Se da primeira vez me encantei e senti um calor no coração, agora chego com o espírito aberto para absorver novamente essa experiência, e respirar novas impressões.
No decorrer da crônica, intercalo no texto, em negrito, as estrofes de um poema de um emigrante que saiu de Lisboa, meu pai, em Novembro de 1950, com destino ao Brasil, cheio de sonhos e ilusões.
Ele saiu de sua terra natal para trabalhar e constituir família, e quando saiu, não sabia quando voltaria para ver os pais e os irmãos novamente. Antes que pudesse voltar, morreu o pai e morreu a mãe, mas a vida é assim, é a vontade de Deus.
Sexta-Feira
Novamente
chegamos a Lisboa, a cidade menina, moça e mulher, de Carlos do Carmo.
Saímos
de Guarulhos, em três casais, eu com a Irani, minha esposa, minha filha Adriana
com o marido Rafael, e os pais do Rafael, Dona Ana e Seu Dorival. Apesar de uma
pequena turbulência, não sentimos muito medo.
Assim
que chegamos em Lisboa, tomamos um cafezinho no aeroporto, e o que me chamou a
atenção foi um adesivo no cesto de lixo que dizia: “Indiferenciado”, ou seja,
que não há separação entre papel, plástico, metais e vidros. No decorrer da
crônica eu cito diversas palavras que achei interessantes, não que sejam
engraçadas, mas não são comuns no nosso uso no Brasil.
Fomos
para o local de “Levantamento de Viaturas”, e como o Rafael tinha alugado um
carro grande, e ainda não foi suficiente, tivemos que trocar por uma
“carrinha”, nome dado para as vans em Portugal. E saindo do aeroporto, vimos um
ponto de Uber, que na placa dizia: “Tomada e Largada para passageiros”.
Paramos
em um posto da estrada, onde comemos bolinhos de bacalhau, e quando pedi para a
garçonete, uma senhora , a pimenta, ela me trouxe um vidro com pimenta do
reino, então eu disse que eu queria a pimenta liquida, não em pó. Daí a pouco
ela voltou com um vidro de pimenta liquida, e disse: “pimenta é aquela que te
dei primeiro, esta não é pimenta, é Piri Piri”. Fiz questão de ler a embalagem
que dizia: “Sauce Piquante”.
Na
porta do banheiro feminino uma placa dizia: “Sanitários encerrados para
limpeza”, e dentro do banheiro masculino um cartaz dizia: “ Aflitinho para
beber um café? Pare para ver os menus a partir de € 2,95”. Já na saída do posto,
um aviso sugestivo inspira os usuários: “Colibri, pouse aqui, Eureka!, Encontre
o que necessitas, Acqua, um novo conceito de casa de banho, Wi-fi gratis, free
wi-fi”.
Chegamos
no Porto, e em Vila de Gaia, no mercado beira rio, uma placa dizia: “Fartura!”,
e como sou curioso, fui ver do que se tratava, e vi que era um tipo de churros.
Comemos Bolinhos de Bacalhau, Bifanas e Bacalhau com natas, o vinho não pode
faltar.
Depois,
degustação de vinho do porto, 5 tipos de vinho do porto. Fui também ao
supermercado e comprei queijo de cabra, queijo de ovelha e chouriço preto de
porco preto. Nos supermercados, os preços são bem mais baratos e justos, foi um
dia muito produtivo. Dormimos no Porto
Ó rapaziada do meu tempo
Eu vos vou contar
Que é tão naturalmente
A mocidade é boa de passar
Quando eu tinha dez anos
Ia na escola estudar
Não me lembrava de nada
Só fazia ela brincar
Meus pais mandavam-me na escola
Para eu aprender a ler
Ia tirar ninhos de passarinhos
Era o que eu ia fazer
Quando eu tinha dezesseis anos
Começei a namorar
Pois o tempo que eu estive na terra
Não me acanho de contar
Sábado
Levantei
cedo e fui comprar pão, um pão delicioso, e como é o consumidor que se serve,
falei para a operadora de caixa que eram 6 pães, ela não conferiu e registrou
na confiança, dizendo o preço em euros e cêntimos, estranhei porque no Brasil
usamos a palavra centavos.
