segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O Tamarindeiro

Em visita à parentes no estado do Piaui,  fomos recebidos calorosamente por toda família, e depois dos cumprimentos,  abraços,  risadas,  fomos convidados para ir ficar em baixo de uma arvore muito grande e frondosa,  um tamarindeiro.
Me chamou a atenção o fato de minha esposa correr e abraçar o tronco da arvore,  em seguida suas tias e minha sogra também abraçaram e percebi que ficaram com os olhos mareados de lagrimas.
Não tinha entendido o porque,  quando elas começaram explicar alternadamente passagens de suas vidas que tinham tido como testemunha aquela bela arvore. Quando minha esposa disse que suas tias quando pequenas tinham brincado de casinha la embaixo,  minha sogra disse que ela também tinha brincado,  então perguntei se a arvore era muito antiga e a resposta da minha sogra de 81 anos foi que conhecia a arvore daquele jeito desde que se conhecia por gente.
Assim achei normal quando disseram que crianças de varias gerações tinham brincado em sua sombra,  e era comum varrer o chão e sentar em roda para bater papo,  em momentos de alegria e também momentos de tristeza.
Ali muitos sonhos aconteceram,  sonhos de infância,  de adolescência,  pequenos namoricos e grandes romances,  ali era ponto de referencia, era um lugar querido por todos.
Minha sogra disse que aquela arvore era como se fosse uma parente,  sangue do seu sangue,  tamanho era seu amor por ela,  e não compreendia o porque,  até ter visto uma reportagem numa revista  onde a prefeita de São Paulo, Luiza Erundina,  abraçava uma arvore no parque do Ibirapuera.
Ela se identificou com o gesto da prefeita e começou a pesquisar o que significava aquele gesto que ela mesmo sempre fazia por amor, só amor.   Descobriu que segundo espiritualistas,  os humanos em sua evolução tinham sido minerais,  depois vegetais,  depois animais e por fim hominais, e assim a arvore era nossa irmã na evolução,  neste mundo cheio de mistérios
Descobriu que ao abraçarmos uma arvore,  primeiro devemos escolher uma que com que a gente se afine,  e para que haja troca de energias devemos colocar todo corpo em contato com o tronco, testa, tórax e ventre principalmente.   Devemos colocar os pés na terra e sentiremos como os pés afundassem e criassem raízes,  devemos ouvir os sons da natureza, o canto do pássaros,  o vento nas folhas,  e sentiremos um fluxo de energia correndo por todo nosso corpo.
Nossa energia ruim que são a raiva e o ódio,  serão aterrados e receberemos amor,  carinho,  paciência,  resignação,  compaixão que são características dos elementos naturais.
Assim minha sogra pode entender o amor natural que sentia pelo tamarindeiro e concluiu que Deus faz tudo pelos seus filhos,  ,mas nós em nossa falta de conhecimento  não conseguimos enxergar,  e que devemos respeitar não só nossos semelhantes,  mas toda criação de Deus.
E  quem tiver bons olhos pode ver que Deus consegue mostrar toda sua doçura até com o fruto azedinho do tamarindeiro.