terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Mistério no Mosteiro

Novamente ele entrou no mosteiro que sempre que passava em frente não deixava de entrar, sentia imenso prazer em contemplar a imagem de Cristo à direita do altar e rezar um pai nosso.

O frescor e silêncio do ambiente contrastavam com o calor e o barulho da rua e o cheiro de vela queimada e das flores completavam o clima de paz.

A construção do mosteiro começou em 1910 e terminou em 1922 e abriga os monges beneditinos que seguem o lema: orar, trabalhar e ler, e realizam o oficio divino em rito monástico e a missa em rito romano, ambos com canto gregoriano.

Normalmente ele ficava no fundo do mosteiro e as vezes sentava no último banco, mas agora estava com vontade de explorar o ambiente observando os ladrilhos hidráulicos de linda decoração, e foi caminhando em direção ao altar parando em cada imagem que via ou em detalhes da arquitetura.

Uma pesada porta estava ligeiramente aberta, e a curiosidade lhe perguntava se não seria ali que iria para o subsolo do mosteiro, lugar que raríssimas pessoas têm acesso, e a tentação fê-lo abrir a porta o suficiente para passar e entrou, se alguém aparecesse naquela hora ele diria que estava procurando um monge para pedir alguma orientação e acabou se  perdendo.

Uma escada pouco iluminada descia em caracol, e andando nas pontas dos pés foi explorando o local até chegar numa sala onde um monge com uma pá na mão colocava um pequeno baú num buraco onde faltava a laje do piso.  Então ele ficou observando a cena imaginando o que o monge estaria enterrando, seria um tesouro?.

Terminado o trabalho o monge com dificuldade colocou a pesada laje no lugar e pisou em cima acertando algum pequeno desnível Nesse momento o monge percebeu que estava sendo observado e olhou para o homem e sorriu, e este ficou calado não sabendo o que falar, mas o monge quebrou o gelo e disse que estava enterrando um grande tesouro, e já que ele tinha visto foi lhe explicando que aquele baú continha cartas de um grande amor do passado. Explicou quer tinha nascido de um parto difícil e por pouco não morreu, e sua mãe como muitas outras  mães fazem, fez uma promessa que o filho seria um monge para servir à Deus, mas na adolescência conheceu um grande amor, e como o destino não permitiu casarem-se, ela casou com outro e pouco tempo depois morreu num acidente de carro.

Então ele estava ali enterrando as cartas de amor, porque sabia que um dia seria enterrado no mosteiro, e tinha esperanças de numa outra vida encontrar a amada, e se lhe fosse dado o esquecimento desta vida passada, teria ali um mapa para poder procurar seu amor eterno.

O homem ouviu calado e disse que a vida é assim mesmo, devemos ter fé nos desígnios de Deus e que ele mesmo toda vez que rezava o pai nosso em frente a imagem de Cristo, Lhe pedia que não Lhe desse o que ele queria, e sempre Lhe desse o que fosse melhor para ele.

Sorrindo despediram-se e cada um continuou seu caminho.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A Força da Palavra

Quando estava na escola um professor disse que muitas vezes alguém dá uma ordem sem saber o porque, simplesmente repete o que ouviu. Verdade, quando alguém fala para você que não pode fazer isso ou aquilo, pergunte porque e você vai ver que nem sempre a pessoa sabe explicar o porque da ordem. 

Tem perguntas que as pessoas ouvem e não pensam no sentido da pergunta, simplesmente respondem para não ficarem quietas, por exemplo quando alguém te pedir um objeto qualquer, por exemplo um espanador, então pergunte:- que cor você quer?, e a pessoa diz que pode ser qualquer cor, ou então fica pensando numa cor, mas a cor não é importante, o que importa é a utilidade do objeto.

Costumo elogiar algo dizendo que isto ou aquilo é melhor que dez anos de cadeia, não sei onde aprendi isso ou ouvi isso, mas o engraçado é que normalmente as pessoas param e não sabem o que responder ou falar, ficam pensativas e quietas. Um dia na churrascaria o garçom me serviu um carré de cordeiro e perguntou como estava, e eu para elogiar disse que estava melhor que dez anos de cadeia.

O garçom pensou um pouco, e disse que cadeia ele já rinha puxado, mas carré nunca tinha comido. Achei interessante, porque quem puxa cadeia dificilmente sai falando por ai, e dificilmente um garçom que trabalha numa churrascaria nunca tivesse comido carré, realmente ele é gozador como eu sou.