Comemos
pão com queijo de cabra e de ovelha que tinha comprado no dia antes, tomamos
café e fomos para Braga na casa de um amigo do seu Dorival, uma casa típica
portuguesa num lugar tranquilo e sem barulho.
Mesa
farta, tomamos três tipos de vinho, sendo 2 vinhões, sempre na malga, e comemos
salada de folhas, bacalhau com batatas, carne, e um arroz com cenoura
delicioso. Entre as sobremesas, comi marmelada caseira com queijo fresco,
ouvindo estórias que o seu Dorival e o seu Patrício contavam, as travessuras
quando estavam estudando aos 10 anos para serem padres, as proezas do seu Patrício,
que era fissurado por eletricidade, e não colocou fogo no prédio porque Deus
não permitiu, e do seu Dorival, que levou um choque no poste do Seminário e
caiu de uma altura de 4 metros, além do curto circuito no teatro da escola na
apresentação de uma peça religiosa.
O
seu Patrício construiu um rádio artesanal e eles ouviam os jogos de futebol e
comentavam o resultado, deixando os padres curiosos para saber como eles
sabiam, sendo que lá não tinha nem rádio e nem televisão. Só quando os padres
viram as roupas penduradas no fio da antena do rádio é que descobriram o segredo.
Logo
depois, chegaram em casa os filhos e netos do seu Patrício e da dona Rosa, e a
neta contou como foi sua viagem ao Brasil para conhecer Natal, e adorou!
Voltamos
para Guimarães e fomos conhecer o castelo de D. Afonso Henriques, um castelo
medieval, do primeiro rei de Portugal, assim Guimarães é a cidade berço de
Portugal.
A
noite jantamos alheiras com massa folhada no molho de mostarda e mel.
Mas um dia eu pensei
Pois eu pensei a tempo
Eu estou muito novo
Para pensar em casamento
Ainda não tenho dezessete anos
Ainda tenho que ser militar
Ainda não sei meu caminho
As voltas que eu vou dar
Vou aproveitar minha mocidade
Mas não pensar em casamento
Vou aldravar à vontade
Agora que é o meu tempo
Eu namorei tantas moças
Que de contar não tem jeito
Depois falavam que eu era aldravão
De eu as namorar todas a eito
Domingo
Tomamos
café no hotel e fomos para Santiago de Compostela, na região da Galiza no
Noroeste da Espanha. Santiago é o suposto local do sepultamento do apóstolo
bíblico São Tiago.
Entrar
na Espanha é muito curioso, é como se fizéssemos uma viagem no tempo, mas com
todos os benefícios da vida moderna, roupas e principalmente o computador que
carregamos para fazer consultas, pesquisas, ver a hora, e fotografar.
No
ano 34 DC, Tiago estava na região e não tinha celular. A região chamada de
Gallaecia, atual Galicia, ou “finisterrae”, literalmente fim da terra. Hoje
nossa atenção se volta para palavras que são espanholas, mas estão misturadas
com português, que sabemos o significado, mas nos soam diferentes, vejam
algumas: na fila do caixa: “espere su turno”; no cabeleireiro: “Peluqueria
Hermitas”, na padaria: “pizzas al corte, bocadillos, empanados, panes,
bolleria, cosas dulces”; no hotel: “deixe unha pegada na tua alma, non na
terra”; no imóvel para alugar: “se alquila”; no restaurante: “casa de comidas”,
no restaurante: “Gafa de Oro”; numa rua: “Ruela de Paio o Eremita”; na entrada
de um estabelecimento comercial: “fala baixino”; na papelaria: “Papeleria”, na
rua: “o caminho empeza agora”; no barbeiro: “fechado por vacacions, gracias”.
