terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Solidão

Entrei num Uber quando o locutor do rádio comentava o caso do policial que jogou um homem da ponte dentro de um córrego.

-Esse mundo esta louco mesmo, o policial que devia proteger o cidadão, ou prender se fosse necessário, joga o infeliz no córrego, comentei.

-Verdade, o mundo esta louco mesmo, o senhor deve ter visto que meu conceito na Uber é muito bom, né?

-Na verdade não vi não, não costumo ver esses detalhes.

-Pois é, eu já fazia 2 anos que não recebia reclamação nenhuma do meu serviço, quando ontem recebi, e quis saber os detalhes para corrigir e não repetir. A Uber mostrou a reclamação da moça para mim. Ela reclamou dizendo que o carro estava limpo, e eu a atendi com muita educação, mas o carro tinha um barulhinho tic tac, que a incomodou muito, e a levou a fazer a reclamação.

-E o seu carro tinha um barulhinho mesmo?

-Não! Meu carro é novo, não tem nada batendo, eu quebrei a cabeça tentando descobrir o que era esse barulhinho.

-E descobriu?

-Sim, depois de muito tempo, liguei a seta e começei ouvir um tic tac tic tac tic tac!

-Não acredito! Essa moça nunca tinha andado de carro? Ela não sabia o que era o barulhinho?

-Pelo jeito não, ou então estava muito solitária e desprezada, e sentiu necessidade de dar um sinal de vida reclamando sem saber do que!

-Mas será que isso pode acontecer?

-Pode! Um dia eu andava de metrô e o senhor sabe né, quando as pessoas mexem no celular, acabamos por ver, e até ler o que elas escrevem, principalmente quando o metrô esta cheio, que a proximidade dos passageiros é maior.

-Verdade!

-Então, uma senhora dos seus 50 anos, faço questão de falar a idade, porque fiquei curioso quando ela abriu a agenda de contatos, e vi escrito: “AMOR ATUAL”. Fiquei pensativo, porque atual? Não consegui ver se junto tinha outro contato “AMOR ANTIGO”, mas fiquei encucado com aquilo.

-Sera que não seria para provocar algum namorado? Ou será que tudo era tão passageiro que ela precisava lembrar qual era o atual?

-Acho que não, cheguei a conclusão que era o mesmo caso da passageira que peguei no Uber, ela era muito solitária e desprezada, e sentiu necessidade de escrever o contato no celular, para ler e curtir que estava sendo amada por alguém.

 

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