sábado, 16 de dezembro de 2023

Olhar indiscreto ou liberdade explicita?

A moça falava ao telefone que tinha visto duas senhoras tentando atravessar a avenida, uma de óculos escuros e bengala com dificuldade de visão, e a outra com o olhar parado, totalmente cega.

Percebendo a dificuldade delas a moça foi oferecer ajuda, então a cega disse que queria atravessar a avenida, mas antes teria que ir ao banheiro, não aguentava mais segurar o xixi, então a moça sugeriu que fossem ao supermercado próximo, e a cega disse que não aguentaria esperar, então a moça mostrou um muro e disse que não tinha ninguém perto e ela poderia aproveitar a ocasião, mas a cega disse que assim não conseguiria.

Foram ao supermercado, e lá no banheiro a cega perguntou se ali dentro do banheiro só estavam elas três, e a moça confirmou, e disse que não precisava se constranger pois ela era enfermeira e já estava habituada a situações assim, então a cega perguntou em que hospital a moça trabalhava, e ela disse que no momento estava desligada do hospital, no que a cega perguntou se ela não poderia trabalhar em home care, e assim a moça foi contratada.

No momento que a ligação foi terminada, uma senhora atravessava a rua e quando chegou a outra calcada, tropeçou e caiu de barriga no chão, e rapidamente se levantou, limpou a roupa e foi embora, em seguida outra senhora entrando no supermercado, talvez estivesse pensando no autoexame das mamas, e foi apalpando os seios tentando sentir algum sinal, não se sabe se sentiu ou não, e no mesmo instante outra senhora de vestido preto de tecido leve talvez tenha sentido necessidade de levantar a calcinha, que estava com elástico flácido e estava caindo, e sem cerimônias usou as duas mãos e levantou a calcinha levando junto parte do vestido.

Tudo isso são humanices, tudo isso é muito normal no ser humano, e nesse mundo maluco de guerras e muitas informações, esquecemos que não estamos sós e as vezes não processamos nossos próprios atos, e para quem vê esta sendo indiscreto, ou quem faz esta sendo explicito?


terça-feira, 3 de outubro de 2023

Alexandra

 Ela é miudinha, pequenininha, e gosta quando falam que os melhores perfumes vem nos menores frascos, mas fica preocupada quando zoam com ela dizendo que os piores venenos também vem nos menores frascos.

É muito querida pelos colegas de trabalho, porque sempre esta de bom humor e tem um espírito de luz que não leva nada pelo mal, por mais espetadas que leve sempre sorri, e não dá o troco para ninguém.

Podem colocar o apelido que quiserem, mas um que combina com sua personalidade é "Formiga Atômica", por ser muito elétrica e bastante espoleta.

Por ser tão pequena, um dia foi limpar o cesto de lixo e perdendo o equilíbrio caiu dentro, e foi um sufoco para sair porque ficou batendo as pernas para fora, com a tampa do cesto nas costas, e também acredito que suas roupas devem ser compradas na Petistil ou na lojinha da Barbie, estilo Barbie sapeca!

Quando tira o uniforme e se prepara para ir embora, dizem que coloca os dedinhos na tomada para dar um frizz nos cabelos, e sai puxando as roupas tentando tampar todo o corpo, só que é muito difícil porque falta pano.

Como trabalha na seção onde vende azeitonas, sempre é aconselhada não engolir uma azeitona principalmente a tipo gordal, senão vai estufar a barriga e vão pensar que esta grávida.

Alexandra, não fique triste quando zoam com você, só se zoa com quem temos confiança e estimamos.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Pensando em pão de queijo

 "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar", frase de William Shakespeare que ficou imortalizada.

No balcão da padaria pedi uma baguete e quatro pães de queijo para dona Carmem, que me perguntou se estava frio, e eu disse que no aplicativo do celular dizia que era 13 graus a temperatura, e a sensação era de 14 graus, então falei que sabia que a temperatura era medida pelo termômetro, mas a sensação de temperatura eu não sabia como era medida, então dona Carmem disse que isso nem Freud explicava.

Sai da padaria comendo pão de queijo, imaginando que Shakespeare era inglês  e não teve o prazer de conhecer o pão de queijo, e Freud era austríaco, e ficava pensando tanto, que quando fosse procurar o pão de queijo, já teria acabado.

Já dona Carmem se orgulhava de ter o nome da ópera de Georges Bizet, que conta a história da sedutora Carmen, que afasta Don José de sua noiva Micaela, dando início a uma confusa e trágica trama de amor.

Mas o que é importante é que eu estou comendo o pão de queijo e vou tomar um cafezinho, Uai, e tem trem melhor que isso?