Na praca: “pracina da Algalia de Arribal”, no escritório de advocacia: “A. Bermudez
Coira Abogado”, numa igreja: “Iglesia Paroquial de San Miguel”; no escritório
de arquitetura: “Mercedes Fraga” e Miguel Fernandez Arquitectos”; na campanha
de vacinação: “Arrima o ombro”, numa casa: “ Se vende”; Na padaria: “Panaderia”;
no consultório médico: “Dr.J.Suares-médico de ñinos”, no restaurante: “casa de
xantares”.
Visitamos
a plaza do Obradoiro, onde fica o marco zero de todos os caminhos de Santiago,
muitos peregrinos com suas mochilas, muitas igrejas, muitas catedrais. No
jantar, fomos num restaurante comer paella, e como já sabíamos, o atendimento
na Europa as vezes não é o ideal, na verdade como se diz é o jeitão deles
mesmo, então um garçom e uma garçonete nos trataram com rispidez, e ríamos e
comentávamos seus modos, e depois de pagarmos a conta, o Rafael viu um
reclamando para o outro de não termos dado gorjeta. Foi uma cena cômica! Típica
de crianças indolentes. Faço questão de ressaltar que tanto em Portugal como na
Itália, fomos muito bem atendidos, que quando sabiam que éramos brasileiros,
virava festa.
Um dia quiz contar as namoradas
Mas para isso jeito não tinha
Pois eu tinha tantas
Que até me esquecia
Namorei moças do Balancho
No Pereiro e na Sanguinheira
No Cabo e no Mundo Fundeiro
Não esquecendo a Maxieira
Namorei algumas das Sarnadas
E no Robalo e Freixoeirinho
Nos Pregonçalves e Granja
No Pédeserra e Palheirinhos
No Valdamua e na Capela
Freixoeiro e Gargantada
Pracana Semeira e Pracana Fundeira
Contando também a Quebrada
Segunda-Feira
Fomos
para Aveiro, a Veneza portuguesa, uma cidade com 35 quilômetros de canais com
água do mar, com barcos chamados “Moliceiros”, que eram usados para transporte
de mercadorias, hoje são usados para transporte de turistas. Aveiro produz sal
e flor de sal, um lugar agradável. Na hora do almoço, num restaurante com
vários guarda-sóis, o Rafael pediu para o garçom se poderia abrir um, e foi
negado porque o garçom disse que não tinha sol, e na verdade tinha pouco sol,
como não entendemos o raciocínio do garçom, fomos para outro restaurante, onde
fomos bem atendidos e comemos polvo com batatas ao murro e bacalhau na nata.
Depois
do almoço, fomos para Fátima, cidade religiosa onde vão peregrinos do mundo
todo. Assistimos à missa e visitamos os túmulos de Jacinta, Francisco e Lucia.
Vimos também a imagem de N.S. Aparecida, com os dizeres:” Celebração do
Tricentenário de Aparecida e do centenário de Fátima, afinal somos nações
irmãs.
Eu namorei algumas de Arganil
Vejo que não é brincadeira
Vinha Velha, Chão de Lopes
Cimo do Vale, Valdevacas Aldeia de e
Ja ia me esquecendo
Da cidade de Frei João
Em Amêndoa Carvoeiro Cardigos
Tive grande satisfação
Nisto recebi uma carta
De meu irmão que estava no Brasil
Te mando a carta de chamada
Se para aqui quizeres vir
Eu li essa carta
Fiquei tempo a pensar
Tendo muitas saudades
Da minha família deixar
Terça-Feira
Logo
cedo, após o café, fomos para Óbidos, cidade medieval onde se encontra a melhor
Ginginha de Portugal, em função do microclima. Fomos obrigados a tomar várias
ginginhas durante a visita à cidade.
