É homi respondeu a parteira, e seu pai abriu um sorriso feliz, um menino era tudo que queria, apesar de já ter uns seis. Esse se chamaria Edmilsom, porque ele tinha comprado um rádio e falava que "é de mil o som", então em homenagem ao rádio escolheu o nome do filho.
Desde pequeno gostava de brincar na bacia de água na hora do banho, batia as mãos e ria, então seu pai falava que esse menino seria um peixe para nadar.
Realmente, era bom nadador e pescador também, vivia com o caniço na mão pegando piabas e traíras, e como colocava no bolso da calça os peixes fisgados, ficava com o bolso lambuzado e com cheiro forte.
Para ir no córrego montava num jegue e no caminho ia cantarolando e imaginando que quando crescesse iria parra São Paulo e compraria um carro moderno, uma rural Willys talvez.
O tempo passou e ele depois de servir o exército, foi para São Paulo e foi trabalhar numa peixaria, adorava pegar nos peixes o dia inteiro e quando ia para casa a noite fazia questão de não tomar banho, para no ônibus ninguém ficar perto por causa do mal cheiro, que para ele era perfume de paris.
Como tinha muito jeito para o negócio logo foi ser vendedor de uma grande empresa, e agora pegava na pasta e saia por ai vendendo, mas nunca deixava de olhar as câmaras e principalmente as trocas, achava o cheiro muito bom.
Um dia realizou seu grande sonho, comprar um carrão, e quando disse parra um colega e ele perguntou o nome do carro, simplesmente falou que não sabia, ia olhar no documento no carro. Era um Dodge Journey, e ele lotou com as malas e presentes do magazine Luiza e foi parra o Ceará.
Foi notícia na cidade, todo mundo falava do artista que tinha chegado de carrão, camisa com muitas costuras, um corte de cabelo artístico com brilhantina e óculos rayban, e juntou muita gente em volta, até que um colega de infância o reconheceu e falou que o conhecia, que era o Edinho, que catavam juntos marmelos e ninhos de passarinho na mata, sempre com o badogue pendurado no pescoço.
Então o Edmilsom para esnobar falou que tinha vindo com aquele carrão e que iria encher de rapadura, doce de leite, farinha de mandioca e carne seca para levar para São Paulo, e ainda sobrava espaço no carro para levar um jerimum também!
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