Mas temos que tomar cuidado com o que falamos, outro dia ao sair da padaria vi um catador de papelão comendo um pãozinho e tomando um copo de leite, então para ser simpático e quebrar o gelo tratando-o de igual para igual eu falei que aquele pão e leite eram melhores que dez anos de cadeia.

Me surpreendi com sua reação, disse que puxar cadeia era coisa de malandro, de bandido, e que ele nunca tinha puxado cadeia, e ficou resmungando palavras que não entendi bem, pensou que eu tinha dado uma indireta para ele, e achei melhor não explicar mais nada, afinal ele não iria entender nada mesmo.  Então eu digo aquele velho provérbio: "Escreveu não leu, o pau comeu".

E segundo o Wikcionário esse significa: Em não se sendo prudente em se verificar o escrito, há de ter de lidar com complicação resultante de erro cometido desapercebidamente.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A Juventude

 A apresentadora de televisão Hebe Camargo disse uma vez que a juventude é linda, realmente, crianças e jovens não tem rugas, não tem dor nas costas, não mancam, e são ousados, inconsequentes, mas o melhor mesmo é que quando jovens não pensamos no futuro, não temos noção que um dia a vida vai acabar.   O personagem Washington de Chico Anysio, dizia que jovens gostam de tarefas impossíveis e usava com a mãe o chavão:-mãe, eu sou jovem! .        Mas estou lembrando disso para contar um caso que aconteceu comigo quando eu era jovem; estava indo para o trabalho pilotando uma moto branca, na luz do sol das 9 horas numa rua de duas mãos, quando uma moça que vinha no sentido contrário, sem experiência no volante resolveu fazer o contorno sem parar, me atropelando e me jogando no chão.  Levantei e tentei usar a embreagem da moto, mas minha mão esquerda não tinha firmeza, tinha quebrado os ossos da mão, ossos que depois calcificaram juntos formando um bolo que ainda hoje tenho.  Na clínica de fraturas disseram que o ideal era operar a mão e colocar aqueles ferros todos para dar sustentação, e que eu devia fazer um boletim de ocorrência para depois poder cobrar da moça as despesas, mas achei que não seria necessário.    Procurei um médico especialista em mãos, um japonês, e ele disse que não recomendava operar, pois não ficaria 100% bom e se não operasse também não ficaria 100% bom, portando era melhor deixar como estava. Mas o grande problema era que eu entraria de férias em três dias, e como viajar para a Bahia de mão engessada?. Fui assim mesmo, imaginem dirigir 2.200 quilômetros somente com a mão direita?, as vezes apoiava a mão engessada no volante para mudar de marcha, mas não me perguntem o que eu falaria para o policial rodoviário caso ele me parasse, eu também não saberia.  Depois de voltar da Bahia, ou seja mais 2.200 quilômetros dirigindo com uma mão só, comecei fazer aulas teóricas de violino, e durante oito meses aprendi ler partituras musicais sem pensar se saberia manipular o violino, a mão esquerda é a que seguira as cordas para definir as notas musicais, mas consegui sim, aprendi violino por sete anos tocando músicas lindas como "Fascinação" e "O mágico de Oz", além de músicas clássicas.  Nunca senti um pingo de dor nessa mão, mas é assim mesmo, jovem não sente dor, não sente frio, sai de casa sem roupa de frio e sem guarda-chuva, e o velho pensa tanto antes de sair de casa e depois não sai porque terminou o dia.  Nessa época eu deveria beirar uns 40 anos, e não digam que eu era louco não, o padre dos balões com esta mesma idade, esse sim fez loucura!


 




sábado, 5 de setembro de 2020

Revele seu Íntimo

 Há muitos anos assisti ao filme "O Planeta dos Macacos", e fiquei muito impressionado, e devido ao sucesso do filme, começaram explorar o assunto num seriado dando continuidade ao filme, quando num episódio mostraram uma comunidade humana que quando iam fazer a adoração à seu deus, tiravam a máscara que imitava um rosto humano e mostravam um rosto todo deformado por causa de uma explosão nuclear, e diziam:-Senhor, eu te revelo o meu íntimo!

A máscara é usada pelo ser humano em muitas situações, no carnaval por exemplo cria um mistério, nos bailes de máscara também, nos filmes de faroeste onde os bandidos escondem o rosto e recentemente na série "La Casa de Papel" os ladrões usaram a máscara com a cara de Salvador Dali. 