Quando pedi uma coca cola de 350 ml, fiquei assustado com o preço: 5 euros, o
que equivale a 31,90 reais. As ruas são estreitas e não permitem a entrada de
carros, o estacionamento é do lado de fora das muralhas. Na porta o aviso diz:
“Proibido a entrada, excepto veículos de tracção animal, recolha de resíduos e
transporte de valores”.
Almoçamos
bacalhau a Lagareiro, leitão assado e arroz com polvo. No jantar alheiras
assadas sobre o balcão, sendo as refeições acompanhadas de vinho. Óbidos já
estava enfeitada para o natal.
Quando nasce uma criança
Nasce também seu destino
Não adianta fazer atalhos
Tem que seguir o seu caminho
Dos meus documentos
Comecei arrumar
Logo no fim de seis meses
Recebi a ordem para embarcar
Despedi de todos
Não sei a sorte que vou ter
De-me vossas bençãos meus pais
Não sei quando vos tornarei a ver
No dia 20 de Novembro de 1950
No navio Serpa Pinto embarquei
Poucos minutos depois
Terra de Portugal não mais avistei
Quarta-Feira
Tomamos
café no hotel e fomos para Lisboa, fomos bater fotos na Praça do Comércio e no
Arco do Triunfo, na rua Augusta. Tentei novamente fazer uma foto na mesma pose
que meu pai fez em 1950, depois fomos num restaurante, onde comemos bacalhau, polvo
e sardinha na brasa e batata com carne.
Depois
fomos para o aeroporto, na sala vip da Tap, e embarcamos para Roma. No voo,
comemos polvo com batatas e pintada com legumes. Eu pedi polvo com batatas e a
Irani pediu pintada com legumes, e ela me perguntou o que era pintada, e eu
falei que achava que era algum tipo de peixe semelhante ao pintado brasileiro,
mas ela depois de comer falou que achou estranho o sabor, parecia frango, mas o
couro era grosso, então perguntamos para a Adriana o que era, e ela perguntou
para a aeromoça, e vocês não imaginam nossa frustração. Ela que não come
frango, ter comido e eu, porque me orgulhava de conhecer todos os nomes da
galinha de angola, que são: galinha de angola, cocá, guiné, saqué e capote,
agora conhecia um novo nome: pintada!
Chegamos
no hotel bem tarde e fomos dormir.
Quando vinha no mar largo
Peixes e passarinhos avistei
Mas sempre com saudades
Da nossa terra que eu deixei
No dia 7 de dezembro de 1950
No Brasil foi minha chegada
Vamos beber a cerveja
Festejando a nossa atravessada
Beberamos a cerveja
Até falar mais não
Agora meus amigos vamos trabalhar
Vamos honrar a nossa nação
Em companhia deles
Eu fiquei a trabalhar
No fim de vinte meses
Eu fui me separar
Quinta-feira
Levantamos
cedo e fomos fazer o tour no ônibus vermelho, conhecendo os pontos turísticos
importantes de Roma. Me assombrou a quantidade de prédios históricos, e
constatei, como me tinham falado, que Roma é um museu a céu aberto, e tanto as
pizzas e massas são diferentes do Brasil.
Como estávamos na Europa, tínhamos a intenção de tomarmos os vinhos "nacionais", mas os mais em conta, os preços variavam de 12 a 15 euros, e nós como conhecíamos o jeitinho brasileiro, entramos em um Carrefour e compramos um vinho de 5 euros, o mesmo que bebíamos nos restaurantes. Só que não contávamos com a adversidade, faltava um saca-rolhas. Mas o Rafael voltou no Carrefour e pediu uma saca-rolhas emprestado, foi ótimo, a garrafa estava aberta, mas surgiu outro problema, a rolha não queira mais entrar na garrafa. Então o Rafael entrou novamente no Carrefour e pediu uma faca emprestada para afinar a rolha, eles não tinham faca e emprestaram uma tesoura, não deu certo, a rolha ficava torta na garrafa, então o seu Dorival entrou no Carrefour e comprou uma rolha moderna, com internet , gps e para-raio, não lhe perguntei o preço da rolha, mas suspeito que custou mais caro que o vinho, resumindo: ganhei uma rolha chique!
