Era comum o carteiro entregar correspondência trocada, a nossa ele entregava no prédio ao lado e a do prédio ao lado ele entregava em nossa loja, então quando a correspondência que eu esperava não chegou, não tive dúvidas, fui perguntar no prédio ao lado se estava lá.
Até ai tudo bem, mas o que me chamou atenção foi a forma que o porteiro me respondeu, disse que "à princípio" não tinha chegado.
Fiquei pensando......., por que "à princípio"?, teria chegado ou não teria chegado?, ou haveria outra possibilidade?
Quando levamos nossa filha para estudar em Franca, cidade a 400 km. de distância de São Paulo, ficamos muito preocupados, ela nunca tinha ficado longe da gente, e o risco de acontecer algo nos fez pedir auxílio ao porteiro do prédio, o seu Benê, uma pessoa muito boa que tinha o hábito de falar constantemente as palavras "em suma".
Contou-nos que a cidade de Franca, cidade dos calçados, tinha muitos curtumes que jogavam as águas no córrego que atravessava a cidade, atraindo muitas baratas, e consequentemente seus predadores naturais, os escorpiões, sendo necessário tomar muito cuidado porque eles, os escorpiões, subiam no prédio chegando até o décimo andar onde minha filha iria morar, então ele disse: "em suma" todo cuidado é pouco.
"À princípio" e "em suma" seriam palavras que os porteiros usavam para valorizar suas linguagens?, não sei!.
É normal as pessoas usarem palavras de efeito, e quando você ouve alguém falar "O lôco", já sabe que é o Faustão, quando fala "glu-glu ie-ie" é o Sergio Malandro, e quando fala "quem é você? é o Tiririca.
"À princípio" sei que os porteiros sabem de tudo, conhecem todos do prédio, sabem da vida de todos, torçamos para que sejam discretos, e por outro lado são nossos protetores, nossos cães de guarda, "em suma", no natal não se esqueça da caixinha deles!.
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