Os olhos se encontraram no metrô, é o que chamamos de amor a primeira vista, olhos nos olhos, minutos infindáveis, um congelamento de sentimentos e emoções.
Os dois jovens, ela cabelos longos e pretos, lisos, brilhantes, perfumados, ele cabelos com corte recente, bem penteado e uma testa inteligente.
Ela de máscara rosinha, com pequenos desenhos dos naipes do baralho, e jogava charme, ele com uma máscara com cara de palhaço, mostrava ser espirituoso, bem humorado.
Aparentemente um sorriu para o outro, digo aparentemente porque as máscaras não permitiam ver as bocas, mas os olhos brilharam, via-se que aconteceu uma mágica. Começaram a conversar, a afinidade era visível e sentida por ambos, parece que se conheciam há muito tempo. Não faltava assunto, mas o que ele queria era ver a boca dela, e se perguntava será que seria carnuda, estaria com batom, ou seriam lábios finos, delicados? Será que ela tinha dentes remontados, encavalados?, talvez fossem perfeitos e clareados. E ela pensava como seria a boca dele, dentes perfeitos e nariz bem feito? E se ela tivesse lábios leporinos?, isso não significaria nada, hoje a medicina faz correções e modificações, será que ele tinha pelos dentro do nariz, pelos saindo para fora com sinal de pouco cuidado, uma coisa era certa, precisavam ver a boca um do outro.
Mas, tinham acabado de se conhecer, seria deselegante um pedir para o outro para verem suas bocas, e se os bares e restaurantes não estivessem fechados, poderiam tomar um café, ou almoçarem juntos, mas era impossível. Ele não poderia levá-la em sua casa e nem ela levá-lo em sua casa, o que poderiam pensar seus pais?
Na verdade um ver a boca do outro não seria coisa tão importante, mas seria como se um não pudesse saber o nome do outro, como se não pudesse perguntar a idade do outro, como se não pudesse perguntar para onde estavam indo, ou de onde vinham, do que gostavam, se eram solteiros, se estudavam, se trabalhavam.
Impossível, os olhos podiam se ver, os olhos são a janela da alma, mas a boca era necessário ver, é da boca que sai as coisas que vem do coração.
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