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Rone Cley Autobiografia

Me perguntaram quem me deu esse nome, e porque? , se era nome de algum artista ou algo assim, e eu respondi que meu pai Rosevaldo morava em Floresta Azul, e andando numa cidade vizinha viu uma mulher chamar uma criança por esse nome, e como achou bonito, chegou em casa e falou para minha mãe Valdeci, que também gostou, então fui batizado com esse nome de artista, e eles não sabiam, mas Deus também participou me dando uma voz de locutor, pelo menos é o que dizem.

Os colegas de trabalho brincam comigo porque entro no trabalho com o guarda chuva na mão, mesmo o tempo estando firme, falam que eu poderia deixá-lo no vestiário, mas me sinto mais seguro com ele à mão sempre, aliás, ele é meu amigo e se chama Jill, sim com dois éles.

Nos anos 70 o banco Nacional fez uma campanha que usava o guarda chuva, e prometia que quem investisse no banco teria lucro garantido, então o banco passou a usar o guarda chuva como símbolo do próprio banco, e guarda chuva significava proteção.

Don Lockwood, ator de Hollywood, ficou imortalizado no filme "Cantando na Chuva", e ele cantava e dançava mesmo com o guarda chuva fechado, mas não largou o guarda chuva, se tivesse largado, o filme não faria sucesso porque seria simplesmente a estória de um homem tomando chuva porque não era precavido.

Mas alguns colegas não perdoam, falam que não largo o guarda chuva porque não quero estragar a chapinha, mas deixa para lá, sou um verdadeiro cavalheiro e estou até pensando em comprar uma cartola.

Não estou nem ai, Moisés atravessou o deserto com um cajado na mão, e eu atravesso a rua com um guarda chuva, e quando estiver chovendo bastante, torço para que alguma garota me peça carona e venha se apoiar no meu braço.

domingo, 9 de julho de 2023

O galo que botava ovo

Seu Tonho vivia da venda de ovos e verduras na cidade, e só tinha a ajuda da esposa dona Cida, porque o filho Gabriel não tinha muito interesse no trabalho dos pais, vivia só na televisão e cuidando dos peixinhos do aquário.

Seu Tonho depois de colocar uma galinha para chocar, contou 21 dias e como os pintinhos não bicavam o ovo, ele os colocou contra a luz para ver a formação interna do ovo, e se surpreendeu que estava claro, não tinha nenhum pintinho ali em nenhum dos ovos, então comentou com dona Cida que o galo não tinha galado os ovos, com certeza estava velho demais ou tinha ficado estéril.

A solução era mandar ele para panela, e iria procurar o seu Sebastião para ver se tinha algum galo bom. O seu Sebastião disse que tinha sim, um galo grande, bem caipira, jovem e cantador, e trocou com o seu Tonho por um carrinho de mão velho.

A princípio seu Tonho colocou o galo novo num viveiro a parte, para evitar briga entre os machos, e só soltaria ele no galinheiro depois do seu aniversário, porque tinha ideia aproveitar para cozinhar o galo velho.

No dia seguinte seu Tonho foi colocar água e milho para o galo novo, e se surpreendeu de encontrar um ovo perdido no viveiro, mas para ele um ovo a mais era um lucro a mais no dia seguinte na cidade.

Nem comentou com dona Cida, apesar de ter ficado intrigado porque aquele viveiro fazia algum tempo que não era usado, mas encucou mesmo quando no outro dia foi colocar água e milho, e encontrou outro ovo.

Dia após dia sempre tinha um ovo no viveiro, e o seu Tonho estava ficando louco, porque sabia que galo não botava ovo, e depois de falar para dona Cida, foi comentar com o seu Sebastião, que foi categórico em falar que o galo ficava solto com outras aves em seu sítio, mas ele sabia que galo não bota ovo.

Seu Tonho começou a viajar nos sonhos, e imaginou que se aquele galo botasse ovo mesmo, ele poderia ganhar muito dinheiro  dos curiosos, ou ainda leva-lo na faculdade para ser estudado, e poderia vendê-lo por um bom preço, mas ele queria certeza absoluta que o galo estava botando mesmo, e então ficou vigiando o galinheiro, sempre ficava por perto.

Naquele dia ainda não tinha aparecido ovo, então o seu Tonho ficou no paiol ao lado espiando pela brecha das tábuas, para ver o flagrante do galo botar ovo.

Qual foi sua surpresa, quando viu seu filho Gabriel se esgueirando dentro do galinheiro escuro, com um ovo na mão, e foi colocar dentro do viveiro, ficou muito revoltado, não entendeu o que estava acontecendo, e se sentiu humilhado por ser enganado pelo próprio filho, e não sabia com que intenção.