Em países islâmicos as mulheres usam máscaras chamadas "Niqab", "Hijab", ou "Burqa", cada qual com suas características, por motivos religiosos ou culturais.

Diversas profissões usam máscara, o soldador a usa para não ferir os olhos, o apicultor para não ser picado pelas abelhas, o mergulhador usa para poder enxergar embaixo da água e diversas outras  mais, cada qual com um objetivo.

Agora por causa da pandemia, todo o planeta usa máscara para se proteger da doença, só não usam os idiotas porque não acreditam que a pandemia seja verdade, todo o planeta está errado, só eles estão certos apoiados em seus QIs.

A máscara diminui nossa oxigenação sendo desconfortável e permitindo a seu dono sentir o próprio mau hálito, ou bom se o tiver, e nós passamos a desconhecer as bocas e os narizes dos nossos semelhantes, e como tudo isso vai passar, a pandemia vai acabar, nos surpreenderemos vendo bocas e narizes bonitos ou feios, que até já esquecemos como são. Então eu te pergunto:- Você esta pronto para revelar o seu íntimo?

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Edmilsom

Quando a parteira saiu do quarto seu pai perguntou: é homi ou mulé?
É homi respondeu a parteira, e seu pai abriu um sorriso feliz, um menino era tudo que queria, apesar de já ter uns seis.  Esse se chamaria Edmilsom, porque ele tinha comprado um rádio e falava que "é de mil o som", então em homenagem ao rádio escolheu o nome do filho.
Desde pequeno gostava de brincar na bacia de água na hora do banho, batia as mãos e ria, então seu pai falava que esse menino seria um peixe para nadar.
Realmente, era bom nadador e pescador também, vivia com o caniço na mão pegando piabas e traíras, e como colocava no bolso da calça os peixes fisgados, ficava com o bolso lambuzado e com cheiro forte.
Para ir no córrego montava num jegue e no caminho ia cantarolando e imaginando que quando crescesse iria  parra São Paulo e compraria um carro moderno, uma rural  Willys talvez.
O tempo passou e ele depois de servir o exército, foi para São Paulo e foi trabalhar numa peixaria, adorava pegar nos peixes o dia inteiro e quando ia para casa a noite fazia questão de não tomar banho, para no ônibus ninguém ficar perto por causa do mal cheiro, que  para ele era perfume de paris.
Como tinha muito jeito para o negócio logo foi ser vendedor de uma grande empresa, e agora pegava na pasta e saia por ai vendendo, mas nunca deixava de olhar as câmaras e principalmente as trocas, achava o cheiro muito bom.
Um dia realizou seu grande sonho, comprar um carrão, e quando disse parra um colega e ele perguntou o nome do carro, simplesmente falou que não sabia, ia olhar no documento no carro.  Era um Dodge Journey, e ele lotou com as malas e presentes do magazine Luiza e foi parra  o Ceará.
Foi notícia  na cidade, todo mundo falava do artista que tinha chegado de carrão, camisa com muitas costuras, um corte de cabelo artístico com brilhantina e óculos rayban, e juntou muita gente em volta, até que um colega de infância o reconheceu e falou que o conhecia, que era  o Edinho, que catavam juntos marmelos e ninhos de passarinho na mata, sempre com o badogue pendurado no pescoço.
Então o Edmilsom para esnobar falou que tinha vindo com aquele carrão e que iria encher de rapadura, doce de leite, farinha de mandioca e carne seca para levar para São Paulo, e ainda sobrava espaço no carro para levar um jerimum também!

