No começo Deus criou os céus e a terra. A terra era um vazio sem nenhum ser vivente, e estava coberta por um mar profundo. A escuridão cobria o mar, e o espírito de Deus se movia por cima da agua. Então Deus disse: -Que haja luz!, e a luz começou a existir, então Deus criou as plantas, as arvores, as estrelas, os peixes, as aves, os animais, e por fim Deus criou o homem à sua imagem.
No sétimo dia Deus acabou de fazer todas as coisas e descansou de todo trabalho que havia feito, então Deus foi ligar o radio e percebeu que tinha esquecido de criar a música.
Deus já estava acostumado as superproduções, e em sua cabeça imaginava fazer uma coisa fantástica, uma coisa que fosse de entendimento e compreensão universal, que fosse um elo de comunicação entre todos os homens, de todas as línguas. O homem saberia cantar a música e fabricar instrumentos que a reproduzisse, ele também aprenderia a escrever a musica, a letra e a melodia, e a música acompanharia o homem em toda sua vida.
Quando fosse um bebê, seria embalado pelo "nana nenê que a cuca vem pegar", quando fosse criança faria as cantigas de roda, quando adolescente cantaria seu amor através da musica, na idade madura descansaria ouvindo uma música serena, e na morte a rigidez da música fúnebre o levaria à sepultura.
Mas não podia parar por ai, a natureza também tinha que desfrutar da música, os pássaros e aves também teriam de cantar, o vento deveria cantar nas rochas e árvores, e o mar faria sua música usando as marés, ora com um doce murmúrio, ora explodindo nas pedras da encosta; a própria chuva também deveria cantar nos telhados e intercalar ribombos de trovão entre uma pancada e outra, e no fim apareceria um arco-íris para identificar a clave na partitura musical.
E mais, Deus resolveu que o silêncio também seria musica.
Quando terminou, Deus pensou:-Nossa, já fiz o homem à minha imagem, será que o homem vai perceber que a música é minha voz?
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