domingo, 26 de abril de 2020

Pare o mundo que eu quero descer

A lei e a consciência nos obrigam a dar segurança para nossos clientes, e nesses tempos de Corona Vírus onde falta trabalho e dinheiro, aumentou em muito a quantidade de pedintes na porta da loja.
O fato de pedirem alimentos para nossos clientes não nos incomoda, mas a forma como fazem realmente é preocupante.   São jovens pobres e mal vestidos que rodeiam o cliente na entrada da loja, todos ao mesmo tempo, amedrontando-os e intimidando-os, e estes com  medo de assalto se obrigam a ajuda-los.
Não bastasse isso, usam de uma tática para conseguirem dinheiro, pedem chinelos ou fraldas descartáveis para seus irmãozinhos, objetos de um valor alto que são fáceis de vender por um quarto do próprio valor para compra de drogas provavelmente.
Para inibir isto, quando vejo, normalmente abordo o cliente e lhe explico o que está acontecendo, e hoje numa sequência abordei duas clientes.  A primeira, pessoa fina, entendeu e me perguntou como faria agora, porque entendi seu medo de ao sair não levar o chinelo pedido, e então sugeri que quando saísse falasse para o pivete que seu dinheiro não tinha dado e que até tinha deixado de levar alguma mercadoria que precisava, então ela teve uma melhor ideia, disse que iria comprar um pacote de biscoitos e falar para o jovem que seu dinheiro não tinha sido suficiente para o chinelo, e assim fez.
A segunda cliente, também distinta e bem vestida, disse que o pivete estava com as mãos machucadas e calejadas de puxar carrinho nas ruas, e que ela daria o chinelo sim, e se ele vendesse e comprasse drogas, paciência, afinal ela também gostava de uma cerveja, e dai?.   Como me calei e passei a só ouvir, ela me pediu desculpas e disse que iria comprar os chinelos sim.  Fiquei observando de longe e vi que ela não passou os chinelos no caixa, e depois quando saiu deu um pão de forma para o pivete e justificou não sei como, não dava para ouvir o que ela falou.
Em sequencia, uma terceira cliente, jovem artista, intelectual, culta, me abordou e veio comentar que os pivetes estavam pedindo chinelos, então lhe expliquei a tática deles e comentei o que a cliente anterior tinha falado sobre as drogas e a cerveja, o que ela de imediato disse concordar porque o pivete nasceu pobre e tinha uma vida de bosta, então era melhor fugir nas drogas mesmo.  Fiquei estupefato e não tive coragem de ver se ela comprou os chinelos ou não.
Verdade, livre arbítrio, cada um faz o que quer, por outro lado pensei será que eu estava julgando meus semelhantes? (as clientes).  É difícil viver em sociedade sem ter uma escala de valores, ou será que estou trocando ideias com as pessoas erradas?
Não! Estou trocando ideias com pessoas que não escolhi para trocar ideias, então que eu aprenda:  tenho que aprender a medir as palavras!

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Coronavirus

Seria esta a terceira guerra mundial? O inimigo é microscópico, não pode ser visto a olho nú. Se o inimigo fosse um estadista ou uma aliança de estadistas, poderíamos classificá-los de megalomaníacos. Poderíamos como Freud justificar suas atrocidades por problemas de educação, de família, e lógico culpar as senhoras suas mães.
Esse inimigo usa como porta para entrar no corpo humano nossa boca, nossos olhos e o nosso nariz, e a chave da porta são nossas mãos ou os perdigotos de quem fala muito perto ou de um espirro.
Então nossa defesa é evitar o contato físico e a higiene constante com água e sabão e o velho álcool. O álcool, herói da nossa infância, quando aprendemos que o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva quando deparou com os índios Goyazes que usavam adornos feitos de ouro, colocou álcool em uma bacia e pôs fogo, e os índios com medo pensando que ele queimava água, deixaram-no entrar na região e ainda mostraram as minas de ouro chamando-o de "Anhanguera", que significa "espírito maligno".
Hoje Anhanguera não seria nosso herói, seria um mau caráter que se apropriou dos bens dos donos da terra.  Agora usamos o álcool como uma arma para aplacar nosso inimigo kamikaze que faz um ataque suicida e depois com o passar do tempo acaba morrendo junto.
Mas sabemos que tudo passa, aliás esse era o mantra usado por Chico Xavier, e tudo passa mesmo, a Peste de Atenas passou, a Peste Negra passou, a Praga de Londres passou, a Primeira Guerra passou, a Segunda Guerra passou, e o Holocausto passou.
E sabemos que o Corona Vírus também passará, e nossa compreensão não sabe explicar como Deus permite todas essas desgraças que varrem a humanidade, mas uma coisa por experiência sabemos, que depois dessa fase triste que passa o planeta, experimentaremos um grande desenvolvimento material e espiritual.