sábado, 11 de julho de 2020

A Máscara

Os olhos se encontraram no metrô, é o que chamamos de amor a primeira vista, olhos nos olhos, minutos infindáveis, um congelamento de sentimentos e emoções.
Os dois jovens, ela cabelos  longos e pretos, lisos, brilhantes, perfumados, ele cabelos com corte recente, bem penteado e uma testa inteligente.
Ela de máscara rosinha, com pequenos desenhos dos naipes do baralho, e jogava charme, ele com uma máscara com cara de palhaço, mostrava ser espirituoso, bem humorado.
Aparentemente um sorriu para o outro, digo aparentemente porque as máscaras não permitiam ver as bocas, mas os olhos brilharam, via-se que aconteceu uma mágica.  Começaram a conversar, a afinidade era visível e sentida por ambos, parece que se conheciam há muito tempo. Não faltava assunto, mas o que ele queria era ver a boca dela, e se perguntava será que seria carnuda, estaria com batom, ou seriam lábios finos, delicados? Será que ela tinha dentes remontados, encavalados?, talvez fossem perfeitos e clareados. E ela pensava como seria a boca dele, dentes perfeitos e nariz bem feito?  E se ela tivesse lábios leporinos?, isso não significaria nada, hoje a medicina faz correções e modificações, será que ele tinha pelos dentro do nariz, pelos saindo para fora com sinal de pouco cuidado, uma coisa era certa, precisavam ver a boca um do outro.
Mas, tinham acabado de se conhecer, seria deselegante um pedir para o outro para verem suas bocas, e se os bares e restaurantes não estivessem fechados, poderiam tomar um café, ou almoçarem juntos, mas era impossível. Ele não poderia levá-la em sua casa e nem ela levá-lo em sua casa, o  que poderiam pensar seus pais?
Na verdade um ver a boca do outro não seria coisa tão importante, mas seria como se um não pudesse saber o nome do outro, como se não pudesse perguntar a idade do outro, como se não pudesse perguntar para onde estavam indo, ou de onde vinham, do que gostavam, se eram solteiros, se estudavam, se trabalhavam.
Impossível, os olhos podiam se ver, os olhos são a janela da alma, mas a boca era necessário ver, é da boca que sai as coisas que vem do coração.

domingo, 28 de junho de 2020

O Morador de Rua

Aparentava mais ou menos 50 anos, e morava nas ruas há pelo menos 5 anos; contou que veio para São Paulo à procura de trabalho e quando desembarcou na rodoviária foi assaltado perdendo seus documentos e as economias que trazia.
Dormia protegido por papelões próximo a loja e  só nos importunou porque ali mesmo urinava e deixava o lugar fedendo.
Com nossa implicância passou para o outro lado da rua, e como era boa gente, fez amizade com todo mundo.  Conversava com um e com outro, mas o que nos deixava com um pé atrás é que quando levantava cedo conversava consigo mesmo, e muito bravo, gesticulando e praguejando, talvez tivesse algum distúrbio, o que um colega nos disse ser consequência da solidão e insegurança de morar nas ruas.
Disse que sua família não sabia que morava nas ruas e um dia expressou sua vontade de voltar para Paraíba, seu estado natal.  Os colegas se reuniram e fizeram uma vaquinha para comprar a passagem e para as despesas de estrada, e quando um colega se propôs comprar a passagem para quinta-feira, ele pediu que esperasse até segunda-feira porque precisava arrumar suas coisas de viagem.
Achei engraçado e falei para o colega avisar ele para deixar os papelões na rua mesmo, afinal era só o que tinha além umas mudas de roupa, e andava sempre limpo inclusive ia na rodoviária e pagava para tomar banho.
Entregaram-lhe a passagem e o dinheiro para a viagem, e ele foi embora do local largando só os papelões. Dias depois duas pessoas vieram falar que tinham-no visto andando pelo bairro, que tinha sido assaltado e levaram a passagem e o dinheiro.
Ai fica o mistério, porque essa vida de morador de rua ainda é melhor que sua vida anterior? Será que comer restos de comida que as pessoas dão e dormir no relento ainda vale a pena?, onde está a dignidade do ser humano, ou até nisso ele foi roubado?