Eu fui me estabelecer
Com inteligência a trabalhar
Passando tantos sacrifícios
Para o dinheiro aumentar
Eu estive vinte e nove meses
Meus empregados eram minha companhia
A noite fechava as portas
De tão cansado não comia
Depois de quinze dias
Um passeio eu fui dar
Algumas casas de portugueses
Eu fui visitar
Na casa de um portugues
Uma filha dele avistei
Mas por eu não a conhecer
Com ela eu não falei
Sexta-feira
Saímos
do hotel depois do café com destino ao que mais me despertava curiosidade, o
Colosso, o Coliseu! Eu já estava surpreso com a cidade propriamente dita, mas o
Coliseu me deixou de boca aberta, chamado de Colosso, mas Colosso é pouco! Não
consigo imaginar que um gigante daquele tamanho, construído sem tecnologia, sem
eletricidade, sem guindastes, sem motores à combustão, sem engenheiros formados
em universidades, e sem computadores, tenha sido concluído em oito anos, e
comparei com a linha do metro Linha 6 LARANJA, que passa na Av. Sumaré, sendo
construída com toda tecnologia atual, maquinários modernos de perfuração, uso
de concreto armado, conhecimentos de engenharia moderna, sendo uma obra que
nunca poderá ser chamada de Colosso, e não ficará pronta em 6 anos, e digo
mais, se os engenheiros que constroem o metro hoje fossem construir um Coliseu,
quantos anos demorariam?
Roma
tem obras artísticas gigantescas, o senado, o palácio do Tibério César,
realmente nunca imaginei conhecer o Coliseu, que depois da queda do império
romano, dos terremotos que sofreu, do abandono que sofreu, da invasão de
pessoas que passaram a morar la dentro, ainda é simplesmente deslumbrante.
Fomos
também conhecer as catacumbas romanas na via Ápia, com 20 metros de
profundidade e 10 quilômetros de extensão. Também tentamos conhecer o Pantheon,
e não conseguimos pelo excesso de pessoas em filas gigantescas. Comemos uma
pizza quase em frente à Embaixada Brasileira e fomos para o hotel.
Cheguei em minha casa
Uma carta lhe escrevi
Lhe consagrei tanto amor
Desde o momento que a vi
No fim de poucos dias
A resposta me foi dando
Aceitando o meu amor
Que eu lhe estava ofertando
No fim de poucos dias
Voltei a casa dos portugueses
Fui falar com o pai dela
Deixando meu casamento com firmeza
No fim de poucos dias
Marquei o dia do casamento
Já sou rapaz maduro
Já não vou mais perder tempo
Sábado
Levantamos
cedo e fomos para a agência encontrar a guia que nos acompanharia no Vaticano,
e com a guia evitamos várias filas la dentro. A segurança no Vaticano é
impressionante, no menor país do mundo, com menos de 1.000 habitantes, a
riqueza em obras de arte é inimaginável! são salões e salões com objetos de
arte e antiguidades valiosíssimas. Num dos salões, alguns quadros me chamaram a
atenção, uma tapeçaria de Jesus, que conforme você anda, os olhos Dele te
acompanham, e na Capela Sistina, algumas cenas da bíblia tem um cachorro que
foi eternizado por ser do pintor, isto mostra que um pintor fazendo uma obra
sacra, demonstra seu senso de humor pintando seu próprio cachorro em várias
cenas.
Na
Basílica de São Pedro, um quadro mostra uma mulher pisando sobre o globo
terrestre, e em seu dedão do pé um prego pisa sobre a Inglaterra, que era a
pedra no sapato da igreja católica.
