domingo, 26 de junho de 2022

O Rei

 Eu falava brincando que queria assistir um show do Roberto Carlos ao vivo antes que ele morresse, e em 2013 assisti o seu show no Ginásio do Ibirapuera, e o que me impressionou foi que o público cantava com ele todas as músicas, então eu disse sério, que ele não poderia morrer sem antes assistir o meu show.

Não consigo lembrar nenhuma música do Roberto Carlos que seja uma obra-prima para a literatura brasileira, mas o que impressiona é a quantidade de sucessos que faz há 59 anos gravando, sendo que muitas músicas marcaram nossa juventude e nos traz recordações gostosas de toda nossa vida, e pelo volume de vendagem de discos se tornou o maior cantor da América Latina, o Rei.

Passou por grandes provações na vida, aos 6 anos de idade sofreu uma fratura na perna num  acidente na linha férrea perdendo parte da perna abaixo do joelho, depois perdeu uma ex-esposa, uma enteada, uma terceira esposa e um filho todos de câncer.

Agora, novamente tive o privilégio de assistir um show do Rei num lugar paradisíaco, e ele aos 81 anos de idade, entrou no palco ligeiramente claudicante, e cantou, cantou e cantou. Como ele mesmo disse, não é muito de falar, então canta.

Durante o desenrolar do show nota-se o seu cansaço físico, tendo que cantar algumas músicas sentado, mas a voz clara e perfeita mostra que ainda é o Rei.

Em imagens do telão percebe-se o olho direito quase fechado, talvez em consequência do excesso de luz, mas o carisma é muito intenso, e qualquer gesto seu é motivo de suspiros das fãs muito atentas, e ouvi uma fã exclamar que amava muito mais o Roberto Carlos do que o Fernandinho, coitado do seu marido, rsrsrsrs!

Pode-se pensar porque o Rei continua fazendo shows nesta idade sem ter necessidade, mas basta olhar para os que dependem dele, os músicos, toda equipe de produção e principalmente seus súditos que querem respirar cada momento da sua apresentação.

O Rei também sabe que só para de trabalhar quem quer morrer, e ele não quer morrer, nunca morrerá, e tem mais, temos que fazer o que gostamos até o fim da vida, e o Rei que na infância sonhou ser arquiteto, caminhoneiro, aviador e médico, optou pela música para deleitar e encantar toda uma geração de fãs.

Vícios de linguagem

Era comum o carteiro entregar correspondência trocada, a nossa ele entregava no prédio ao lado e a do prédio ao lado ele entregava em nossa loja, então quando a correspondência que eu esperava não chegou, não tive dúvidas, fui perguntar no prédio ao lado se estava lá.
 Até ai tudo bem, mas o que me chamou atenção foi a forma que o porteiro me respondeu, disse que "à princípio" não tinha chegado. Fiquei pensando......., por que "à princípio"?, teria chegado ou não teria chegado?, ou haveria outra possibilidade?
Quando levamos nossa filha para estudar em Franca, cidade  a 400 km. de distância de São Paulo, ficamos muito preocupados, ela nunca tinha ficado longe da gente, e o risco de acontecer algo nos fez pedir auxílio ao porteiro do prédio, o seu Benê, uma pessoa muito boa que tinha o hábito de falar constantemente as palavras "em suma".
 Contou-nos que a cidade de Franca, cidade dos calçados, tinha muitos curtumes que jogavam as águas no córrego que atravessava a cidade, atraindo muitas baratas, e consequentemente seus predadores naturais, os escorpiões, sendo necessário tomar muito cuidado porque eles, os escorpiões, subiam no prédio chegando até o décimo andar onde minha filha iria morar, então ele disse: "em suma" todo cuidado é pouco.
"À princípio" e "em suma" seriam palavras que os porteiros usavam para valorizar suas linguagens?, não sei!.
É normal as pessoas usarem palavras de efeito, e quando você ouve alguém falar "O lôco", já sabe que é o Faustão, quando fala "glu-glu ie-ie" é o Sergio Malandro, e quando fala "quem é você? é o Tiririca.
"À princípio" sei que os porteiros sabem de tudo, conhecem todos do prédio, sabem da vida de todos, torçamos para que sejam discretos, e por outro lado são nossos protetores, nossos cães de guarda, "em suma", no natal não se esqueça da caixinha deles!.