O vendaval no dia anterior prenunciava uma experiência diferente, e a insegurança e a expectativa me deixavam ansioso. Nos reunimos no centro espírita para participarmos da caravana de evangelização.
Para alguns dos participantes aquilo já era uma rotina e para outros como eu seria a primeira vez. O passe foi o primeiro passo para oficializar o evento, e logo após veio a leitura do evangelho e o pedido de proteção da espiritualidade para obtermos o intento.
O pessoal foi dividido em alguns carros e partimos para o local, onde famílias nos aguardavam com muito carinho. A primeira casa ficava no fundo de um terreno com muito declive, que para se chegar lá tem-se que descer uma escada estreita e sinuosa em alvenaria e para contrariar o que nos foi informado, era uma casa bem pequena, porem acomodou todos os participantes mesmo que eu não pudesse movimentar os braços. Era uma família feliz, uma mãe e seu filho, um rapaz autista, onde se percebia o amor que existia ali, o rapaz adotado desde bebê já com traços de ser especial, abraçava a mãe constantemente e a beijava. A mãe sorridente comentava amenidades, e o rapaz apesar da dificuldade ainda leu um pequeno trecho do evangelho, via-se que era alfabetizado e segundo a mãe, tinha capacidade de calcular que dia da semana cairia um dia qualquer que fosse informado.
Próximo do local, no mesmo bairro, visitamos a segunda casa, e na cama uma senhora de 91 anos nos aguardava com um copo de agua na cabeceira para ser fluidificado. Com o terço nas mãos e a mente muito vívida conversou com todos, acompanhou o evangelho no lar e identificou as pessoas novas no grupo, agradeceu nossa visita e disse que aguardava a próxima.
A terceira casa ficava bem ao lado e uma professora de inglês e sua mãe de 89 anos nos aguardavam. Talvez fossem os mais espiritualizados dos visitados, acompanharam e agradeceram o evangelho no lar, ficando já marcada a próxima visita. Meus olhos de diabético não deixaram de ver sobre o armário da cozinha um grande vidro cheio de forminhas, e como suspeitei eram para fazer doces, afinal pão de mel era a especialidade da mãe da professora.
Na quarta e última casa que não ficava muito longe no mesmo bairro, fomos recebidos com um pouco de rispidez até que a senhora identificasse os visitantes, e como no local o marido trabalhava consertando um pneu, ela foi convidada a fazer o evangelho em frente a casa próxima.
Depois de reclamar muito da vida e do desgosto que passava pelas dificuldades da filha com o genro sem emprego, nos falou que quando o genro disse que tinha conseguido um emprego, ela logo anteviu que tinha boi na linha, ou seja, o seu negativismo e falta de fé parece que atraíram uma situação que o genro perdeu o emprego mesmo antes de ter conseguido.
Foi orientada pelo dirigente do grupo à orar, ter fé e não querer carregar sozinha o mundo nas costas, ela que já tinha enfrentado tanta coisa na vida e também tinha uma coisa muito boa, o seu netinho.
Voltamos para o centro espírita, e depois de outro passe foi dada por encerrada aquela caravana, já tendo sido programada a próxima, e fomos lembrados por outro dirigente que o que fizemos aquele dia foi o mais próximo que Cristo fez: levar uma palavra de amor para quem estivesse precisando.
E para mim pessoalmente, ficava a satisfação de ter esse amor e poder dar sem prejuízos, e pelo contrario, tornando meu coração mais rico e mais feliz.