Mas
a mais impressionante foi a estátua esculpida por Michelângelo, a Pietá, que
mostra a mãe de Jesus com Ele morto no colo. Maria está com um rosto jovem,
como Michelângelo viu a própria mãe que perdeu quando ainda era criança, e
Jesus com o corpo muito pequeno em proporção ao corpo de Maria, representando
como a mãe vê o próprio filho, como uma criança.
A
noite fomos num restaurante com música ao vivo, a comida foi muito boa, mas os
músicos eram muitos fracos comparando com a criatividade e simpatia dos músicos
brasileiros.
Em
Roma, cidade turística, como no Vaticano, tudo tem seu preço, e é um preço
caro, conservam uma etapa da vida do homem, suas conquistas, seu poder,
primeiro do império romano e depois do poder da igreja católica, conservam para
mostrar na vitrine, não somente pelo amor à arte, à cultura ou à história, e
sim também por amor ao dinheiro.
Fomos
para o hotel dormir e nos prepararmos para o dia seguinte: Veneza!
Esta é uma estória
Mas uma estória que é verdade
Já não quero mais namorar
Entrego para a mocidade
Primavera tem lindas flores
São lindas mas não são iguais
Primavera vai e volta
A mocidade não volta mais.
Domingo
Tomamos
café e fomos para a estação de trem, tudo muito confuso, quase todas as
empresas estavam em greve, sorte que a nossa não estava. Pegamos um trem
futurista que andou a 250 km por hora e fomos para Veneza. As estações no
caminho são: Roma, Florença, Bolonha, Pádua e Veneza.
Chegamos
em Veneza, uma visão maluca, onde o trem andava e se via água do mar dos dois
lados, descemos na estação e pegamos o Vaporeto para irmos até próximo do
hotel.
Deixamos
as malas no hotel e fomos passear na cidade. Veneza tem 250 mil habitantes, nas
ruas estreitas não tem carros, nem motos, nem bicicletas, só se anda a pé, e se
quiser ir num lugar mais distante, tem que pegar um táxi barco.
É
fantasioso ver ao vivo aquilo que já tinha visto em filmes, parece irreal.
Comemos a verdadeira pizza napoletana e tomamos vinho, a temperatura era de 5
graus, muito frio, e vida noturna agitada mesmo no inverno, depois fomos dormir
e se preparar para o dia seguinte.
Segunda-Feira
Depois
do café da manhã, fomos andar pelas vielas da cidade, muitas lojinhas com
lembranças, num lugar que sempre foi um grande centro comercial. Fomos a praça
de São Marcos, com uma linda catedral e subimos na torre do campanário, com
98,6 metros de altura, com uma visão fantástica de toda ilha e a gente volta no
tempo, parece que estamos no passado, pois do alto não se vê as vielas, somente
as casas, linda visão! Quando subimos, o Rafael ficou num restaurante embaixo
tomando uma coca cola de 330 ml garrafa de vidro e pagou a bagatela de 12
euros, que na nossa moeda seria 76,56 reais. Almoçamos espaguete com frutos do
mar e calamares com batata frita. Mais tarde, voltamos para Roma, não de trem,
primeiro um watertaxi, uma lancha até o aeroporto de Veneza, e depois de avião
até Roma.
Terça Feira
Levantamos
de madrugada e fomos para o aeroporto com destino a Portugal. Embarcamos antes
do meio dia e começamos a volta para casa. Foi servido o almoço, massa com
frango, sobremesa e vinho. Foram fechadas as janelas e começamos uma maratona
de filmes, eu não estava com vontade de ler. Chegamos em Guarulhos às 20h, e
uma hora depois estava no Uber com destino à minha casa.
Chegando
em casa lembrei de uma frase na parede do hotel de Santiago de Compostela:
“DEIXE UNHA PEGADA NA TUA ALMA, NON NA TERRA”, ou seja em nossa caminhada na
terra, devemos deixar marcas na alma, não no chão.