segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Correio Elegante

Quando nossos pais eram jovens, existia um negocio que se chamava "correio elegante", não era um aplicativo não, naquela época nem celular existia. Normalmente em festas da igreja, os jovens se reuniam e participavam de brincadeiras, e o correio elegante consistia do rapaz  mandar um bilhete para a garota, que era entregue por alguém encarregado, era a chance de se comunicarem e se conhecerem.
Também se utilizavam do alto-falante da quermesse, então o locutor anunciava que tal música foi oferecida por um rapaz de vermelho, para uma garota de blusa amarela, imagina, todo mundo ficava ouriçado procurando os apaixonados.
Sem falar do "footing", que traduzindo significa "andar à pé", onde as garotas se vestiam com a roupa mais bonita e ficavam dando volta na praça, e dando voltas no sentido contrário ficavam os rapazes, as vezes demorava muito tempo para o primeiro sorriso e o primeiro bate papo.
Os tempos modernos não aceitam essa ingenuidade, hoje tudo tem que ser muito rápido, e os celulares com seus aplicativos auxiliam bastante.
No Facebook temos acesso a fotos e pelo Messenger podemos conversar com facilidade, e essa facilidade levou uma garota a receber uma mensagem de um rapaz elogiando-a e dizendo que ela era muito bonita, perguntou de onde ela era, e ela disse que era de São Paulo. Ele mais que depressa disse que era do Rio de Janeiro e perguntou se podia mandar uma foto.
Ela disse que sim, e pensou logo que se viesse algo indesejado ou pornográfico, bloquearia o rapaz, e quando a foto chegou ela observou que como diz o povo nordestino, ele era muito desabonitado.
Ele se justificou dizendo que era mais bonito, mas ultimamente estava meio caído e por isso estava com má aparência, e ela perguntou o porque dele estar caído.  Ele foi sincero em dizer que estava prêso, cumprindo pena por tráfico de drogas.
Nesse ponto o aplicativo funciona melhor que o método da época dos nossos pais, é rápido em bloquear, deletar e esquecer, e o melhor, contar para os amigos e rir.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Masterchef, palavra da moda.

Ela se orgulhava de ser excelente cozinheira, falava que sua feijoada era única, a bacalhoada não tinha para ninguém, mas o seu forte mesmo era paella.
Nenhum restaurante de São Paulo fazia uma paella igual a sua, para ser mais precisa, a que chegava mais perto era a do Dom Curro, um restaurante especialista em comidas espanholas.
Foram tantas as propagandas que os amigos a intimaram a fazer uma paella onde se reuniriam e tirariam a prova.
No dia combinado quando chegaram à sua casa, a paella já estava pronta, o cheiro era irresistível e a aparência muito boa.
Todos sentaram e provaram a iguaria, e os elogios pipocavam na mesa. Realmente ela sabia fazer esse prato maravilhoso, e entre os comentários alguém disse que era igualzinha a do Dom Curro, senão melhor.
Estava tirada a prova, agora surgiam novos desafios, mas ela deixou claro que só faria outro prato depois que todos também mostrassem seus dotes, e a gente sabe né, que todo mundo sabe fazer algo especial.
No dia seguinte o lixeiro recolhia o lixo na rua, e era acostumado a identificar e analisar as pessoas pelo lixo que jogavam, e foi categórico ao afirmar que naquela casa tinham muito bom gosto, além das garrafas vazias de vinho verde, as embalagens para viagem do Dom Curro se destacavam.
Para a cozinheira não teria problemas se alguém descobrisse sua fraude, ela pensou e pensou e resolveu, que se alguém a desmascarasse ela faria igual as artistas da televisão quando lhes perguntam se seus seios são seus mesmo, elas respondem que são sim, afinal foram pagos por elas mesmo.

O Sermão do Morro

Como seria o Sermão do Monte nos dias de hoje?

