O vendedor de suco entrou no escritório todo sorridente, logo foi dizendo que tinha comprado uma chácara grande, com muitas árvores, e com córrego no fundo, e eu curioso comecei a fazer perguntas, onde era, qual o tamanho, o preço, e se tinha mais a venda nessas condições, porque eu com filhas adolescentes queria comprar uma chácara num lugar mais quente para fazer piscina e também de tamanho maior onde eu pudesse ter duas éguas para passear.
Ele todo prestativo me deu as informações e me passou o telefone do corretor, que de imediato liguei, perguntei se ele tinha mais unidades igual do meu amigo vendedor, e com sua afirmativa, combinei de no próximo fim de semana ir conhecer o loteamento.
Chegando à cidade fui na imobiliária e fomos ver as chácaras, então o corretor perguntou se eu queria chácara com vista bonita, e eu lógico falei que sim, e a primeira que ele me mostrou realmente tinha uma vista linda, mas o que eu fazia questão mesmo era de árvores e um córrego, então fomos descendo a estradinha e depois dele me mostrar mais duas que não me agradaram, me levou na última, que fiquei encantado inclusive pelo brejo que tinha, mas teríamos que negociar o preço, e antes de irmos para a imobiliária ele apontou a chácara do lado e disse que aquela era a do meu amigo. Fiquei feliz, ia ser vizinho de chácara do meu amigo!
Construí uma pequena casa na chácara, e logo em seguida meu amigo construiu também, então era constante conversarmos na cerca que dividia as propriedades, ou então visitarmos um ao outro.
Como tínhamos filhas adolescente, elas gostavam de ouvir som com volume alto, o que na chácara não incomodava por causa da distância das casas, mas ouvia-se, e com a repetição de um sucesso da atualidade, me chamou a atenção, o que comentei com um colega de trabalho, e ele muito espirituoso me pediu o telefone do vizinho amigo.
Ligou na hora se passando por outro vizinho dos fundos, falou com voz acaipirada: -Eduardo, bom dia, eu sou o Quim, seu vizinho dos fundos, sei que as vezes minhas vacas entram na sua propriedade, e eu peço desculpas, mas vou reclamar da música que tocou o domingo todo, repetiu mil vezes, e me incomodou, quase que eu peguei minha espingarda e fui na sua porteira.
O Eduardo respondeu: Na minha casa toco o que quiser, quantas vezes quiser, e quero ver alguém vir na minha porteira com espingarda, que eu vou responder na mesma altura!
O Quim falou:- vou mesmo e fique sabendo que vou dar um tiro na sua vitrola!
Nervoso o Eduardo desligou o telefone, não sei se sabia quem estava falando na verdade, e se sabia que era uma brincadeira.
Vejam bem, para fazer esta brincadeira meu colega de trabalho usou um telefone público que temos na sala de espera do escritório, de uso dos vendedores e promotores, e como o vendedor de suco salvou o número deste telefone, logo de imediato ligou para ver de onde tinha vindo a ligação.
E quando o telefone tocou, meu colega correu atender, e reconhecendo a voz do vendedor de suco, atendeu com a voz acaipirada:-Cemitério Municipal de Bofete boa tarde!
O vendedor de suco boquiaberto falou:-Cemitério Municipal de Bofete? Quem fala?
Então meu colega respondeu:-Aqui é o Quim, quando não estou cuidando das vacas eu cuido do cemitério!
O vendedor de suco desligou o telefone.
Quando foi vender suco novamente, o vendedor de suco olhou para nossas caras e a ficha caiu!, e disse:- eu sabia que era brincadeira, mas não imaginava quem era!
E assim, todos rimos da brincadeira e firmamos nossa amizade ainda mais.
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