Seu Tonho foi falar com dona Cida, e ela triste falou que coração de mãe não se engana, e que achava que o Gabriel estava tentando dizer que em casa tinha um galo que botava ovo, e seu Tonho falou arrasado que o filho tinha que ter conversado com ele, que pai é para isso, orientar, esclarecer, e apoiar, e que o galo não precisava esperar 17 anos para golfar o ovo.


quinta-feira, 8 de junho de 2023

É cada apelido!

Conta-se que o menino Édson gostava muito de jogar bola, e quando ficava no gol, agarrava a bola e gritava: -Boa Bilé, que era o nome de um goleiro da época, seu ídolo, mas como sua dicção estava em formação, quem ouvia entendia Pelé, e como o menino era muito bom, começaram a chama-lo de Pelé, apelido que o irritava, mas com o tempo acabou adotando.

O apelido é uma forma de chamar uma pessoa informalmente, usando sua característica boa ou ruim, e se a pessoa não gostar do apelido, deve ignorar e simplesmente não ouvir, porque se achar ruim e ficar bravo, o apelido fica para sempre.

Tem uma piada que fala de um rapaz que tinha por apelido Limonada, e ele odiava, então quando passava na rua, outros rapazes para provocar, um falou Água, o outro falou Limão e o terceiro falou Açúcar, então o Limonada se virou e falou:  - Se misturar vai ter porrada!

Conheço uma pessoa que provavelmente é descendente de holandeses, daqueles que vieram no Brasil colônia, ele é muito claro, loiro, e como se diz sarará mesmo, e quando bebe uma bebidinha fica vermelho, então o apelidaram de cu de pavão, e não sei se o orifício excretor do pavão é vermelho mesmo, mas fica o dito pelo não dito.

Um funcionário da loja em dia de chuva saia com sua mala 007 quando, um clarão no céu anunciou um raio caindo, e ele mais que depressa se jogou no chão para se proteger, e não deu outra, alguém viu e o apelidou de mala cheia.

O brasileiro é muito criativo e gozador, e quando o guardinha do estacionamento anda com a prancheta para anotar as placas dos carros, para facilitar amarrou um barbante na caneta para não perdê-la, mas distraidamente pegou o hábito de girar a caneta com o dedo indicador, e usando o barbante como se fosse uma hélice, então foi instantâneo, foi apelidado de Santos Dumont.

Uma cliente crica apelidava todos na loja, cada qual com sua característica, e eu comentando com o gerente, fui desfilando os nomes e os apelidos, então ele falou que pelo jeito ele também tinha um apelido, e eu falei que sim, mas não queria contar, e ele insistiu tanto que tive que falar, e por ele ter feito várias pontes de safena e estar meio caidinho, ela o apelidou de Morto Vivo!



 
 

sábado, 13 de maio de 2023

Alexandre, o grande

 Calvo, 53 anos, óculos de lentes grossas, olhos vivos, atentos, espirituoso, longos anos trabalhando em um banco, assim foi moldado a ser educado e atencioso com os clientes.

Agora num supermercado, é reconhecido constantemente por clientes que o viam no banco e comprimentam-no com alegria e bom humor.

Aborda os clientes na porta do supermercado, oferece um carrinho ou uma cestinha, pede para guardarem seus pacotes no guarda-volumes, vaporiza álcool nas mãos dos clientes sempre brincando e sendo agradável.

Odeia os ladrões que passam na rua, principalmente perto do metrô, roubando celulares e bolsas de transeuntes, dizendo brincando para quem esta a seu lado, que gostaria de ter uma arma na mão, um revólver, uma espingarda, uma metralhadora, uma bazuca, e por último um canhão, e sabemos que é tudo balela, não consegue matar nem uma mosca.

Aproveita sempre as ofertas das cervejas, não tem preferência por marcas, diz que seu cachorro bebe qualquer uma, o importante é o preço, seu cachorro é muito econômico.

Adora plantas, sempre traz ou leva mudas, que planta onde pode, e para servir os ladrões, diz que tem que ser plantas com  muitos espinhos, de preferência cactos mortíferos.

A mendiga que pede esmolas perto da loja disse que queria saber o seu nome, porque acha ele um gato, e acho que é por isso que ele finge que vai dar um safanão em alguém, recua, e diz que seu ombro esta caído, e na semana que vem vai no veterinário.