Adaptação feita do texto de Humberto de Campos (espirito),  psicografado por Chico Xavier 

O Sermão do Morro

Depois que a televisão e as redes sociais começaram a falar da Boa-Nova, todos os enfermos e derrotados de Corazim, Magdala, Betsaida, Dalmanuta e outras cidades importantes do lago, enchiam as ruas de Cafarnaum em grupos ansiosos.
Os seguidores de Jesus eram muito procurados por estarem em contato constantes com o mestre; Filipe era abordado por doentes, Pedro tinha a casa cercada por pessoas desalentadas e tristes.
Outro grupo de infelizes, num transito infernal, entre buzinas e aceleradas, procuravam Levi em sua rica casa pedindo detalhes sobre o Evangelho do reino para que pudessem também colaborar, e Levi, um intelectual em sua  casa, descartou a ajuda dizendo que Lisandro era aleijado, Áquila foi abandonado pela própria família por serias acusações e Pafos não conseguiria edificar nada com suas aflições.
Somente assim eles cabisbaixos reconheceram suas penosas deficiências, mas as palavras de Jesus diziam que seu amor viera buscar todos que se encontrassem com tristeza e angustia no coração. Quando a van encostou em frente a casa de Levi, os visitantes, Jesus e André, desceram e se puseram em acalorada palestra com o coletor, mostrando detalhes no notebook, quando ingenuamente o coletor comentou o acontecido à alguns instantes.
Jesus, carinhosamente disse que precisamos amar e aceitar a preciosa colaboração dos vencidos do mundo, e se o Evangelho é a Boa-Nova, como há de ser a mensagem divina para eles, tristes e deserdados na imensa família humana?
Os vencedores, donos de fortunas, mansões, iates, jatinhos, não precisam de boas noticias, mas os derrotados ouvem mais alto a voz de Deus.  Os vencedores só tem uma preocupação no mundo, defender o fruto de sua vitória material.
Levi envergonhado se desculpou dizendo que só queria apressar a supremacia do Evangelho entre os que governam o mundo, e Jesus disse que quem governa o mundo é Deus,  e o amor não age com inquietação.
Jesus também mandou imaginar que se os poderosos viessem desejosos em aceitar o Evangelho, se oferecendo para cooperar com nosso esforço, certamente trariam muitos soldados, carros de triunfo, espadas e prisioneiros.
Começariam protestando contra nossas pregações pelas estradas, e por não estarem desarmados das vaidades das vitorias, edificariam suntuosos templos de concreto e com certeza disputariam a ferro e fogo o estabelecimento do reino de Deus, exterminando uns aos outros em seus pontos de vista.
A pretexto de lutarem em nome do Céu, espalhariam incêndios e devastações em toda terra, e seria justo trabalharmos por cumprir a vontade do nosso Pai, aniquilando nossos irmãos?
Jesus continuou dizendo que era imprescindível atentarmos para as almas brandas e humildes dos vencidos, e elas seriam a terra fecundada pelo adubo das lágrimas e das esperanças mais ardentes, onde as sementes do Evangelho desabrochariam para a luz da vida.
André e Levi escutavam de olhos úmidos as palavras de Jesus e chegando Tiago, João e Pedro, tomaram a van e partiram para o morro próximo.
Entre centenas de carros velhos, ônibus e motocicletas estacionados, vendedores de cachorro quente, pipoca e pastel, as pessoas aguardavam Jesus, velhinhos trêmulos, motoboys, lavradores simples e generosos, mulheres do povo com seus filhinhos, cegos, crianças doentes, leprosos e aleijados.
A voz de Jesus caia como um bálsamo eterno sobre os corações desditosos:
-Bem-aventurados os pobres e os aflitos!
-Bem-aventurados os sedentos de justiça e misericórdia!
-Bem-aventurados os pacíficos e os simples de coração!
Falou muito do reino de Deus, e suas promessas pareciam dirigidas ao incomensurável futuro humano, Levi sentiu e compreendeu os que abandonam as ilusões do mundo para se elevarem à Deus, e observou as filas dos humildes que fotografavam e tiravam selfies com o celular, e se retiravam tomados de imenso conforto, e os amigos que o visitaram à tarde desciam o morro abraçados com uma expressão de grande ventura.
No dia seguinte Levi abriu as portas a todos os convivas do dia anterior, e quando Jesus partiu o pão, Levi abraçou o aleijado Lisandro com sinceridade de sua alma fiel, e Jesus disse que o seu coração rejubilava com ele, porque são bem-aventurados todos que ouvem e compreendem a palavra de Deus!