domingo, 26 de abril de 2020

Pare o mundo que eu quero descer

A lei e a consciência nos obrigam a dar segurança para nossos clientes, e nesses tempos de Corona Vírus onde falta trabalho e dinheiro, aumentou em muito a quantidade de pedintes na porta da loja.
O fato de pedirem alimentos para nossos clientes não nos incomoda, mas a forma como fazem realmente é preocupante.   São jovens pobres e mal vestidos que rodeiam o cliente na entrada da loja, todos ao mesmo tempo, amedrontando-os e intimidando-os, e estes com  medo de assalto se obrigam a ajuda-los.
Não bastasse isso, usam de uma tática para conseguirem dinheiro, pedem chinelos ou fraldas descartáveis para seus irmãozinhos, objetos de um valor alto que são fáceis de vender por um quarto do próprio valor para compra de drogas provavelmente.
Para inibir isto, quando vejo, normalmente abordo o cliente e lhe explico o que está acontecendo, e hoje numa sequência abordei duas clientes.  A primeira, pessoa fina, entendeu e me perguntou como faria agora, porque entendi seu medo de ao sair não levar o chinelo pedido, e então sugeri que quando saísse falasse para o pivete que seu dinheiro não tinha dado e que até tinha deixado de levar alguma mercadoria que precisava, então ela teve uma melhor ideia, disse que iria comprar um pacote de biscoitos e falar para o jovem que seu dinheiro não tinha sido suficiente para o chinelo, e assim fez.
A segunda cliente, também distinta e bem vestida, disse que o pivete estava com as mãos machucadas e calejadas de puxar carrinho nas ruas, e que ela daria o chinelo sim, e se ele vendesse e comprasse drogas, paciência, afinal ela também gostava de uma cerveja, e dai?.   Como me calei e passei a só ouvir, ela me pediu desculpas e disse que iria comprar os chinelos sim.  Fiquei observando de longe e vi que ela não passou os chinelos no caixa, e depois quando saiu deu um pão de forma para o pivete e justificou não sei como, não dava para ouvir o que ela falou.
Em sequencia, uma terceira cliente, jovem artista, intelectual, culta, me abordou e veio comentar que os pivetes estavam pedindo chinelos, então lhe expliquei a tática deles e comentei o que a cliente anterior tinha falado sobre as drogas e a cerveja, o que ela de imediato disse concordar porque o pivete nasceu pobre e tinha uma vida de bosta, então era melhor fugir nas drogas mesmo.  Fiquei estupefato e não tive coragem de ver se ela comprou os chinelos ou não.
Verdade, livre arbítrio, cada um faz o que quer, por outro lado pensei será que eu estava julgando meus semelhantes? (as clientes).  É difícil viver em sociedade sem ter uma escala de valores, ou será que estou trocando ideias com as pessoas erradas?
Não! Estou trocando ideias com pessoas que não escolhi para trocar ideias, então que eu aprenda:  tenho que aprender a medir as palavras!

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Coronavirus

Seria esta a terceira guerra mundial? O inimigo é microscópico, não pode ser visto a olho nú. Se o inimigo fosse um estadista ou uma aliança de estadistas, poderíamos classificá-los de megalomaníacos. Poderíamos como Freud justificar suas atrocidades por problemas de educação, de família, e lógico culpar as senhoras suas mães.
Esse inimigo usa como porta para entrar no corpo humano nossa boca, nossos olhos e o nosso nariz, e a chave da porta são nossas mãos ou os perdigotos de quem fala muito perto ou de um espirro.
Então nossa defesa é evitar o contato físico e a higiene constante com água e sabão e o velho álcool. O álcool, herói da nossa infância, quando aprendemos que o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva quando deparou com os índios Goyazes que usavam adornos feitos de ouro, colocou álcool em uma bacia e pôs fogo, e os índios com medo pensando que ele queimava água, deixaram-no entrar na região e ainda mostraram as minas de ouro chamando-o de "Anhanguera", que significa "espírito maligno".
Hoje Anhanguera não seria nosso herói, seria um mau caráter que se apropriou dos bens dos donos da terra.  Agora usamos o álcool como uma arma para aplacar nosso inimigo kamikaze que faz um ataque suicida e depois com o passar do tempo acaba morrendo junto.
Mas sabemos que tudo passa, aliás esse era o mantra usado por Chico Xavier, e tudo passa mesmo, a Peste de Atenas passou, a Peste Negra passou, a Praga de Londres passou, a Primeira Guerra passou, a Segunda Guerra passou, e o Holocausto passou.
E sabemos que o Corona Vírus também passará, e nossa compreensão não sabe explicar como Deus permite todas essas desgraças que varrem a humanidade, mas uma coisa por experiência sabemos, que depois dessa fase triste que passa o planeta, experimentaremos um grande desenvolvimento material e espiritual.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Dia Internacional da Mulher

