.

     Gotas de água da chuva
     Alegre arco-íris sobre a plantação
     Gotas de água da chuva
     Tão tristes, são lágrimas na inundação

Vale a pena levantar de madrugada para ver o sol nascer, foi mais um passeio de lancha inesquecível, o sol com seus raios dourados e vermelhos mostrava porque é chamado de astro rei, sem cerimônia ele deixou claro porque era adorado por povos na antiguidade e reverenciado pelos povos atuais, seja para fazer a fotossíntese na lavoura ou para pegar um bronzeado no corpo.

     Águas que movem moinhos
     São as mesmas águas que encharcam o chão
     E  sempre voltam humildes
     Pro fundo da terra
     Pro fundo da terra

A visita flutuante aos botos cor-de-rosa na região do Ariaú nos mostrou a doçura de animais que apesar de selvagens, são ternos, e sua importância para o equilíbrio ecológico, evitando a proliferação das piranhas, que são seu alimento natural.

     Terra! Planeta Água
     Terra! Planeta Água

Na pesca da piranha não fui bem sucedido, não pesquei nenhuma, só assisti outros colegas pescando e devolvendo o peixe feroz ao igarapé, é necessário muito cuidado para tirar o anzol da boca do peixe. Quando voltei ao navio, um colega perguntou se eu tinha tido sucesso, e como disse que não, ele muito bem humorado disse que o segredo para pegar piranha é levar dinheiro, então quase apanhou de sua esposa!

     Terra! Planeta Água

Por último ficou a observação do encontro do rio Negro com o rio Solimões, que apesar de ser nome de dupla caipira, caminham lado a lado sem se misturarem por 11 quilômetros, as águas negras do rio Negro e as águas barrentas do rio Solimões. O rio Negro tem um PH muito baixo, o que evita insetos, pernilongos, muriçocas, e quando um peixe entra em suas águas vindo do rio Solimões, fica  atordoado virando  presa fácil para os botos cor-de-rosa.

     De volta à realidade, voltando às nossas
casas,
     sabendo que 70% do nosso planeta é água,
     e 70% do nosso corpo é água também,
 percebemos
     que fizemos uma viagem fantástica,
 vivenciamos
     o útero da vida!

Obrigado Guilherme Arantes por abrilhantar minha crônica!
Obrigado Danone por me permitir esta fantástica aventura!
                             


     o útero da vida!














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