Tinha que ser rosinha, a cor rosa combinaria melhor com suas roupas, além de dar um toque jovem e feminino. Foi muito trabalho convencer a dentista colocar o aparelhinho, que dizia não ser necessário, que a correção no dente era tão pequena que não valeria a pena.
Mas não era essa a questão, todas suas colegas tinham o aparelhinho, porque ela não poderia ter?, já tinha recebido seu crachá e sempre que saia para almoçar ostentava-o no peito para fazer charme.
Todo dia de manhã, ao sair de casa conferia seus pertences, a mochila vazia, mas não importa, tinha que levar a mochila, era moda. Na verdade não estava vazia, dentro tinha o livro "Cinquenta tons de cinza", que estava ficando roto de tanto ser carregado, ela odiava ler, mas dentro do metrô quando via algum rapaz bonito, abria-o para mostrar que era arrojada e antenada.
A garrafinha de água sempre à mão era questão de status, sabia que era importante se hidratar, e sempre que se sentia observada era obrigada a fazer a cena, representar a geração saúde.
Mas o mais importante mesmo era o celular, ela podia sair de casa sem roupa, nua, mas nunca sem o celular. Era o símbolo maior da sua geração, passaria fome se necessário, mas andaria com o celular na mão olhando para a tela, não vendo nada, mas fazendo cena. Mas ela ainda tinha muitos sonhos à realizar, sobrancelha definitiva era um, e depois a maldita bike, ela odiava pedalar, mas teria que comprar uma bike cara, muito leve, com cambio e outros acessórios, para desfilar na faixa de ciclistas empinando a bunda, e comemorando que no mês que vem pagaria a última parcela do silicone.
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