Começa o dia com o repórter Carlos Tramontina entrevistando a última eleita para a Academia Paulista de Letras, Maria Adelaide Amaral, lembrando que nesse grupo de 40 componentes, poucas são as mulheres, porque em nossa sociedade as mulheres sofrem preconceito em todos os setores, fato lembrado ao acaso logo neste dia tão importante.
Logo após, eu mostrava para a Sol um vídeo onde o Dr. Drauzio Varella entrevistava uma transexual no presídio, quando ela se emocionou ao falar que fazia 8 anos que não recebia nenhuma visita, e de imediato o Dr. Drauzio a abraçou com um abraço fraterno, e esta cena foi muito comentada por ser de tão grande emoção e amor ao próximo.  Mas transexual é mulher? Sim, uma mulher nascida no corpo de um homem.
Então a Jucilene ao ler um texto que fiz para o curso que estou fazendo, me ligou e disse que hoje seria importante fazer uma crônica sobre o Dia Internacional da Mulher, mas achei difícil porque não tem muito o que se falar de mulher, eu que trabalho num ambiente em que 80% são mulheres, realmente não sei o que falar delas.
Levantam de madrugada para cuidar dos filhos, fazer café e deixa-los na escolinha, recomendam a professora ficar atenta à criança que teve febre na noite passada, e vão para o trabalho com essa apreensão e pedem que a professora ligue se qualquer coisa não estiver normal.
Pegam o ônibus no ponto deserto com medo de motoqueiros assaltantes, sofrem assédio em ônibus lotados, e correm para não chegarem atrasadas.  Durante o trabalho lidam com clientes bons que as respeitam e com clientes sem caráter que as humilham, e na hora do almoço não deixam de ligar para a escolinha para ver se está tudo bem.   No fim do dia compram o leite ou alguma coisa para as crianças, quando o dinheiro permite, e cheias de sacolas tomam o ônibus lotado para casa, e ainda vão pensando nas contas que ainda estão por pagar.
Nem sempre um marido compreensivo tem paciência para torela-las e as vezes ainda além de não as ajudar na limpeza da casa,  ainda sujam mais.
E  nessa hora elas tem muita pressa, pois colocaram a roupa de molho para lavar e as panelas estão no fogo para preparar a janta das crianças e a marmita do dia seguinte para o marido.
Então penso muito e falo para Jucilene, que realmente não sei o que escrever sobre as mulheres,além de  que elas dão a luz e fazem disso a motivação de suas vidas, vivem em função dos filhos, e no fim do dia pedem à Deus que lhes deem forças para que possam continuar nessa missão.


E Agora José? (25)

Aliança é um estado de espírito. Estamos à altura dele?
Aliança é um pacto, um tratado, um acordo, que posso fazer com uma pessoa, ou várias pessoas que tem ou tenham o mesmo objetivo que eu, mas como todo ser humano tem ideias diferentes, tenho que estar preparado para conhecer ideias diferentes das minhas e saber aceitá-las para que cheguemos num mesmo ponto, num mesmo objetivo.
De forma nenhuma posso ser intransigente achando que só a minha verdade é a correta, tenho que abrir o coração e tentar me colocar no lugar dos outros para que possa entendê-los.
Aliança é um estado de espírito, portanto para fazer uma aliança tenho que ter algumas virtudes como a compreensão, tolerância, paciência e a maior delas: humildade.
Com as virtudes estou apto a participar de uma aliança sem me sentir contrariado quando as ideias que formos utilizar não forem as minhas.  Será que estou à altura desse estado de espírito? Sim! Estou, tenho que estar porque meu processo de evolução é irreversível, só tem ida, não tem volta. Também sei que ainda tenho muito que evoluir e aprender, e o importante é eu ser humilde para reconhecer, aceitar, e continuar na reforma intima.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Lei de causa e efeito? Não entendi!

A rua onde eu trabalho é uma ladeira de mão única para carros e mão dupla para bicicletas, e como algumas dependências da loja ficam do outro lado da rua, temos que tomar muito cuidado ao atravessar, porque normalmente prestamos atenção ao fluxo de carros e esquecemos as bicicletas que andam nos dois sentidos, e quando estão descendo se tornam um verdadeiro perigo, pela distração dos ciclistas, pela distração dos pedestres e principalmente pela falta de freios, o que torna a bicicleta um veículo mais perigoso que uma motocicleta.
Outro dia ao atravessar a rua, olhei para baixo e vi que não vinha nenhum carro, então fui andando e vi uma bicicleta descendo, e como na minha frente a dois passos ia uma senhora de idade, a alertei dizendo para ela tomar cuidado que descia uma bicicleta.
Nesse exato momento, um carro a toda velocidade buzinou e o motorista gritou:- cuidado vovô, e de imediato o ciclista passou e agressivamente disse:- eu estou vendo a senhora!
Até agora tento entender o que aconteceu, porque quando o motorista me  chamou de vovô, ele queria me agredir, me chamando de velho, e como tenho idade para ser vovô mesmo, isso não me agrediu, eu só queria entender o porque da agressão dele, sendo que ele não parou, a rua é larga e da passagem para dois veículos subirem ao mesmo tempo, ele simplesmente podia não ter buzinado e muito menos ter gritado.   Quando nos referimos à palavra vovô, normalmente existe um carinho, todo mundo ama seu vovô, então porque ele usou a palavra vovô para me chamar de velho?
No mesmo instante o ciclista disse agressivamente que estava vendo a senhora, e eu pela experiência que tenho neste local, tenho minhas dúvidas, já presenciei atropelamentos e o que os ciclistas alegam é que não deu para parar, e sabemos que o freio da bicicleta é insuficiente para a velocidade que ela atinge em uma ladeira.
O que venho pensando e tentando entender, como é possível eu vibrar positivamente para uma senhora de idade e no mesmo instante o motorista me agredir verbalmente e buzinar, e o ciclista também com agressividade falar que estava vendo a senhora.
Conheço e acredito na lei de causa e efeito e estou tentando entender até agora o que aconteceu, ou será que houve uma inversão de valores e os seres humanos além de não respeitarem seus semelhantes, ainda tem necessidade de agredi-los?

