Assistindo ao Jornal Nacional vi um caso de um homem que levando sua mãe à agencia bancária para fazer prova de vida, para fins previdenciários, tropeçou na calçada e batendo a cabeça na guia morreu no mesmo instante. Ironicamente tentando provar a vida de sua mãe, não conseguiu preservar a sua própria vida.
Fui dormir com isso na cabeça, e em sonho me preocupei em fazer minha própria prova de vida, sendo que num ano que esqueci de fazer deixei de receber o benefício, e só fui receber depois de regularizar a situação junto a previdência.
Levantei cedo e com isso na cabeça peguei o celular e vi a chegada de um e-mail da prefeitura, e logo percebi que era uma brincadeira que fazíamos nos tempos da juventude, alguém me mandou este e-mail se passando pela prefeitura e dizendo que eu tinha passado da idade que não mais traria vantagens à sociedade e aos amigos, só acarretando prejuízo as entidades assistenciais e desagrado aos que me rodeiam, portanto eu deveria comparecer ao crematório municipal diante do forno número 5 para que fosse incinerado.
Tudo estava muito funesto nas últimas horas, só se falava em morte, Deus me livre!
Antes de entrar na agência bancária, passei na banca de jornal para comprar uma revista de palavras cruzadas, e o jornaleiro que não conheço exclamou:- Tudo bem? quem é vivo sempre aparece!
Olhei assustado para aquele homem que não conhecia e o achei muito parecido com um colega de trabalho que tinha morrido há uns dez anos, chamado Alfredo, acho que até dilatei os olhos assustado, e fiquei mudo sem responder até que chegou uma cliente e pediu a revista Caras, exclamando que só pagaria a conta na semana que vem e perguntou se estava tudo bem frisando o nome de "seu Alfredo".
Muito estranho tudo isso, lembrei de um filme que assisti quando rapaz que um personagem descia de avião numa ilha e reconheceu diversas pessoas que já tinha morrido, o que o levou a concluir que ele estava morto também.
Entrei na agência bancária e fui pedir informações a um funcionário que manipulava o caixa eletrônico, disse bom dia sendo que ele simplesmente não respondeu me ignorando totalmente, esperei até que ele terminasse seu trabalho e virasse para sair quando ele se assustou com minha presença mostrando que só tinha me percebido aquela hora. Muito estranho, resolvi não perguntar nada, fui no caixa e realizei a prova de vida e sai da agência.
Atravessando a rua um motorista incauto fez a curva cantando os pneus me assustando e gritando:-cuidado tio! quer morrer?, e eu ignorei mas minha vontade era dizer para ele que eu não queria morrer, mas pelo jeito ele queria era me matar.
Andando pela calçada cruzei com um rapaz que distribuía panfletos que eu imaginava ser de algum empreendimento imobiliário, peguei um na mão somente para ajuda-lo em seu serviço e me assustei com o conteúdo que era de vendas de túmulos e jazigos.
Praguejei com a quantidade de coincidências infelizes e um senhor que andava perto veio puxar conversa sobre os panfletos, então contei para ele tudo que tinha ocorrido desde o Jornal Nacional, e ele me disse para não me preocupar, porque infelizmente pessoas tropeçam todos os dias e as vezes com consequências graves, sonhar com um problema também é normal porque ficamos remoendo os problemas durante o sono, sobre o e-mail da prefeitura é normal nós humanos fazermos brincadeiras para nos divertir, quanto ao senhor Alfredo posso dizer que o conheço há anos e ele sempre teve a mesma cara, já foi mais agradável verdade, o rapaz do banco é o Flávio, que faz parte dos contratados com deficiência, ele é surdo, por isso não te ouviu, motoristas incautos tem em todas as ruas de São Paulo, às vezes alcoolizados ou drogados, e finalmente com relação ao rapaz dos panfletos, entenda que é o trabalho dele, igual a todos que vendem produtos, e hoje te afirmo que não ligo mais para essas coisas, mas quando eu era vivo também tinha muita rejeição!