Todos o estimam pelo seu bom astral, e andando na loja faz seu trabalho com verdadeiros olhos de águia, e quando olha pela janela do elevador para verificar se está tudo bem, uma cliente curiosa chega perto esticando o pescoço e pergunta:- O quem tem ai? e ele muito sério responde com honestidade:- O elevador!

terça-feira, 4 de abril de 2023

Benedito Policarpo

Nossa estória começa em Março de 1951, e como era o ano 51, seu Jovino e dona Aparecida tiveram uma boa ideia, e nove meses depois nasceu um lindo rebento que recebeu o nome Benedito Policarpo.O rebento era muito bonito, e quem falou foi a dona Aparecida, e vocês sabem né, que mãe não mente. 

Ele era a alegria dos pais, e foi crescendo e era muito engraçadinho, vivia pedindo bananinha e paçoquinha, e falava dando ênfase aos "enes". 

Depois vamos encontrá-lo aos 70 anos trabalhando numa boa empresa da mesma idade dele, onde sua função é separar e classificar mercadorias sem condições de venda.

Mas não chamem-no de tiozinho ou velhinho, pelo contrario, é um tigrão de 70 anos com corpinho de 40, barriga tanquinho e corte de cabelo igual do Bart Simpson. Também é atleta, faz trekking na av. Sumaré e levanta peso no fundo do refeitório.

Dizem alguns que ele foi para Buenos Aires fazer um curso de churrasco para poder fazer festa para os amigos, e é muito querido por todos que o chamam de Benê ou simplesmente Bê.

Quando queimou o ventilador de sua sala que é muito quente e abafada, reclamou, e foi colocado um ventilador gigante, que quando ele liga no máximo tem que usar cinto de segurança para não voar.

É pau para toda obra, faz serviços de carpinteiro e conserta carrinhos de supermercado, além lógico de ser padrinho da nossa mascote Luna, e tem a maior virtude que um ser humano pode ter, é humilde, simples, e de bom astral, e nunca foi visto de cara feia.

Ultimamente anda alimentando os pássaros que vem no estacionamento, e perguntado se gostava dos sabiás, periquitos e rolinhas, disse que adorava, e seu maior sonho seria voar como eles, mas logo, logo, seu sonho seria realizado.

Como todos olharam espantados para ele, ele explicou que estava fazendo um curso de voo em paraglider em Boituva, e logo seria diplomado e estaria voando, mas não iria comer alpiste e girassol não, iria comer paçoquinha e bananinha.


quinta-feira, 9 de março de 2023

Eu só queria entender

 Tenho duas características que não classifico como defeitos, uma é a gula e a outra a curiosidade, sendo que a gula sou obrigado a administrar por causa da saúde, mas a curiosidade, vou atrás tentando entender, constantemente recorro ao Google, mas nem sempre entendo.

Todos os dias passo em uma padaria sofisticada de Perdizes para comprar uma baguetinha deliciosa que gosto de comer com queijo, azeitonas ou até azeite e vinagre, e um pão de queijo único, com gosto de queijo, não com aroma artificial como todos os outros inclusive de empresas idôneas.

Os pães de queijo, eu depois de passar álcool nas mãos, já vou comendo a caminho do trabalho, e a baguetinha costumo comer sentado acompanhada de suco de laranja.

Mas, outro dia ao entrar na padaria sofisticada, vi uma placa na parede do lado externo que me deixou curioso, ela dizia:"PROIBIDO POR OS PÉS NA PAREDE".

Então fiquei matutando para quem era direcionado aquele aviso, e com certeza não seria para o manobrista da padaria, porque senão com certeza ele teria sido orientado pessoalmente.

Como no local não é ponto de ônibus, com certeza não é para o público em geral, inclusive nunca reparei ali pessoas encostadas na parede.  Não é normal nós humanos tirarmos os pés do chão, a não ser em situações como a minha, que sento em um local e coloco os pés acima do corpo, sobre uma almofada, para ficar com os pés mais altos e distribuir o sangue no corpo antes de colocar as meias compressivas para varizes.

Divagando, também imaginei o Pernalonga, personagem de desenho animado, andando tranquilamente e naturalmente na parede desafiando as leis da gravidade, como acontece nos desenhos animados.

Mas depois de pensar muito, matutar muito, cheguei a uma conclusão: para matar a curiosidade seria perguntar sobre o aviso para o manobrista que esta sempre na porta, e quando perguntei para ele para quem se destinava o aviso, ele foi contundente em dizer que o aviso era para todo mundo, pois bastava alguém, qualquer pessoa, ficar na calçada que colocava os pés na parede, mas lógico, um pé de cada vez.

Coisas do ser humano né? soluções muito óbvias, ´para resolver situações não muito óbvias.