E Agora José? (24)

O corpo é o templo do espírito
Entendo e acredito que meu espírito vem encarnando muitas vezes para desenvolvimento e evolução. Falando alegoricamente, é como se eu fosse um ator de teatro que combina com outras pessoas de contracenarem numa peça, essas pessoas são meus pais, meus irmãos, minha esposa, minhas filhas e meu grupo social.  Para que eu possa contracenar eu necessito de um corpo físico com o qual já passei, passo e passarei tribulações onde é possível meu desenvolvimento e aprimoramento espiritual.
Consequentemente meu espírito sem o corpo físico não tem como aproveitar o privilégio de se desenvolver, então concluo que meu corpo é o templo do meu espírito, e mais, como carrego uma centelha divina, um pedacinho de Deus em mim, tenho que zelar ainda mais por esse templo.
Me é importante uma alimentação saudável, evitando alimentos que possam me prejudicar, tenho que evitar vícios como o cigarro, o álcool e as drogas, para não destruir meu corpo, e tenho também que fazer atividade física. Sei que qualquer ato que possa destruir meu corpo é como se fosse um suicídio, e eu iria sofrer muito por isso depois de desencarnado.
Cuidar do templo é uma grande responsabilidade que me foi dada e só tenho que muito agradecer a Deus.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Isto tudo me envaidece

Gosto muito de escrever crônicas e deixo claro que não tenho pretensões maiores, mas sempre que escrevo algo novo, faço questão de imprimir e distribuir para os colegas de trabalho.  Fiquei muito feliz quando uma colega de trabalho disse que sua filha Leticia de 10 anos adorava minhas crônicas, e já tinha levado algumas na escola onde a professora tinha aproveitado duas para fazer dinâmica de classe.
A filha disse que queria vir ao meu trabalho e escrever uma crônica comigo e quando a mãe falou que não era possível, então ela pediu umas dicas, que eu dei com muito gosto, e tive uma ideia: escrever uma crônica para ela, a qual publiquei no Facebook dia 15 de dezembro do ano passado, vejam:

 Leticia, Prêmio Nobel de Literatura
Era noite de festa na televisão brasileira, seria uma entrevista em homenagem à grande
escritora brasileira Leticia Nascimento Costa, a primeira brasileira a conquistar o Prêmio
Nobel de Literatura.
Grandes nomes da literatura, como Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Cecilia 
Meireles não tiveram esse privilégio, mas Leticia sobrepujou todas em talento e
qualidade, e foi reconhecida mundialmente por isso.
Os holofotes iluminavam a grande estrela da noite, que com vários livros publicados,
todos best sellers, mostrava que tinha vindo para ficar como simplesmente a maior, a
top da literatura brasileira.
O publico à aplaudia de pé, e depois da apresentação e da qualificação da
homenageada, a apresentadora do evento perguntou para a homenageada à quem ela
devia aquele sucesso, e a homenageada da noite com humildade, agora num silêncio
sepulcral, afinal todos queriam ouvir suas palavras, disse que primeiro devia à Deus, e
depois à sua mãe Marília, e antes que continuasse a falar, a voz de sua mãe a acordou
dizendo que a vovó tinha feito um cuscuz maravilhoso e teriam que acelerar senão 
chegariam atrasadas no shopping center.
Então Leticia saiu daquele mundo encantado e voltou à realidade, mas estava feliz,
 estava ao lado de sua mãe, então lhe falou que mesmo que ela nunca fosse escritora,
que nunca fosse famosa, que nunca ganhasse o Prêmio Nobel de Literatura, seria
sempre feliz pela mãe que tinha, e tinha orgulho quando as pessoas falavam que ela se
parecia muito com a mãe, era xerox e xeroquinho, mas não só isso, também tinha
orgulho de ter uma mãe maravilhosa e de caráter em quem se espelhar e afirmou que
faria de tudo para orgulhá-la e merecer todo seu amor.

Muito me surpreendeu quando a Leicia me mandou uma crônica que ela escreveu de próprio punho, vejam:

O Grande Autor
José Dias Hilário, meu inspirador. Não tomo vinho, mas gosto muito de suco de uva, queijo também gosto de todos, temos algo em comum e gostamos muito de escrever.
O admiro muito mesmo não tê-lo conhecido, te imagino uma pessoa alta, divertida, amorosa, hilário todos os dias porque esse é o seu nome.
Um dia eu quero ter a oportunidade de conhecê-lo para trocarmos imaginações.
Autora-Leticia Nascimento Costa
28-12-2019

Fiquei feliz por ela ter aproveitado as dicas que dei, uma crônica com começo, meio e fim, e ela também pesquisou sobre minha pessoa, pesquisou que eu gosto de vinho e queijos, pesquisou que eu sou alto, divertido, amoroso e constatou por si própria que como meu nome, sou hilário todos os dias. Achei muito criativa e poética quando disse que um dia ela quer me conhecer para trocarmos imaginações.
Espero que um dia ela seja uma grande escritora como eu disse na minha crônica, e sua mãe não a acorde para comer o cuscuz da vovó, e quando ela for homenageada na televisão ela se lembre do meu nome, e diga que eu a ajudei a regar a sementinha que estava germinando.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Qual seria sua decisão?

A  irmã estava na igreja e percebeu que um irmão entrou meio acabrunhado, então perguntou se estava tudo bem.  O irmão disse que não estava bem não, e que sua esposa estava grávida, então a irmã perguntou se a gravidez era de risco, e ele confirmou que sim, e que sua esposa tinha ido para São Paulo tomar conta da irmã que tinha dado a luz, e acabou se engravidando do próprio cunhado.
Como esta estória vai continuar?, (essa estória é verídica, é real),  será que o marido vai perdoar a esposa e criar um filho que não é seu?, será que eles vão se separar e cada um vai cuidar de sua vida?, e o filho de 5 anos que eles já tem, ficará com quem?
Será que recorrerão ao aborto?, mas o aborto além da culpa, não apagará a traição.  E sua irmã como receberá esta situação?  Ela esta se convalescendo do parto, será que vai perdoar o marido por tê-la traído com a própria irmã?, será que perdoará a própria irmã?
Quatro cabeças, quatro sentenças, e além do mais, agora os dois casais têm filhos em quem pensar também.  Se não tivesse acontecido a gravidez, tudo estaria bem, só haveria boas lembranças e talvez um pouco de culpa dos dois, se nada tivesse acontecido não haveria problemas em que se pensar, e todos estariam felizes e talvez só houvesse o pecado do pensamento.

E Agora José? (23)

Nos caminhos das realizações espirituais não há quedas definitivas
 Tudo que aprendi até hoje nas espiritualidade só me fez bem, me realizou e me deixou mais sereno e feliz.  É um aprendizado que não tem como se arrepender e repudiar, um aprendizado que só soma, só tem ida, não tem volta.
Aprendi e sinto que Deus perdoa sempre, desde que eu reconheça o erro e me arrependa das minhas falhas.  Sei que minha transformação não pode acontecer num só dia, leva tempo para eu assimilar e pôr em prática, por outro lado estou num planeta onde tenho que conviver com pessoas boas e outras de má índole, assim tenho que estar em constante estado de defesa e proteção.
Sei também que há momentos que esqueço o que é vigiar e orar e acabo fazendo algo com que eu me arrependa e até me envergonhe.
Mas sei que nas realizações espirituais não há quedas definitivas, pois o aprendizado espiritual só caminha para frente, e numa queda basta eu reconhecer o erro, e me arrepender, que Deus perdoa, e então estou novamente no caminho das realizações, e com certeza mais forte, mais consciente e mais maduro.